À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

10/04/2009

«Críticas de dentro» à ciência económica

Francisco Silva

Podia embarcar em escrever um texto sobre a questão dos chamados bónus desproporcionados - ou mesmo de todo descabidos para quem falhou os objectivos - que têm continuado a ser atribuídos a gestores de alta posição, sobretudo na área da finança/seguros, um pouco por todo o mundo «desenvolvido», ou dito como tal, incluindo, claro, em Portugal. E quem diz bónus diz esquemas de pensões milionários para gestores, inclusive em força logo que demitidos, afastados, antes do final dos seus mandatos. Mais a mais quando tais pacotes vão sendo atribuídos já numa fase em que a crise se cava brutalmente, neste primeiro semestre de 2009, por empresas intervencionadas/nacionalizadas pelos respectivos estados.
Pois bem, podia embarcar no tema, mesmo estando o autor destas linhas convencido não ser muito dado às tais «invejas sociais» que o PM referiu recentemente. Mas não embarco, pelo menos aqui, e basicamente por duas ordens de razões. A primeira, porque tratando-se de um bom exemplo em termos morais de comparação com as misérias salariais da grande maioria dos trabalhadores é melhor tratado por outros, e sobretudo está fora da temática a que aqui me devo cingir. Segunda ordem de razões: porque, tratando-se embora de verbas colossais em termos individuais, elas são menores em comparação com as transferências de riquezas por que tais gestores são responsáveis executivos. Assim as notícias e debates em torno dos tão badalados pagamentos aos gestores da seguradora norte-americana AIG acabaram por obscurecer as transferências mil vezes maiores das verbas, recebidas do Estado, efectuadas por esta seguradora para terceiros (nomeadamente as transferidas para a Goldman Sachs, de onde antes o governante Paulson, responsável por tal legislação, tinha sido «requisitado» quando aí era o CEO, o Presidente Executivo…).
Esta última questão, sim, já se refere a um impacto económico-financeiro significativo. É aliás da apropriação das mais valias do trabalho que vivem as riquezas dos milionários de que se trata e não, principalmente, dos réditos dos escravos preferidos – os tais gestores –, principescamente pagos para efectuarem tais operações. E, é certo, tão principescamente pagos que com frequência ficam «ricos». É também um tema de grande relevância, mas o que aqui queria mesmo referir - e já vou a meio do texto só com esta introdução… – o que queria referir era o debate que aí vai sob a falência da ciência económica e da culpa dos académicos desta área, inclusive os Prémios Nobel, claro os das últimas três neoliberais décadas, de terem induzido em erro a classe capitalista, incluindo os pobrezinhos da elite financeira mundial (1), que, soubessem eles que estavam errados nunca teriam produzido o enorme desastre que todos os outros estão a sofrer por esse mundo fora, e vão continuar a sofrer. Largos costados, pelos vistos, tem a ciência económica.
Sem nunca pegarem pelos cornos a questão principal - que é a da carência de procura solvente adaptada à capacidade de produção existente, estando o Mundo, por isso, a braços com uma enorme crise de sobreprodução –, os publicistas dizem agora que aquela coisa de que os mercados financeiros tinham sempre razão se baseava, afinal, em duas teorias que estavam catastroficamente erradas: a «hipótese do mercado eficiente» e as «expectativas racionais»!
Que «tem se reconhecer que a ortodoxia académica prevalecente é uma via sem saída». Que os «economistas terão que reverter para uma competição genuína entre diversas abordagens intelectuais – tais como a psicologia comportamental, a sociologia, a engenharia de controlo e a matemática da teoria do caos». Para reconhecerem, vá lá, que «a economia estaria à beira de uma mudança paradigmática» comparável à revolução copernicana – afinal a Terra sempre se movia à volta do Sol. Blá, blá, blá. Mas chamar o nome ao boi é que nunca. É o atreves.
Esquecem-se que essa revolução copernicana da teoria económica foi realizada por um economista do século XIX, Karl Marx, sendo certo que, por pudor, ou para serviço do sistema, vão dele referindo algumas coisas. Mas nem precisavam de ir tão longe, bastava-lhes olhar para alguém fazendo parte do capitalismo, Henry Ford, que bem compreendeu a necessidade de estimular directamente a procura solvente da classe operária. Mas vá lá gente falar-lhes do Diabo. Calafetam mas é as possíveis entradas de som nos ouvidos, por tudo o que é lado!

(1) Anatole Kaletsky – «Economists are the forgotten guilty men».
Avante! - 09.04.09

Machadada na SPdH

Num apelo à resistência para salvaguardar os três mil postos de trabalho e os seus direitos, a Comissão de Trabalhadores da Sociedade Portuguesa de Handling respondeu, dia 2, a uma comunicação feita no dia anterior, pelo Grupo TAP. Este anunciou estar a desenvolver um concurso para a venda de 50,1 por cento do capital social da Groundforce, e revelou ter retirado à SPdH, e passado para a TAP, o serviço do balcão de emissões.
Para a CT, aquela mudança será mais uma «machadada na coluna vertebral da SPdH». Advertindo que a solução nunca poderá prejudicar os trabalhadores, e salientando que a empresa passará a subcontratar à TAP o serviço que lhe será retirado no dia 1 de Maio, a CT acusou a TAP de, «com a conivência do Governo», descapitalizar a empresa de handling, enquanto procura interessados na compra e depois de a ter adquirido integralmente.
Lembrando que os trabalhadores «nunca pediram para sair da TAP», a CT da SPdH, que criticou as opções de gestão e a passagem do controlo de gestão da Groundforce para a Europartners, salienta que a transportadora quer, agora, que os trabalhadores regressem, mas com menos condições remuneratórias e de trabalho.
Avante! - 09.04.09

Luta a crescer para mudar

A caminhada de Pevidém a Guimarães, e as tribunas públicas no Porto, em Coimbra, na Covilhã, em Évora e em Faro, reafirmaram a confiança de milhares de trabalhadores na força da luta para mudar de política.

Esta série de iniciativas das estruturas regionais da CGTP-IN teve lugar no âmbito do dia internacional de luta «pelos direitos dos trabalhadores, contra a exploração», promovido pela Federação Sindical Mundial. Nelas foi salientada a importância da mobilização para as comemorações do Dia Mundial do Trabalhador.
Dia 2, concentraram-se na Praça da Batalha trabalhadores do Porto, e também dos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Viana do Castelo, Vila Real. Foi aqui recebida com satisfação uma mensagem de Ilda Figueiredo, comunicando o fracasso da negociação entre a Comissão e o Parlamento europeus, sobre a directiva acerca do tempo de trabalho.
Na sexta-feira, dia 3, reuniram-se no Largo da Portagem manifestantes de Coimbra e dos distritos de Guarda, Viseu e Leiria; outra concentração teve lugar na Covilhã, junto ao Pelourinho.
A «caminhada pelo direito ao emprego», realizada no sábado, dia 4, com o Movimento dos Trabalhadores Desempregados, partiu de Pevidém com cerca de 1500 participantes, para um percurso de sete quilómetros, e à entrada de Guimarães contava com mais de quatro mil - refere uma nota da União dos Sindicatos de Braga, divulgada segunda-feira, que criticou os canais de televisão, por se terem alheado completamente desta jornada.
O seu coordenador, Adão Mendes, no comício realizado no final da marcha, no Jardim da Alameda, lembrou os dados oficiais do desemprego e notou que, das jornadas parlamentares do PS, que decorreram na cidade dias antes, não saíram medidas de combate ao desemprego nem de apoio ao sector produtivo e aos trabalhadores desempregados que não recebem quaisquer prestações sociais.
Maria Ondina Coutinho, do MTD, apontou algumas propostas que deputados e governantes ignoraram, como um «programa de urgência» para o Vale do Ave e o Vale do Cávado, um «observatório do emprego», o alargamento dos critérios e dos prazos de atribuição do subsídio de desemprego e o fim da «apresentação quinzenal» dos desempregados.
Manuel Carvalho da Silva, por seu turno, contestou as intenções de alguns patrões, facilitadas pelo actual Código do Trabalho, de diluírem nos salários os subsídios de Natal e de férias, como forma de acabarem com eles. O secretário-geral da CGTP-IN reclamou aumentos reais dos salários, em vez da ilusão de crescimento do salário mensal que decorreria de tal medida. Alertou ainda para os conteúdos do Código de Contribuições para a Segurança Social, em preparação.
Na segunda-feira, dia 6, a Praça do Giraldo albergou os protestos de trabalhadores dos distritos de Évora, Beja e Portalegre. Anteontem, os sindicatos do Algarve realizaram a tribuna distrital na baixa de Faro.
Em Lisboa, a tribuna iria ter lugar ontem à tarde, também com participação dos distritos de Setúbal e Santarém.
Avante! - 09.04.09

09/04/2009

Governador de Nova Iorque anuncia 7 mil despedimentos

O governador de Nova Iorque, nos Estados Unidos, Michael Bloomberg, afirmou hoje que deverão ser suprimidos milhares de postos de trabalho nas empresas municipais da cidade para evitar a falência da Câmara.

