Maior empresa de Figueiró dos Vinhos fecha, 92 no desemprego

A maior empresa empregadora do concelho de Figueiró dos Vinhos, a Crialme Donna, vai fechar, levando para o desemprego 92 funcionários, segundo o sócio-gerente da unidade de confecção, António Alves.
"A empresa já não está a laborar. Algumas funcionárias acabaram há cerca de uma semana as últimas encomendas", afirma António Alves, justificando a decisão com a crise, mas sobretudo com a concorrência de mercados como a China, Marrocos, Índia e Paquistão, países com mão-de-obra mais barata e para onde se deslocam os pedidos de encomendas.
Segundo o empresário a unidade de produção de roupa clássica para mulheres "está a ter prejuízos enormes" desde que a adquiriu há seis anos, correndo o risco de pôr em causa outra fábrica, a Crialme, de Paredes, distrito do Porto, com mais de 500 funcionários, onde fez questão de frisar que "não existem problemas".
"É uma situação que lamento, mas não há volta a dar. A empresa não é rentável", acrescenta, sublinhando que, além de não haver muitas encomendas, as que existiam "só davam prejuízo".
António Alves garante que os pagamentos aos trabalhadores, a esmagadora maioria mulheres, estão em ordem, "não se registando nenhum atraso", adiantando que quinta-feira está prevista uma reunião em Figueiró dos Vinhos para acordar o valor das indemnizações.
Em Março a empresa de produção de roupa clássica para senhora, que dava trabalho a 155 mulheres, anunciou a entrada em lay off. Quatro meses depois, em Julho, a Crialme Donna iniciou a dispensa de metade das trabalhadoras.
O presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Rui Silva, afirma que o encerramento da unidade fabril "é francamente mau para toda a região". Rui Silva adianta que terça-feira recebeu nos Paços do Concelho funcionários da Crialme Donna, aos quais transmitiu todo o apoio do gabinete jurídico da autarquia "no sentido de serem acautelados os seus direitos". O autarca esclarece que o município vai dar prioridade, no âmbito dos programas ocupacionais para pessoas desempregadas, aos funcionários da Crialme Donna que tenham no respectivo agregado familiar outra pessoa sem trabalho. Por outro lado anuncia que vai promover, no pólo de formação do concelho, em actividade há meio ano, a requalificação dos trabalhadores para que no futuro possam vir a desempenhar outras tarefas.
O presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos afirma ainda que vai ser estabelecido contacto com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) para encontrar um novo investidor ou um novo investimento para a unidade de produção que vai encerrar. "Estou convencido de que em meados do próximo ano, quando a crise passar, há-de haver uma solução".
Oje.pt - 14.10.09