Mais de 50 trabalhadores, acompanhados por familiares e amigos, concentraram-se ontem em frente à Saint-Gobain Glass Portugal, em Santa Iria de Azóia (Loures), numa vigília de protesto contra a dispensa de funcionários.
Em causa está a decisão da Saint-Gobain, única empresa portuguesa que produz e exporta vidro plano, de dispensar 85 trabalhadores, depois de já ter rescindido com 35. A empresa, que está parada desde Maio em regime de lay-off, pretende manter apenas 40 dos 125 postos de trabalho e continua sem data para o reinício da laboração.
Segundo Rui Braga, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, no mesmo dia em que era publicado em Diário da República um acordo entre a multinacional e o Estado, a empresa anunciava o lay-off, contrariando aquilo que estava estabelecido. Ou seja, a fábrica não avançou para o alargamento da capacidade do forno, como estava previsto, não o tendo sequer reactivado como estava.
Num comunicado emitido esta semana, a antiga Covina justifica a paragem do forno com uma "contínua e longa queda nos mercados de vidro de vidro de construção e automóvel em Espanha e Portugal". A empresa indica um plano de reestruturação, que prevê a "racionalização de 50 postos de trabalho", podendo alguns integrar outros serviços do grupo fora de Portugal.
Segundo Rui Braga, esta solução não satisfaz os trabalhadores, que têm a sua vida estabelecida em Portugal. É o caso de José Carlos Gouveia, 39 anos, que trabalha há quase 20 anos para a empresa, embora só esteja no quadro há seis. Para o funcionário, propor aos funcionários que vão trabalhar para Espanha é uma forma de os encorajar a dizer que não.
"Os espanhóis estão com uma taxa de desemprego de 20 %, o que é que vamos nós para lá fazer? Isso é bom é para as pessoas nos cargos mais altos", diz José Carlos Gouveia.
Para Rui Braga, por trás da manutenção do forno da empresa desactivado pode estar "a velha ambição" da multinacional de acabar com a produção em Portugal, transformando a unidade de Santa Iria de Azóia num simples entreposto do vidro produzido em Espanha.
"Neste momento, já se fala em só retomar a produção no período entre 2012 e 2014. Nós não acreditamos nisto. O que queremos é que sejam assegurados estes postos de trabalho e que a produção de vidro não acabe em Portugal", diz o sindicalista.
J.N. - 17.10.09
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