Michael Bloomberg, envolvido em negociações tensas com os sindicatos dos trabalhadores municipais, anunciou que deverão ser suprimidos 7.000 postos de trabalho suplementares, ou pelo menos, deverão ser reduzidos drasticamente os benefícios salariais destes funcionários.

"Não podemos continuar assim. O custo das pensões e dos cuidados de saúde destes trabalhadores podem vir a causar a falência da cidade", afirmou Bloomberg à estação televisiva local NY1, acrescentando que, neste momento, as exigências dos sindicatos estão "longe de serem atendidas".

Estas possíveis reduções de emprego surgem depois de já terem sido eliminados 1.300 postos de trabalho.

De acordo com as autoridades nova-iorquinas, a supressão destes 7.000 postos de trabalho suplementares vai permitir uma poupança de quase 350 milhões de dólares (217 milhões de euros).

D.N. - 09.04.09

Entrevue de la Wikinews anglophone avec Noam Chomsky

Michael Dranove : J'aimerais savoir si vous aviez une opinion sur les actions récentes de l'OTAN et sur les manifestations qui se profilent pour la 60ème conférence de l'OTAN, je sais que vous étiez à la contre-conférence pour prononcer un discours.

Noam Chomsky : C'est possible, je donne tellement de conférences que je ne m'en souviens pas (rires).

À propos de la conférence de l'OTAN, eh bien la question qui me vient est pourquoi l'OTAN devrait-elle exister ? Et de fait vous pourriez même vous demander pourquoi a-t-elle été créée, mais maintenant pourquoi elle existe. Ce que je veux dire c'est qu'en théorie, que vous ne le croyiez ou non, elle était censée être une alliance défensive contre une agression soviétique potentielle, ça c'est l'idée de base. Eh bien il n'est plus nécessaire de se défendre contre une agression soviétique, si bien que quoi que vous pensiez de cette doctrine, c'est du passé.

Quand l'Union soviétique s'est effondrée un arrangement a été conclu, un arrangement récent, entre Gorbatchev et le gouvernement des États-Unis et la première administration Bush. L'arrangement stipulait que Gorbatchev faisait une concession remarquable : il acceptait que l'Allemagne réunifiée rejoigne l'alliance militaire de l'OTAN. Et cela est remarquable à la lumière de l'histoire, l'histoire du siècle passé, l'Allemagne seule avait quasiment anéanti la Russie, deux fois, et l'Allemagne se retrouvait soutenue par la puissance militaire la plus phénoménale de l'histoire, cela représentait une véritable menace. Il donna cependant son accord, mais il y eut du donnant-donnant, c'est-à-dire que l'OTAN ne devait pas s'étendre plus à l'est, afin que la Russie puisse conserver une zone tampon de sécurité. Et George Bush et James Baker, Secrétaire d'État, furent d'accord pour ne pas étendre l'influence de l'OTAN d'un pouce supplémentaire à l'est. Gorbatchev proposa aussi une zone d'exclusion des armes nucléaires dans la région, mais les États-Unis ne prirent pas en compte cette demande.

Bon, ça c'est comment la situation se présentait juste après l'effondrement de l'URSS. Bon, Clinton arriva aux affaires et que fit-il ? Eh bien l'une des premières choses qu'il fit fut de revenir sur la promesse de ne pas étendre l'OTAN vers l'est. Cela représente une menace significative pour l'Union soviétique, pour la Russie, maintenant que l'Union soviétique a disparu, c'était une menace significative et de manière prévisible ils répondirent en renforçant leurs capacités offensives, pas énormément mais quand même. Ils annulèrent l'engagement qu'ils avaient pris de ne pas utiliser l'arme atomique en première frappe, l'OTAN n'avait jamais annulé son engagement, mais ils le firent et commencèrent à se remilitariser. Avec Bush, le militarisme agressif de l'administration Bush, comme prévu, conduisit la Russie à pousser encore plus loin sa remilitarisation ; et ça continue de nos jours. Quand Bush se proposa d'installer un système de missiles en Europe de l'est, Pologne et Tchécoslovaquie, c'était une vraie provocation à l'égard de l'Union soviétique. D'ailleurs cela fut débattu dans les publications de l'agence de contrôle des armes (Arms Control and Disarmament Agency), qu'ils devraient se préoccuper de cette menace potentielle envers leur stratégie de dissuasion, en tant qu'arme de première frappe. Ils prétendirent que cela était en rapport avec les missiles iraniens, mais oubliez ça.

Prenons les propos d'Obama, le conseiller à la sécurité d'Obama James Jones, ancien commandant des marines, a déclaré être favorable à une extension de l'OTAN au sud et à l'est, une plus grande extension de l'OTAN, et d'en faire une force d'intervention. Et le chef de l'OTAN, Hoop Scheffer, a expliqué que l'OTAN doit prendre ses responsabilités pour assurer la sécurité des pipelines et des routes maritimes, que l'OTAN doit être garant de l'approvisionnement en énergie de l'ouest. Eh bien cela ressemble à une guerre sans fin, alors voulons-nous que l'OTAN existe, voulons-nous qu'il existe une alliance militaire occidentale qui prenne en charge ces opérations, sans même prétendre défendre qui que ce soit ? Eh bien je pense que c'est une très bonne question ; je ne vois pas pourquoi cela devrait exister. Ce que je veux dire c'est qu'il se trouve qu'il n'existe aucune autre alliance militaire qui lui soit comparable, et s'il devait y en avoir une, je m'y opposerais également. Donc je pense que la première question à se poser est, à quoi tout cela rime-t-il, pourquoi même devrions-nous discuter de l'OTAN, existe-t-il une seule raison pour laquelle elle devrait exister ?

Michael Dranove : Nous avons vu de grandes manifestations autour du globe, dans des pays où nous ne les attendions pas. Vous pensez que c'est une résurgence de la gauche à l'ouest ? Ou pensez-vous que ce n'est rien ?

Noam Chomsky : C'est vraiment difficile à dire. Je veux dire qu'il existe certainement des signes en ce sens, également aux États-Unis, d'ailleurs nous avons eu des occupations d'usine (sitdown strike) il n'y a pas très longtemps, ce qui représente une action militante importante au sein du monde du travail. Ce type d'action, qui a commencé à se pratiquer à une échelle significative dans les années 30, menaçait très sérieusement les dirigeants et les propriétaires, parce que l'occupation représente la dernière étape avant la prise de contrôle de l'usine et son fonctionnement auto-géré se débarrassant de tout l'appareil hiérarchique, en faisant probablement du meilleur travail. C'est pourquoi c'est une idée terrifiante, et la police fut appelée etc. Eh bien une action de ce type a eu lieu aux États-Unis à la Republic Windows and Doors Factory, difficile à croire, je veux dire ces choses sont simplement difficiles à prédire, elles peuvent surgir, et prendre des proportions importantes, elles peuvent aussi s'éteindre ou être récupérées.

Michael Dranove : Obama a dit qu'il allait réduire de moitié le budget. Pensez-vous que c'est un peu une réminiscence à la Clinton, juste avant qu'il décide à instituer la réforme de l'aide sociale, consistant essentiellement à détruire la moitié du système ; pensez-vous que Obama se dirige dans cette voie ?

