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17/10/2009

Riqueza por habitante num mundo fortemente desigual

Portugal encontra-se entre os 40 países com um Produto Nacional Bruto (PNB) per capita mais elevado, tal como a maioria das restantes nações europeias. África é a região do globo onde se registam os valores mais baixos desta medida.

Com um PNB per capita de 22 080 dólares internacionais, Portugal ocupa a 37ª posição, atrás de países como a República Checa, Malta, Chipre e Eslovénia. Entre os países lusófonos o Brasil é o único que surge ainda na primeira metade da tabela, na 70ª posição, com um PNB por habitante de 10 070 dólares internacionais. Angola e Timor-Leste apresentam um PNB próximo dos 5 000 dólares internacionais, valor que em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe se situa em 3 450 e 1 780 dólares internacionais, respectivamente. Com um PNB per capita abaixo dos 1 000 dólares internacionais, Moçambique e Guiné-Bissau estão entre os países que apresentam para esta medida valores mais baixos.
As disparidades dos valores do PNB per capita a nível geográfico são bastante evidentes – enquanto os países da Europa Central, Norte e Sul, América do Norte, mas também alguns da Ásia, ocupam as primeiras 30 posições, os 15 países com menor PNB per capita em 2008 eram todos do continente Africano. Aliás, entre os 40 países pior classificados, 31 são africanos. A Guiné Equatorial, com um PNB per capita de 21 700 dólares internacionais é o país africano mais bem posicionado (38ª posição), seguida pelas Seychelles, três lugares abaixo. Já a maior parte dos países do leste Europeu surgem depois da 40ª posição, tal como os da América Central, do Sul e Caraíbas.
O Luxemburgo (país com o nível de riqueza por habitante mais elevado – 64 320 dólares internacionais) apresenta um PNB per capita cerca de 220 vezes superior ao registado na República Democrática do Congo, país onde esta medida assume um valor mais baixo – PNB per capita de 290 dólares internacionais. Ao comparar os 10 países com valores mais altos de PNB per capita e os 10 que apresentam os valores mais baixos conclui-se que aqueles apresentam um valor médio para este indicador cerca de 85 vezes superior a estes (50 489 e 588 dólares internacionais, respectivamente).

O quadro 2 fornece dados com um maior grau de agregação, permitindo uma análise comparativa entre os cinco continentes e entre as sub-regiões neles existentes. No continente europeu, região do mundo com maior PNB per capita, são as zonas Central e Norte que se encontram no topo, seguidas pelos países da zona Sul (onde se inclui Portugal). O Leste europeu apresenta para este indicador, em média, menos de metade dos valores registados no centro e no norte da Europa. Na Ásia a grande disparidade ocorre entre as regiões do Leste, Ocidente e Sudeste (PNB per capita varia entre os 12 000 e os 28 000 dólares internacionais) e as do Centro e Sul, que não chegam a atingir os 5 000.
Os países do Norte da América têm, em média, um PNB per capita quatro vezes superior ao das Caraíbas, região com o segundo valor mais elevado neste continente. A América Central e do Sul apresentam, nesta zona do globo, os valores de PNB per capita mais baixos.
É na Oceânia que se registam as maiores disparidades entre regiões. Enquanto a Austrália e a Nova Zelândia apresentam valores próximos da realidade verificada no continente europeu, a Polinésia, a Micronésia e a Melanésia assemelham-se à situação dos países africanos.
O valor médio do PNB per capita do Sul de África, região mais bem posicionada neste continente, é cerca de metade da grandeza atingida pela região europeia com valores mais baixos (Europa de Leste). O território ocidental do continente africano, que inclui o Togo, Serra Leoa, Níger, Libéria e Guiné-Bissau, países que se encontram nas 10 últimas posições na listagem de nações em causa (ver quadro 1), apresenta um PNB per capita, em média, de apenas 1 339 dólares americanos.
A análise destes valores para a OCDE e UE-27 permite verificar que existe uma disparidade bastante acentuada em relação aos países de África – o PNB per capita dos países que compõem aqueles agregados é cerca de seis vezes superior à média dos valores registados no continente africano.

Nota Metodológica: “O Produto Nacional Bruto (PNB) medido em Paridade do Poder de Compra (PPP GNI) resulta de uma conversão do PNB em dólares internacionais, utilizando a Paridade do Poder de Compra. Um dólar internacional representa o mesmo nível de poder de compra, relativamente ao valor do PNB de um dado país, que um dólar americano nos EUA. O Banco Mundial favorece esta medida para a medição precisa da pobreza e do bem-estar; os preços medidos localmente são substituídos por preços globais e, portanto, reflectem melhor o real valor do bem ou serviço em causa. Isto é especialmente verdade no caso dos serviços não-transaccionáveis (por exemplo cortes de cabelo), que são tidos como geradores do mesmo nível de bem-estar de um país para o outro, mas que podem ter variações alargadas quando medidos nos preços locais” (Banco Mundial, tradução própria). Ver informação metodológica veiculada nos quadros 1 e 2.

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