O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, advertiu esta terça-feira para o perigo das medidas de apoio do Governo à crise económica camuflarem «explosões sociais», que poderão ter maiores dimensões no futuro, noticia a Lusa.
«Os trabalhadores são importantes para o país não por serem um problema social, mas porque são a força do trabalho. Quando nós vemos as preocupações centradas em tapar os buracos para que não haja explosões sociais, há que ter cuidado porque a explosão pode ser muito maior à frente, com prejuízos muito maiores para o país», afirmou Carvalho da Silva.
Em Tomar, antes de encontros com os trabalhadores da Indústria de Fibras de Madeira - IFM e da João Salvador, que se debatem com atrasos no pagamento de ordenados, o secretário-geral da CGTP classificou a visita como um acto de «solidariedade», «indignação» e de apresentação de propostas, que a União dos Sindicatos de Santarém (USS) apresentou ao Governo, através do Governo Civil de Santarém e da Associação Empresarial da Região de Santarém (NERSANT).
Defender emprego
«A preocupação, no imediato, é apenas cuidar do problema social. Se virmos o discurso dominante há preocupações com os trabalhadores, porque pode, a sua instabilização absoluta, criar rupturas sociais, explosões, portanto, há que dar umas migalhas, um subsídio a este e àquele», referiu Carvalho da Silva, realçando a necessidade de «mobilizar a sociedade para defender o emprego até ao limite».
O líder da Intersindical defendeu ainda que os trabalhadores devem ser «elementos centrais de produção de riqueza e acompanhamento dos processos das empresas e dos serviços públicos».
«Anda aí o ministro da Economia, todo contente, a distribuir cheques aos grandes patrões e estão a entregar volumes imensos de dinheiro, sem que haja acompanhamento e rigor na execução», sublinhou Carvalho da Silva, acrescentando que «é preciso fazer investimentos. O problema é o rigor, o acompanhamento e, não há dúvida, que há muita coisa que apenas está a ser camuflada».
Novas propostas para jovens
De acordo com o secretário-geral da CGTP, a «saída da crise passa, inevitavelmente, por uma mudança de práticas ao nível das empresas, mas sobretudo de propostas novas para a juventude».
«Enquanto as propostas que se fazem à juventude são salário precário, salários baixíssimos e dizer aos jovens que esta sociedade, onde é possível produzir mais riqueza do que nunca, que não vai dar os mesmos direitos e condições que dava aos seus pais e avós, não se acreditem que há saída da crise. As coisas vão ter de mudar muito e é melhor que comecem a mudar, antes que as rupturas sejam profundas», afirmou, alertando ainda para os riscos do ciclo eleitoral.
«Nós vivemos um ano eleitoral e será um drama se passarmos este ano com políticas a fazer de conta e a varrer os problemas para baixo do tapete. O esconder os problemas pode tornar a situação do país extremamente delicada. Ninguém sabe ao certo qual é o buraco no Orçamento de Estado que está a ser produzido neste momento e as eleições terminam daqui a meses, o país vai ter de continuar e alguém vai ter de pagar. Nós sabemos quem paga sempre, é preciso reagir enquanto é tempo», rematou.TVI24 - 07.04.09
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