Noam Chomsky : Rien dans son budget ne laisse penser qu'il pourrait en être autrement. Je veux dire qu'il n'a pas dit grand chose à propos de cela, à propos du système d'aide sociale, mais il a en effet indiqué qu'ils allaient reconsidérer le système de sécurité sociale. Eh bien il n'y a rien de spécial à reconsidérer en matière de sécurité sociale, le système est en bonne forme sur le plan financier, probablement dans la meilleure forme de son histoire, il est garanti pour les décennies à venir. Aussi longtemps que les baby boomers sont dans le coin, le système sera parfaitement adapté. Donc ce n'est pas pour eux, contrairement à ce qui a été dit. S'il existe un problème à long terme, ce qui est certainement le cas, de petits ajustements devraient faire l'affaire.

Donc pourquoi évoquer la sécurité sociale ? Si c'est un problème, il s'agit vraiment d'un tout petit problème. Je pense que ce qui pousse à en parler, c'est que la sécurité sociale est considérée comme une vraie menace par les pouvoirs centraux, pas en raison de ce qu'elle fait, très efficiente avec des coûts administratifs bas, mais pour deux raisons. L'une de ces raisons est qu'elle vient en aide à la mauvaise population. Elle aide principalement les gens pauvres et les inadaptés etc., et ça c'est déjà pas bien, même si cela passe par un impôt dégressif. Mais je pense qu'une raison plus profonde est que la sécurité sociale est basée sur une idée que les pouvoirs centraux trouvent extrêmement dérangeante, c'est-à-dire la solidarité, le souci de l'autre, la communauté, etc.

L'idée fondamentale à la base de la sécurité sociale est que nous nous préoccupons de savoir si la veuve handicapée de l'autre côté de la ville a de quoi manger. Et ce genre d'idée doit être extirpée de la tête des gens. Si les gens sont attachés à la solidarité, le secours mutuel, l'entraide, etc., c'est dangereux parce que ça pourrait les conduire à s'intéresser à d'autres choses. Comme par exemple, et c'est bien connu, que le marché ne propose pas beaucoup de choix, qui sont aujourd'hui des choix cruciaux. Ainsi par exemple, le marché vous permet aujourd'hui de choisir entre plusieurs marques de voiture. Mais un marché ne vous permet pas de décider « je ne veux pas de voiture, je veux un système de transport public ». Ce n'est tout simplement pas un choix disponible sur le marché. Et la même chose est vraie sur un large éventail de sujets importants sur le plan social, comme aider la veuve handicapée là-bas de l'autre côté de la ville. C'est ce que les communautés décident, ce dont la démocratie s'occupe, ce qui fait l'objet de la sécurité sociale et du secours mutuel, et construire des institutions par le peuple pour le peuple. Et cela menace directement le système de domination et le droit de contrôle, c'est pourquoi le système de sécurité sociale est constamment attaqué même si les justifications avancées ne méritent pas qu'on s'y arrête.

Il existe d'autres questions sur le budget ; le budget est considéré comme redistributif, et en effet à la marge il l'est, mais dans la mesure où il l'est, c'est en augmentant légèrement le taux d'imposition des très riches. Les 2% les plus riches, et l'augmentation est vraiment marginale. Donc c'est légèrement redistributif, mais il y a d'autres manières d'être redistributif, qui sont plus efficaces, par exemple permettre aux travailleurs de se syndiquer. C'est bien connu que là où les travailleurs sont autorisés à se syndiquer, et la plupart le souhaitent, cela mène à des augmentations de salaires, de meilleures conditions de travail, des bénéfices etc., ce qui est redistributif et contribue à organiser les travailleurs en force politique. Et au lieu d'être atomisés et séparés ils travaillent en principe ensemble, non pas que les êtres humains fonctionnent aussi merveilleusement, mais au moins c'est un pas dans cette direction. Et toute une législation a été élaborée qui pourrait permettre cette syndicalisation, le Employee Free Choice Act en faveur de laquelle Obama s'est prononcé. Mais il n'y a rien dans le budget pour elle, de fait il n'y a rien dans le budget, autant que je puisse m'en rendre compte, qui traite de cette question de l'amélioration de la syndicalisation, qui représente un but de redistribution efficace.

Et d'ailleurs on en débat en ce moment, c'était ce matin dans les journaux, Obama accusé par les démocrates, et de fait particulièrement par les démocrates, de promettre trop. Eh bien en fait il n'a pas promis autant que cela, ce qui serait vraiment stimulant. Je veux dire que n'importe qui aurait essayé de s'en sortir en variant un peu ses effets. Et c'est la même chose avec le renflouage que vous êtes en droit d'apprécier ou non, mais n'importe quel Président aurait fait la même chose. Ce qui lui est reproché c'est qu'il en rajoute sur la réforme du système de santé, qui va s'avérer très onéreuse, encore des milliards de dollars, et que ce n'est pas le moment de faire ça. Et en effet, pourquoi la réforme du système de santé devrait être onéreuse ? Eh bien cela dépend du choix effectué. Si la réforme conforte le système privatisé, en effet, ça va être très onéreux parce que c'est un système désespérément inefficace, il est très coûteux, ses coûts administratifs sont bien plus importants que ceux de Medicare, le système géré par le gouvernement. Donc cela revient à maintenir un système que nous savons être inefficient, avec de faibles résultats, mais qui représente de grands bénéfices pour les compagnies d'assurance, les institutions financières, l'industrie pharmaceutique etc. Donc ça peut économiser de l'argent, la réforme du système de santé peut être une méthode de réduction des déficits. C'est-à-dire en passant à un système efficace qui offre à chacun une couverture santé, mais peu de personnes parlent en faveur d'un tel changement, ses promoteurs se tiennent dans les marges et ses principaux promoteurs ne sont pas inclus dans les groupes qui en discutent.

Et si vous regardez tout cela, fait après fait, beaucoup de questions de ce type surgissent. Prenez la question de la syndicalisation à nouveau, cela ne concerne pas directement le budget mais prenons un exemple. Obama, il y a quelques semaines, a souhaité faire montre de solidarité envers le mouvement des travailleurs, enfin... avec les travailleurs davantage qu'avec le mouvement ouvrier. Et il s'est rendu dans une usine de l'Illinois, une usine qui appartient à Caterpillar. Cette visite a soulevé des protestations, de groupes de défenseurs des droits humains, de groupes religieux, et d'autres, parce que Caterpillar a joué un rôle dans la destruction de ce qui restait de la Palestine. Cela représentait de vraies armes de destruction massive, donc il y a eu des manifestations mais il s'y rendit. Il y a cependant un point plus fondamental qui n'a pas été souligné, ce qui permet d'illustrer le degré atteint par notre endoctrinement idéologique. Ce que je veux dire c'est que Caterpillar a été la première entité industrielle à avoir recours aux jaunes, des briseurs de grèves, pour casser une importante grève. C'était dans les années 80, Reagan avait déjà montré la voie avec les contrôleurs aériens, mais c'était la première fois qu'une industrie manufacturière employait ce moyen. Cela n'avait plus été fait depuis des générations. De fait, c'était illégal dans tous les pays industrialisés excepté dans le régime d'apartheid d'Afrique du sud. Mais cela représentait la contribution de Caterpillar à la destruction des syndicats par l'emploi de jaunes, parce que si vous faites appel à des jaunes, adieu les grèves, pour parler franchement, ou toute autre forme d'action des travailleurs. Donc c'est l'usine à laquelle s'est rendu Obama. C'est possible qu'il ignorait tout de l'affaire, parce que le niveau d'endoctrinement dans notre société est si profond que la plupart des gens ignorent ce genre de chose. Cela dit je pense que c'est instructif, si vous estimez nécessaire d'agir pour la redistribution, vous n'allez pas dans une usine qui est entrée dans l'histoire du mouvement ouvrier en violant le principe qui dit que vous n'avez pas le droit de briser des grèves par des jaunes.

Michael Dranove : Je vis en Géorgie, et beaucoup de gens soutiennent l'ultra-droitier libertarien Ron Paul. Ils sont extrêmement cyniques. Y-a-t-il une possibilité pour les gens de gauche de les atteindre ?

Noam Chomsky : Je pense que ce que vous avez à faire est de leur demander pourquoi ils soutiennent le libertarien Ron Paul ? Je ne pense pas que cela ait grand sens, mais néanmoins il y a derrière tout cela des sentiments qui font sens. Par exemple le sentiment que le gouvernement est notre ennemi. C'est un sentiment très répandu, et de fait il a été produit par la propagande.

