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15/10/2009

Portugal será dos últimos países na zona euro a crescer

A economia nacional deverá ser das últimas na zona euro a recuperar da crise, consideram as três principais agências de 'rating', baseando a previsão no fraco potencial de crescimento, na subida do desemprego e na falta de competitividade da economia portuguesa.

Um ano depois do Parlamento aprovar a lei que estabeleceu 20 mil milhões de euros em garantias estatais à banca (a 16 de Outubro), que marcou a resposta inicial do Executivo à degradação dos indicadores macroeconómicos, a Fitch, a Moodys e a Standard & Poors descreveram à agência Lusa os principais desafios do Executivo e traçaram um quadro sombrio sobre a recuperação da economia nacional.

Para a Moodys, na próxima legislatura os maiores obstáculos ao crescimento da economia serão "a fraca competitividade e o seu impacto no potencial de crescimento do país", agravada pela "persistente falta de vontade política para levar a cabo reformas dirigidas a este problema".

Estas dificuldades, diz a Fitch, farão com que Portugal seja "um dos últimos países a recuperar, pelo menos na Europa ocidental".

A Fitch Ratings sublinha o peso do desemprego e afirma que, apesar de construtivas para a economia, as iniciativas de formação para os trabalhadores "impõem um grande peso nas já complicadas finanças públicas".

"Portugal ainda tem o mercado [de trabalho] altamente regulado, com leis laborais restritivas, uma força de trabalho relativamente pouco qualificada e um sistema judicial ineficiente", apontou à Lusa o director associado da Fitch Ratings, Douglas Renwick. Esta é uma das razões, aliás, para projectar uma recuperação "ligeiramente mais lenta do que a da média da zona euro e um regresso às baixas taxas de crescimento da última década (um a dois por cento) de 2011 para a frente".

A Standard & Poor's, por outro lado, considera que o próximo Governo terá no baixo potencial de crescimento da economia, no fraco desempenho do investimento e no grande défice da balança corrente os principais condicionalismo à recuperação económica. O Governo, está limitado pelo "mau estado das finanças públicas", a braços com um "grande défice orçamental e uma dívida pública muito grande".

As projecções da Standard & Poor's apontam para uma contracção de quatro por cento do Produto este ano e de 1,2 por cento em 2010 "devido ao fraco potencial de crescimento da economia" e projecta um défice das contas públicas de 7 por cento este ano e de 6,8 no próximo, melhorando gradualmente até aos 4,4 por cento em 2012.

Apesar do panorama sombrio, o INE divulgou, em Setembro, que a economia cresceu 0,3 por cento no segundo trimestre de 2009, recuperando da queda de 4 por cento de Janeiro a Março, e os economistas da Católica estimaram, esta semana, que a economia tenha acelerado 0,4 por cento no terceiro trimestre deste ano.

D.N. - 15.10.09

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