Donc bientôt ce sera le 15 avril, et des gens dans votre quartier vont acquitter leur impôt sur le revenu. La façon dont ils vont considérer ce geste, et la façon dont ils ont été dressés à le faire est qu'il existe une sorte de puissance extraterrestre, disons de Mars, qui vole l'argent que nous avons difficilement gagné et le donne au gouvernement. Bon d'accord, ce serait vrai dans un État totalitaire, mais dans une démocratie vous devriez voir les choses tout à fait différemment. Vous devriez vous dire « super, on est le 15 avril, nous allons tous contribuer à réaliser les projets que nous avons tous ensemble initiés pour le bénéfice de tous ». Mais cette idée est encore plus effrayante que celle de sécurité sociale. Cela signifie que nous aurions une véritable démocratie, et aucun centre où le pouvoir est concentré entre quelques mains ne voudra jamais que cela se réalise, pour des raisons parfaitement évidentes. Donc oui des efforts sont fournis, et des efforts plutôt couronnés de succès pour que les gens voient le gouvernement comme un ennemi, et non comme le représentant d'une collectivité qui agit pour des buts communs décidés en commun, ce qui devrait arriver en démocratie. Et c'est ce qui se passe dans une certaine mesure dans de véritables démocraties, comme la Bolivie, le pays le plus pauvre d'Amérique du sud. C'est ce genre de choses qui est en train plus ou moins de se passer là-bas. Mais c'est très éloigné de ce qui se passe ici chez nous.

Eh bien je pense que les supporters de Ron Paul pourraient être séduits sur cette base-là, car ils sont aussi contre les interventions militaires, et nous pourrions leur demander « d'accord, mais pourquoi ? ». Est-ce pour leur propre sécurité, souhaitent-ils être plus riches ou quelque chose comme ça ? J'en doute, je pense que les gens sont inquiets parce qu'ils estiment que nous avons détruit l'Irak etc. Donc je pense qu'il existe beaucoup de points communs qui pourraient être exploités, même si ce à quoi ils arrivent, pour le moment, a l'air très différent. Cela a l'air très différent parce que c'est basé sur des doctrines rigides. Mais ces doctrines ne sont pas gravées dans la pierre. Elles peuvent être vaincues.

Yusuf Islam & Klaus - The Day The World Gets Round

Yusufs charity song The Day The World Gets Round will be made available for download from Monday, January 26th. All proceeds from the single will be donated to the United Nations Relief and Works Agency (UNRWA), and Save The Children.

Songtext:

The day the world gets round
To understanding where it is,
Using all its found,
To help each other, hand in hand

The day the world gets round
To understanding where its gone
Losing so much ground
Killing each other, hand in hand
Such foolishness in man
I want no part of their plan - oh no

If youre the destructive kind
Now Im working from day to day
As I dont want to be like you
I look for the pure of heart
And the ones that have made a start,

But lord, there are just a few
Who bow before you,
In silence they pray,

Oh how they pray for the day the
World gets round

Using all theyve found
To help each other, hand in hand

The day the world gets round

Sami Yusuf - Interview and Palestine Forever

I

II

Palestine Forever

US expands war into Pakistan

Keith Jones - Global Research, April 9, 2009

The head of the US Joint Chiefs of Staff, Admiral Mike Mullen, and Richard Holbrooke, the US Special Envoy to Afghanistan and Pakistan, visited Islamabad Monday and Tuesday to press Pakistani authorities to intensify their efforts to staunch the anti-American insurgency in the country’s Pashtun-speaking Afghan borderlands.

Unveiled by US President Barack Obama late last month, Washington’s new strategy to pacify Afghanistan calls for a dramatic escalation of the war—US troop strength in Afghanistan is to almost double from 38,000 to 68,000—and for the war’s further expansion in Pakistan, both through coordinated action with Islamabad and unilateral US strikes inside Pakistan.

Since 2004, the Pakistani military has repeatedly mounted anti-insurgency operations in the historically autonomous Federally Administered Tribal Areas (FATA), suffering some 1,500 fatalities, provoking widespread popular anger over its wanton indifference to civilian casualties, and triggering a growing humanitarian crisis. More than half a million FATA residents have been rendered refugees.

In Bajur, the site of heavy fighting last fall, the military flattened whole villages. According to a recent BBC report, there is growing anger among refugees over the government’s failure to provide them with assistance to rebuild their homes. Teacher Abdul Haleem, who is now living at a refugee camp near Peshawar that used to house Afghanis displaced by the civil war of the 1980s, told the BBC, “They’ve destroyed the whole village, the whole market. There are no hospitals, no schools, no teachers in Bajur. They’re all here.”

But the US political and military elite is adamant that Pakistan act more aggressively to quell the insurgency, charging that FATA and neighboring parts of Baluchistan and the North-West Frontier Province have become a “safe-haven” for anti-US forces. In recent days, top US officials including Holbrooke and General David Petraeus, the head of the Pentagon’s Central Command, have publicly charged that elements within Pakistan’s military intelligence agency, the ISI, are continuing to consort with the Taliban and other anti-US Islamic insurgents.

In the midst of Holbrooke’s and Mullen’s visit to Islamabad, the New York Times, no doubt at the behest of the Obama administration, published a report meant to underline Washington’s determination to wage war in Pakistan. Titled “More drone attacks in Pakistan Planned,” the report cited “senior administration officials” as saying that the US intends “to step up its use of drones to strike militants in Pakistan’s tribal areas.”

Since last August, US forces have carried out at least 35 drone missile strikes inside Pakistan, killing more than 340 people, many, if not most of them, civilians. The most recent attack came on the morning of April 4 in North Waziristan. Local officials said women and children were among the 13 dead.

Tuesday’s Times article also reported that the Obama administration is considering broadening “the missile strikes to Baluchistan,” repeating a claim made in an earlier Times report.

US officials claim the drone missile strikes in FATA have caused some leaders of the anti-US insurgency to flee to Quetta, Baluchistan’s capital. The implication is that if Pakistani authorities don’t soon act to apprehend or kill these insurgents, the US will begin mounting drone attacks in and around Quetta, a city of well over a million people.

The drone attacks very much exemplify the servile relationship that exists between Washington and Islamabad and are seen as such by ordinary Pakistanis. Having for the better part of a decade sustained the dictator General Pervez Musharraf in power, because he was providing vital support to the US invasion and occupation of Afghanistan, Washington now brazenly asserts the right to violate Pakistani sovereignty at will and rain down death on impoverished villagers.

Such is the popular feeling, all sections of the Pakistani political elite have been compelled to condemn the drone attacks. Aftab Ahmad Sherpao, interior minister during much of Musharaff’s rule, recently told the Times that only about 1 to 2 percent of Pakistanis support the US’s policy toward their country: “A cross-section of people is dead set against the Americans. Another section is not happy, but not vocal.”

A spokesman for the Tehreek-e Taliban Pakistan (TTP) has said the FATA-based pro-Taliban group will mount two suicide bombings a week until the US ceases its drone attacks. Pakistani authorities have blamed TTP leader Baitullah Mehsud for a series of devastating attacks in the heart of Pakistan’s major cities, including the December 2007 assassination of Pakistan People’s Party leader Benazir Bhutto. Mehsud has denied most of these claims, but he did claim authorship of last week’s attack on a police academy in Lahore and a paramilitary camp in Islamabad.

Popular sentiment notwithstanding, it is an open secret that the Pakistani government tolerates the drone attacks, albeit grudgingly, as necessary to sustain the reactionary, client-patron partnership between the Pakistani military and the Pentagon that has for decades been at the heart of the Pakistani elite’s geo-political strategy. Indeed, it has been all but conclusively established that many of the drone attacks are launched from a CIA base located within Pakistan.

Speaking at a press conference Tuesday alongside Holbrooke and Mullen, Pakistan’s Foreign Minister Shah Mehmood Qureshi said, “We did talk about drones and let me be very frank, there is a gap between us and them [the US officials]. I want to bridge that gap.

“My view is that [the drone attacks] are working to the advantage of the extremists.”

Qureshi said the two sides “agree to disagree on this.” In other words, the US will continue to carry out unilaterally military strikes inside Pakistan, a violation of international law that is tantamount to an act of war.

Qureshi claimed that the US has agreed to abide by “certain red lines,” specifically that there will be no “foreign boots on Pakistani soil.” In fact, already last month Holbrooke and the US Assistant Secretary of State for South and Central Asia Richard Boucher made statements stipulating that there will not be a repeat of the US Special Forces’ raid mounted inside Pakistan last September. That raid provoked a crisis in US-Pakistani relations with the Pakistani military briefly closing down the principal Pakistani supply route for US forces in Afghanistan and demonstrably shooting at US helicopters when they passed over from Afghanistan into Pakistani air space.

The Pentagon clearly would like US forces in southern Afghanistan to have the option to cross into Pakistan. But the far more important objective for it and for Washington is to get Pakistan to coordinate military action with US forces in Afghanistan and to bear a large part of the fighting and the surge in casualties that will result from the intensification of the war in what the Obama administration now officially describes as a single war-theater embracing Afghanistan and Pakistan’s border regions.

The tensions that underlie the US-Pakistan relationship were given muted expression when Qureshi declared, “The bottom line is the question of trust.... We can only work together if we respect and trust each other.”

These remarks were clearly in reaction to the assertions of top US officials that sections of the ISI retain relations with the Taliban and like groups, believing them to be an important instrument of Pakistani geo-political strategy, and more generally US complaints that Islamabad has not given Washington good value for the more than $10 billion in military aid and “war on terror payments” that the Bush administration funneled to the Musharraf regime.

A key element in the Obama administration’s Afghan war strategy is a redefinition of Washington’s relations with Islamabad. The Obama plan calls for Pakistan to be given $1.5 billion per year in development aid for the next 5 years and close to $3 billion in additional counter-insurgency aid over 5 years. The development aid constitutes less than $10 per year per Pakistani, but it is far more than the US has ever offered Islamabad in non-military aid.

To the frustration of the Pakistani elite, the offer of aid comes with significant strings attached. Obama pointedly proclaimed that there will be “no blank checks” for Pakistan. The annual development money will be tied to as yet unspecified conditions meant to measure and judge, at least on an annual basis, that Pakistan is doing the US’s bidding in the Afghan-Pakistan war. The “Pakistani Counterinsurgency Capability Fund” will be subject to unprecedented Pentagon controls and US stipulations that the military aid cannot be used against India.

Islamabad has long complained that Washington has failed to supply the Pakistani military with advanced counter-insurgency equipment, including night vision glasses and attack helicopters.

In announcing its new Afghan War strategy, top Obama administration officials also made clear, to Islamabad’s chagrin, that the US has no intention of getting involved in the Indo-Pakistani dispute over Kashmir. In the run-up to last November’s US elections, Obama and several of his aides suggested that the US should take a more active role in resolving the Kashmir dispute, with the implied suggestion that placing pressure on India to make concessions to Pakistan over Kashmir would be a quid pro quo for getting Pakistan to be even more supportive of the US occupation of Afghanistan.

India, being the larger and stronger power, has always insisted that the Kashmir dispute is a bilateral issue and vigorously opposed any suggestion of third party involvement. In recent months, New Delhi has made thwarting any possible US intervention in the Kashmir conflict a key priority. Through diplomatic channels it has strongly voiced its opposition directly to Washington. But India also seized on last November’s Mumbai terrorist atrocity to press its claim that Pakistan is the nexus of world terrorism and that the Kashmir insurgency is simply a product of the machinations of the Pakistani military-security establishment.

Washington has gotten the message and is anxious to assuage India, which it has been courting for a decade as a potential Asian counterweight to a rising China. To appease New Delhi, Holbrooke’s job description was changed at the last minute to Special Envoy for Afghanistan and Pakistan, rather than Afghanistan, Pakistan and India. Top US officials charged with briefing reporters on the Obama administration’s new Afghan War strategy reiterated that the US will not get involved in resolving the Kashmir dispute. “We don’t intend to get involved in that issue,” declared US National Security Advisor General James Jones. “But we do intend to help both countries build more trust and confidence, so that Pakistan can address the issues that it confronts on the western side of the nation.”

The reality is that Washington’s drive to extend US influence in oil rich Central Asia through the conquest of Afghanistan and its attempt to make India a “global, strategic partner” are placing great pressure on the crisis-ridden Pakistani state.

Thirty years ago the US instigated Islamabad to mentor Islamic fundamentalist militias in Afghanistan as part of its reactionary drive against the Soviet Union and backed the Pakistani dictator and Islamic reactionary General Zia ul Haq to the hilt.

Today it demands that Pakistan crush the Taliban. This not only undercuts the Pakistani elite’s attempt to maintain influence in Afghanistan under conditions where the government in Kabul, with US support, has developed extensive ties to India. It enflames Pashtun nationalist feeling on both sides of the Afghan-Pakistani border further feeding national-ethnic tensions within the Pakistani state, has caused fissures within the military, and has further discredited the government in the eyes of the Pakistani people by demonstrating it to be a US mercenary regime.

Nasceu uma nova classe de “empresas do regime

Autarquias de Freixo de Espada à Cinta e de Bragança tentam ajudar famílias mais afectadas pela crise económica

Yazaki Saltano vai entrar em processo de «lay-off»



A Yazaki Saltano de Ovar vai entrar em processo de «lay-off», a partir da próxima quarta-feira. Uma situação que vai prolongar-se, pelo menos, até Setembro, devendo abranger 60 por cento dos trabalhadores da fábrica.

Em declarações à TSF, Miguel Moreira, do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Norte e Centro, explicou que a Yazaki Saltano vai entrar em processo de «lay-off», o que «envolve 60 por cento dos trabalhadores da fábrica».

O responsável disse ainda que, com esta medida, os trabalhadores vão sofrer uma redução de um terço do salário, uma «situação extremamente difícil nos tempos de hoje».

Por detrás desta decisão, segundo o responsável, está uma redução significativa das encomendas, bem como plano de apoio ao sector automóvel que a empresa diz ser «muito rígido».

TSF - 09.04.09

Administradores da Fiat sequestrados por trabalhadores durante quase uma hora

Três administradores do construtor automóvel italiano Fiat na Bélgica, dois belgas e um italiano, foram esta quinta-feira sequestrados por trabalhadores durante quase uma hora numa representação do grupo em Bruxelas.

Os responsáveis foram sequestrados por cerca de 20 empregados do escritório, situado em Chaussée de Louvain (Bruxelas), cujo encerramento foi anunciado pelo grupo automóvel, segundo noticiou a agência italiana Ansa.

Os administradores encontravam-se no local para negociar um plano social com os trabalhadores.

Após cerca de 50 minutos fechados, os responsáveis abandonaram sozinhos o local, segundo constatou um jornalista da agência AFP.

TSF - 09.04.09

L'équipementier automobile Trèves pourrait supprimer 700 emplois

L'équipementier automobile français Trèves pourrait supprimer au moins 700 emplois et fermer trois de ses usines françaises, selon une information diffusée, jeudi 9 avril, par la radio Europe 1. Interrogée par l'AFP, une porte-parole de l'entreprise n'a pas confirmé cette information. Elle a indiqué qu'un comité de groupe de l'équimentier devait avoir lieu vendredi et que des comités d'entreprise devraient se tenir dans chaque société de Trèves mardi.

Selon Europe 1, une première réunion entre représentants du personnel et direction de l'équipementier, spécialisé dans la garniture de sièges et de portes et employeur de 2 500 personnes en France, était programmée jeudi. Toujours selon la radio, des regroupements d'activités sont prévus : ils pourraient conduire à la fermeture de plusieurs usines du groupe.

Sont particulièrement menacés l'usine MATT (Manufacture de l'Aisne de transformation textile) de Montcornet, près de Reims, le site MPAP (Manufacture de produits automobiles) à Ploërmel, dans le Morbihan, ainsi que l'usine PTPM (Production de textiles et plastiques de la Marne), à AŸ, près d'Epernay. Le Fonds de modernisation des équipementiers automobiles (FMEA), détenu à parité par l'Etat via le Fonds stratégique d'investissement (FSI) et les constructeurs Renault et PSA Peugeot Citroën, avait annoncé fin février qu'il injecterait 55 millions d'euros dans l'équipementier.

Le Monde - 09.04.09

Qui gagne combien ? Le paysage des revenus en France

Le débat sur les revenus en France est souvent opaque. Quelques données pour mieux mesurer qui gagne combien.

Le débat sur les revenus en France est souvent opaque. On mélange tout : des salaires, des revenus du patrimoine, avant et après impôt. Des revenus de célibataires et des familles nombreuses. Malgré tout, la connaissance des revenus progresse, avec notamment de toutes nouvelles données de l’Insee. Pour faire le point, nous vous présentons les éléments principaux sur les revenus en France.

Les salaires

Pour la plupart de la population, revenu = salaire de la fiche de paie. Ci-dessous, nous donnons la répartition des salaires nets. Attention : il s’agit de temps complets, hors fonction publique. Les salariés à temps partiels - aux trois quarts des femmes - touchent la plupart du temps beaucoup moins. Du coup la véritable moyenne des salaires est inférieure à ce qui est présenté ici.

On voit par exemple que 90 % des salariés ont un salaire net inférieur à 3 077 € par mois, ce qui revient à dire que 10 % touchent plus. La moitié touche moins de 1 552 € nets, niveau qui s’appelle le salaire "médian".

Les revenus d’ensemble

Des allocations chômage aux revenus financiers, en passant par les retraites, il existe bien d’autres sources de revenu que les salaires. De plus, si on veut vraiment mesurer ce qui permet de vivre, il faut retirer des revenus ce que l’on verse aux impôts. Le graphique ci-dessous représente la répartition des revenus, quelle que soit la forme des ménages, célibataires ou familles nombreuses.

On voit ici que 30 % des ménages ont un revenu inférieur à 1 593 € et donc 70 % ont un revenu plus élevé.

Les revenus par type de ménage

Ce n’est pas la même chose d’avoir un revenu de 1 000 € pour une personne ou de devoir le partager à cinq. Pour s’approcher de la réalité des niveaux de vie, il faut donc tenir compte de la composition des familles. Les données ci-dessous présentent les revenus, après impôts et prestations sociales, par grand type de ménage.

On voit alors que la moitié des couples avec deux enfants ont des revenus après impôts et prestations sociales inférieurs à 3 376 euros.

Ce qui manque à ces données (entre autres)

- Les personnes qui vivent en habitat mobile, en communauté (comme les maisons de retraite) ou qui n’ont pas de domicile ne sont pas pris en compte. Au total, environ 1,5 million de personnes.

- On connaît très mal les revenus des indépendants, souvent sous-estimés.

- Ces éléments mériteraient d’être encore approfondis. L’Insee ne diffuse pas d’éléments sur les catégories les plus aisées, alors que les revenus s’étirent vers le haut. On ne connait pas les revenus des plus riches.

- On ne tient pas compte du coût du logement : un même niveau de vie peut conduire à vivre dans des conditions très différentes. Si on raisonne en surface équivalente, le "reste à vivre" pour un même revenu est très différent selon le coût du logement. Un studio par exemple peut valoir de 200 à 600 ou 700 € (et bien plus parfois) entre une ville de province et Paris.

Pour en savoir plus :

- "Les revenus des Français", Alternatives Economiques, n°279, avril 2009. Ces données sont développées.

- Thème revenus-salaires de l’Insee, où l’on trouve le plus de données sur les revenus.

- "Qui sont donc les classes moyennes ?", Observatoire des inégalités, février 2009. Avec des données antérieures, mais une analyse de la décomposition hiérarchique de ces revenus, à partir d’une définition du Crédoc.

Overvatoires des Inégalités - 07.04.09

La France gagnerait à s’inspirer des politiques de prise en charge des sans-abri des autres pays européens

Entretien avec Julien Damon

Les politiques de prise en charge des sans-abri en France sont développées mais peu cohérentes. Julien Damon, professeur à Sciences po Paris, auteur du rapport « Les politiques de prise en charge des sans-abri dans l’Union européenne », analyse la situation.

Julien Damon, professeur à Sciences po Paris, vient de remettre à Christine Boutin, ministre du logement, un rapport (pdf) sur « Les politiques de prise en charge des sans-abri dans l’Union européenne ».

Quel état des lieux peut-on brosser aujourd’hui du phénomène des sans-abri en Europe ?

Tout d’abord, je veux préciser qu’on ne peut pas comparer terme à terme les pays, dire « il y a en plus ici ou là » : les méthodes de comptabilisation ne sont pas les mêmes, tout comme les définitions. Les informations dont on dispose, qui s’améliorent considérablement dans nombre de pays, ne sont pas systématiquement comparables. Tout au plus peut-on dire que certains pays ou territoires mesurent mieux le phénomène, comme le Royaume-Uni, les pays scandinaves ou encore certaines régions allemandes.

Quels sont ceux qui mènent les politiques les plus adaptées ?

Il est bien difficile de dire avec une parfaite exactitude qui s’en sort le mieux. Tous les Etats ont des difficultés dans le domaine des politiques d’aide aux sans-abri. Mais disons que l’Irlande (essentiellement Dublin), la Grande-Bretagne (Londres), les grandes villes des Pays-Bas, le Danemark et la Finlande se distinguent par des politiques claires, avec des objectifs précis (de réduction, voire d’extinction du phénomène), l’ensemble des services mis en œuvre y est clairement identifié (il existe un « répertoire des services »).

Et la France dans tout ça ?

Nous nous distinguons d’abord en terme d’appréciation du phénomène. Nous sommes le pays où l’on considère le plus que le phénomène SDF est lié à des éléments structurels, d’emploi ou de logement. Notre niveau de dépenses est élevé et notre niveau de coercition est plus faible.

Il existe un consensus en France sur le fait qu’il faut agir. Mais chaque hiver - quand le phénomène s’accentue - des polémiques ressurgissent sur les modes de prise en charge. La France se traduit à la fois par un fort niveau de centralisation et une complexité des dispositifs. Aucune ville en Europe ne dispose comme en France de plusieurs services à la fois d’accueil des SDF. Aucun pays n’a une palette aussi variée.

Que peut-on faire pour améliorer les choses ?

On peut rationaliser tout ça, ce qui ne veut pas dire rationner, mais rendre les politiques plus lisibles, simplifiées. Il faut ensuite un vrai débat démocratique à partir d’indicateurs précis, et se fixer des objectifs. Au passage, je suis pour qu’on affiche très clairement combien de personnes meurent chaque année dans la rue, et ce à l’échelle européenne. Oui, il faut mettre fin au sans-abrisme de longue durée, et on peut le faire. Ce n’est pas irréaliste. C’est ce que se fixent des pays aussi différents que le Danemark, la Finlande ou la Grande-Bretagne. C’est également un objectif souhaité par le Parlement européen dans une communication votée à la très grande majorité. On peut réfléchir, pour la France, à une décentralisation de ce type de politique. Enfin, il faudrait créer une agence européenne pour traiter ce problème dans une dimension plus large.

L’hiver dernier, une polémique s’est développée : doit-on ou non contraindre les SDF à être hébergés ?

Arrêtons d’abord l’hypocrisie : en pratique, cette coercition existe. Les pompiers ne laisseront pas dehors un SDF par une température de – 10°. On ne peut pas laisser des gens dormir dehors en cas de grand froid. Mais une partie des morts sont dues à des agressions. Parfois, si on doit employer des moyens plus « volontaristes », il faut le faire.

Quel peut être l’impact de la récession économique ?

Pour l’heure, on n’en sait rien. Ce n’est pas mesurable. Mais les pays qui ont des systèmes d’information performants, comme l’Irlande, notent déjà une hausse du nombre de sans-abri. Il faut s’y attendre en France, ne serait-ce qu’en raison du fait que la crise est mondiale, et que la question des sans-abri est éminemment européenne. Dans les pays les plus affectés par la crise – et c’est déjà le cas visible en Irlande, mais aussi en République tchèque – de nombreuses personnes vont se retrouver sans-abri, dans un espace européen ouvert.

Propos recueillis par Louis Maurin.

A lire sur notre site les articles de Julien Damon sur le même sujet :
- Pourquoi les sans domicile fixe refusent-ils d’être pris en charge ?
- "Zéro SDF", mais pourquoi pas ?

Observatoires des Inégalités - 09.04.09

L'espionnage de salariés est à la mode en Allemagne

Deutsche Telekom, Deutsche Bahn, Airbus et Lidl ont été accusés d'espionner leurs salariés.

Les affaires d'espionnage de salariés semblent récurrents en Allemagne. En un an ce sont quatre grandes sociétés qui ont été accusées de surveiller d'un peu trop près leurs employés : Deutsche Telekom, Deutsche Bahn, Airbus et Lidl. Un véritable problème de société selon Claudia Roth, chef du parti des Verts. Selon elle « l'Allemagne est devenue le Far West de la protection des données personnelles. (…) les autorités et les entrepreneurs s'estiment au-dessus des lois. »

Le scandale le plus récent concerne Lidl : des données privées sur plus de 600 de ses salariés, ont été récoltées entre 2008 et début 2009 par la société. Des commentaires comme «opération d'une tumeur, mais bénin», «veut tomber enceinte, fécondation ne fonctionne pas» figuraient sur des «fiches de santé» établies par leur employeur. Le responsable du groupe pour l'Allemagne, Frank-Michael Mros, a été licencié suite à cette révélation.

Le distributeur discount est depuis longtemps pointé du doigt pour ses techniques de management. Ainsi, fin mars 2008, on apprenait que des détectives privés employés par la société avaient placé dans certains magasins en Allemagne, des caméras afin de surveiller le personnel durant les pauses. Une dérive qui avait coûté 1,46 millions d'euros à Lidl.

D'autres grands groupes allemands ont avoué ces derniers mois avoir espionné leurs salariés. Parmi eux, Deutsche Telekom, le géant des télécommunications. Il a comparé des données bancaires de journalistes et de membres de son conseil de surveillance, afin de trouver l'origine de fuites concernant des informations internes. De même, la Deutsche Bahn, société des chemins de fer allemands, a comparé les données bancaires de ses salariés avec celles de ses sous-traitants, cette fois-ci pour lutter contre la corruption. Face à ces révélations, le président Hartmut Mehdorn de la Deutsche Bahn s'est vu contraint de donner sa démission.

Après avoir mené une enquête interne, Airbus Allemagne reconnaissait à son tour la semaine dernière avoir effectué en 2007 des croisements de données similaires, dans le cadre d'un audit de l'entreprise. Un mea culpa qui montre, selon Thilo Weichert, préposé à la protection des données dans l'Etat régional de Schleswig-Holstein, que les entreprises ont pris conscience que ces scandales «peuvent porter atteinte à leur image», ce qui les pousse à «chercher des cadavres dans les placards».

Le Figaro - 08.04.09

Volume de Negócios nos Serviços prossegue trajectória descendente

Em Fevereiro, o volume de negócios nos serviços registou uma taxa de variação homóloga nominal de -17,3% (-14,5% em Janeiro).
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INE - 09.04.09

Comércio Internacional - Saídas diminuem 19,4% e Entradas 15,6%

No trimestre terminado em Janeiro de 2009, as saídas de bens registaram uma redução de 19,4% e as entradas de 15,6%, face ao período homólogo (Novembro de 2007 a Janeiro de 2008) resultando, ainda assim, no desagravamento do défice da balança comercial.
Em Janeiro de 2009, tanto o Comércio Intracomunitário como o Extracomunitário apresentaram, em termos homólogos, diminuições em ambos os fluxos, acentuando a tendência decrescente que vem sendo registada, sobretudo a partir de Outubro de 2008. No caso das exportações para os Países Terceiros, registou-se em Janeiro uma variação homóloga negativa, contrariando a tendência verificada ao longo do ano de 2008, em que as variações homólogas foram sempre positivas, embora decrescentes, principalmente no 4º trimestre.
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INE - 09.04.09

Comércio Extracomunitário - Exportações diminuem 15,8% e Importações 34,5%

No trimestre terminado em Fevereiro de 2009, as exportações portuguesas registaram um decréscimo de 15,8% e as importações de 34,5% face ao período homólogo do ano anterior (Dezembro de 2007 a Fevereiro de 2008), determinando, assim, um desagravamento do défice da balança comercial com os Países Terceiros em 971,5 milhões de euros.
No período considerado destacam-se, em termos homólogos, os decréscimos nas importações de Combustíveis e lubrificantes, Fornecimentos industriais e Material de transporte e nas exportações de Combustíveis e lubrificantes.
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INE - 09.04.09

Produção na Construção acentua variação negativa

A produção na construção registou em Fevereiro de 2009 uma variação homóloga de -6,0%. Este resultado foi inferior em 1,6 pontos percentuais ao observado em Janeiro. Relativamente ao mês homólogo, o emprego diminuiu 5,9% e as remunerações aumentaram 2,1%.
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INE - 09.04.09

La clase perdedora

Los alumnos de padres sin estudios tienen 20 veces más riesgo de fracaso - La educación no consigue eliminar las diferencias sociales.

Imaginemos el sistema educativo como una larga de carrera de obstáculos. Lo primero que salta a la vista es el alto grado de abandonos prematuros y de participantes descalificados por no haber cubierto la distancia mínima en el plazo establecido. Lo segundo que llama la atención es la extracción social de los que se quedan por el camino, ya en los primeros tramos, y cargan con los sambenitos estigmatizadores del "fracasado escolar" y de "repetidor". Quítese de la cabeza la convicción de que la escuela es, por excelencia, el espacio natural de la igualdad de oportunidades que consagra la Constitución. Hágase a la idea de que, pese a los buenos propósitos, el éxito académico no depende exclusivamente del esfuerzo y de la capacidad personal de su hijo.

¿Cómo se explica, si no, que los perdedores pertenezcan de forma tan abrumadoramente mayoritaria a las familias de rentas más bajas? Por muchos casos de hermanos con rendimientos académicos dispares que se den, el análisis del problema establece que no estamos ante cuestiones personales. No es cierto que los alumnos partan de la línea de salida en condiciones idénticas y con competencias similares. Las diferencias están ya presentes en el kilómetro cero porque a la hora de matricularles por primera vez ya hay niños a los que se les ha inculcado el amor por la lectura y el conocimiento y otros a los que no. Por lo mismo, hay padres que acompañarán los estudios de sus hijos y velarán para que adquieran la mejor formación y otros que se inhibirán de esa tarea.

España partía hace sólo tres décadas de una situación muy alejada de los países desarrollados, también educativamente hablando, pero ha conseguido en ese tiempo ampliar la escolarización obligatoria hasta los 16 años, con uno de los sistemas educativos más equitativos de la OCDE, según el Informe Pisa -que evalúa el nivel de conocimientos de los jóvenes de 15 años de 55 países del mundo. El informe dice que si se eliminan los condicionantes socioeconómicos y culturales de los alumnos, las escuelas españolas públicas, privadas y concertadas dan unos resultados muy similares entre sí. Sin embargo, ese contexto sigue pesando enormemente. Los hijos de los trabajadores no cualificados tienen 4,5 veces menos de probabilidades de acceder al ámbito universitario que los vástagos de los profesionales de alto nivel. Sólo un tercio de los de familias obreras o de asalariados del campo cursará el Bachillerato y de ellos únicamente la mitad llegará a la universidad. Si usted no tiene estudios, le conviene saber que su chico cuenta con 20 veces más de posibilidades de incurrir en el fracaso escolar que el hijo de padres universitarios; exactamente, el 40% contra el 2%, según el estudio recientemente publicado por el profesor de Sociología de la Universidad de La Laguna, José Saturnino Martínez.

El sistema educativo es una maquinaria de reproducción de las desigualdades socioeconómicas, aunque en el caso de los alumnos particularmente brillantes y trabajadores deje márgenes de maniobra para "la movilidad de clase" y haya acompañado la irrupción de las mujeres, cuyo rendimiento es muy superior.

Gracias a las becas, siguen dándose ejemplos de alumnos de familias de rentas muy bajas que acaban una y hasta dos carreras universitarias. Pero no dejan de ser una notable excepción en un modelo en el que el capital cultural y económico condiciona fuertemente el rendimiento escolar y el estatus social. Es lo que las estadísticas llevan voceando tercamente sin que ese debate llegue a prender en la opinión pública. Y eso, que, como han puesto de relieve los economistas Jorge Calero y Josep-Oriol Escardíbul, la educación determina cada vez más la posición laboral y las trayectorias vitales de las personas.

"La extensión de la escolarización y la evidencia de que, por lo general, los hijos superan el nivel de conocimiento de sus padres contribuye a ocultar que las desigualdades relativas se mantienen más bien constantes para los chicos, aunque hayan disminuido entre las mujeres", opina José Saturnino Martínez.

Pero las estadísticas hablan de un problema colectivo que, además de socavar la equidad y la justicia, compromete el futuro del país arrojando al mercado de trabajo a masas de jóvenes poco cualificados para afrontar la "sociedad del conocimiento". Ahora vemos en las colas del paro a esos chicos que, sobre todo en el Sur y el Levante español, abandonaron prematuramente sus estudios tras el reclamo de un buen salario en la construcción o la hostelería.

Sólo el 68% de los jóvenes españoles cursa los estudios secundarios postobligatorios del bachillerato y los Ciclos Formativos de Grado Medio, frente al 81% medio del conjunto de la OCDE. Ese dato nos sitúa a la cola de Europa, únicamente por encima de Portugal y Malta, en un momento en el que la UE aspira a que el 85% de los jóvenes menores de 22 años hayan "completado" los estudios de Enseñanza Secundaria Superior en 2010. A ese "cuello de botella" en el sistema hay que sumar una tasa de fracaso escolar del 30,8%, el doble de la media de la UE-27. "El sistema reproduce la estructura social de España. Las familias de rentas altas envían a sus hijos a las escuelas privadas, en su mayoría, regidas por la Iglesia católica, mientras que las familias de rentas medias y bajas los envían a escuelas públicas, donde se concentran los hijos de los inmigrantes. Esta polarización por clase social caracteriza el sistema escolar en España", afirma Viçenc Navarro, economista y politólogo.

De hecho, las diferencias de rendimiento escolar registradas en el Informe PISA se explican básicamente por el nivel social, tanto de los padres como de los centros. Los investigadores han llegado a la conclusión de que la variabilidad observada entre centros educativos en las pruebas de lectura está asociada en un 50% a las características del estudiante, muy particularmente, al estatus socioeconómico de su familia y también al sexo, la edad y la condición o no de inmigrante. Las características del centro influirían en los resultados en un 16%, mientras que la naturaleza competitiva o cooperativa de los métodos didácticos, los medios materiales y el tipo de gestión no superarían el 6%. Descubrir que los elementos determinantes del rendimiento escolar son, en gran medida, ajenos al sistema ha sido una gran sorpresa para muchos teóricos que fían todas las soluciones a las reformas políticas o al incremento de la financiación.

No es un secreto que los alumnos de los colegios privados (independientes y concertados) obtienen, por lo general, mejores promedios que los de las escuelas públicas, aunque tampoco es evidente que esos resultados reflejen mejoras educativas. "Los centros privados pueden conseguir un mejor clima escolar por la vía de concentrar alumnos de características parecidas, pero el rendimiento académico de los adolescentes de los centros públicos sería, incluso, superior si se descontaran los factores socioeconómicos", sostienen Calero y Escardíbul. Así, la supuesta "calidad" educativa de esos centros no sería otra cosa que la "calidad" cultural y económica de los padres que llevan a sus hijos a esos colegios.

La mayoría de los expertos opina que el nivel cultural de los padres pesa más que sus recursos económicos. Queda fuera de toda duda que el sistema muestra una enorme resistencia a ser modificado. "La segregación urbana produce segregación escolar porque los centros privados están ubicados generalmente en áreas de población de nivel socioeconómico elevado y, por lo tanto, tienen mayores probabilidades de matricular a usuarios de ese nivel", indica Escardíbul. Las familias con más recursos seleccionan con mayor cuidado el centro escolar de sus hijos. Jorge Calero y otros estudiosos ponen el acento en lo que denominan el "efecto suelo", según el cual, el temor a perder posición social y la preocupación por la formación aumentan a medida en que se asciende de clase. Por lo mismo, y a la inversa, las familias de rentas más pobres tendrían menos inquietudes de esa naturaleza por la imposibilidad misma de descender en la escala social. Según esta teoría, la actitud de los padres ante la educación estaría, pues, condicionada por el análisis coste-beneficio. Las familias de menores rentas tienen mucho más en cuenta los ingresos que se dejan de percibir por aplazar la entrada en el mercado de trabajo.

¿Es exagerado afirmar que en la medida de sus recursos, las familias "compran" el nivel social, económico y de formación de los compañeros de colegio y potenciales amigos de sus hijos? Los centros privados tienden a seleccionar a sus alumnos-usuarios y a blindarse contra los estudiantes problemáticos. De alguna manera, la particularidad de su oferta descansa, precisamente, en su capacidad de seleccionar a sus estudiantes. Y eso que en el plano académico y de la disciplina no se puede homogeneizar bajo la misma mirada prejuiciosa a todos los hijos de la inmigración. "Me gustaría tener más inmigrantes en mi clase, pero siempre que sean chinos", apunta, con un punto de humor, una profesora de un centro público de Madrid.

Aunque, según algunos teóricos, la financiación pública adicional a los centros privados apenas mejora los resultados educativos, no se puede negar que, desde el punto de vista de los intereses particulares, optar por la enseñanza privada en España es una buena inversión. Puede, incluso, decirse que es tan buen negocio privado como mal negocio para el conjunto de la sociedad. La huida de la escuela pública que las clases medias iniciaron a mediados de los noventa no se ha detenido. El número de estudiantes de las universidades privadas pasó de 58.875 a 132.794 durante los años 1995- 2003, periodo en el que la enseñanza pública superior descendió de 1.449.967 a 1.349.248 alumnos. Contra lo que se supone, la incorporación de los hijos de inmigrantes sin formación no repercute negativamente en el rendimiento escolar medio si son menos del 10% de la clase.

"Ningún otro país europeo presenta porcentajes tan altos de población en la enseñanza privada, que genera un gasto superior por alumno. En España, la escuela es clasista en lugar de ser una institución multiclasista donde cristalice el concepto de ciudadanía", critica Vincenç Navarro. Los estudios de la OCDE ponen de manifiesto el elevado peso proporcional del gasto privado español en educación, -0,5% del PIB en 2002, el más elevado de la UE a 15 -, en un país que invierte en enseñanza -4,3% del PIB en 2002- un punto menos de su PIB que los socios europeos.

En el extremo opuesto, los hijos de familias que responden a los indicativos de una madre inmigrante de cuello azul (trabajadora no cualificada) con menos de 100 libros en casa, aparecen potencialmente abocados al fracaso.

Remover las desigualdades sociales requiere que la educación sea lo más independiente posible de las condiciones socioeconómicas de los alumnos. "Habría que invertir justamente la situación actual para que la igualdad formal de oportunidades se convierta en igualdad real de oportunidades. Hay que impedir que las desigualdades de origen colonicen el sistema", subraya Jorge Calero. Según Escardíbul, la proclamada igualdad de oportunidades se resiente también porque la reserva de plazas limita la posibilidad de que los alumnos de incorporación tardía, inmigrantes, por lo general, entren en un centro concertado. La capacidad de recabar recursos económicos de las familias y de seleccionar a los alumnos de Bachillerato en función de sus notas constituye, a su juicio, otro obstáculo adicional.

"Aunque las becas y los programas de educación compensatoria cumplen una función notable, el sistema sigue siendo bastante selectivo en el acceso a los centros concertados y actúa insuficientemente en las aulas para corregir las desigualdades sociales. Las Administraciones deberían tener en cuenta que ubicar las escuelas en tal o cual zona contribuye a reducir o a incrementar la segregación", indica. El incremento de las becas y la inversión, la evaluación pública de los resultados de cada centro y la promoción del consumo familiar de bienes culturales son otras de sus propuestas.

Pero el obstáculo mayor que lastra el objetivo de la igualdad de oportunidades es el bajo nivel educativo de los padres. Aunque España es el cuarto país del mundo con mayor diferencia de nivel educativo entre la generación de los padres y la de los hijos, este despegue no le ha liberado todavía del peso inerte del pasado. El grado de formación de los padres que en 2004 tenían hijos de 17 o 18 años era el más bajo de la UE, excepción hecha de Portugal.

Los déficits académicos de los alumnos son, en buena medida, fruto de las carencias culturales de la propia sociedad. Tenemos la paradoja de que el fracaso y la repetición de curso son moneda corriente, incluso en comunidades como La Rioja o Castilla y León que, por sí mismas, podrían disputar a Finlandia y a Corea del Sur los primeros puestos de la excelencia en el Informe PISA. La tardía expansión de nuestro sistema académico hace que los escolares paguen hoy el retraso acumulado a lo largo de décadas.

El País - 07.04.09
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