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26/06/2009

Levantamento de rancho em protesto

Milhares de militares recusaram ontem almoçar nas messes em protesto contra aquilo consideram ser a “degradação” da carreira militar e prometeram endurecer as acções. Em causa está a passagem à reversa compulsiva de dezenas de sargentos, as “distorções” no sistema retributivo, a ausência de enquadramento legal das missões no estrangeiro e o novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM).

Numa iniciativa promovida pela Associação Nacional de Sargentos (ANS), intitulada ‘Operação Carcaça’, milhares de militares por todo o País, segundo avançou a associação, almoçaram ontem fora das messes para uma “jornada de luta e reflexão”. “É vergonhoso o que está a acontecer [nas Forças Armadas].

Militares arriscaram a sua vida em missões no estrangeiro sem enquadramento legal, dezenas estão a ser empurrados para a reserva compulsiva, temos militares mais jovens a ganhar mais do que os militares antigos. Isto é vergonhoso”, afirmou ao CM, António Lima Coelho, presidente da ANS.

Contactado pelo CM, o Ministério da Defesa recusou comentar o protesto, enquanto os Ramos afirmaram que o mesmo “não teve expressão nenhuma”.

O novo Regulamento de Disciplina Militar é outra das preocupações: “Querem calar as vozes incómodas. Só isso explica as penas aplicadas aos militares na reserva e na reforma”, afirmou Lima Coelho, que voltou a apelar ao Presidente para não promulgar o diploma.

O dirigente associativo criticou ainda o Governo por não ouvir as associações militares em assuntos tão importantes como as carreiras militares e o sistema retributivo. “Os diplomas estão a ser feitos no segredo dos gabinetes, ao arrepio das associações sócio-profissionais.

Apenas exigimos que se respeite as leis”. E deixou um aviso: “Este foi o sentir do pulsar da nossa massa associativa. Se o Governo mantiver este caminho, vamos endurecer as acções de protesto.” Na próxima semana, vão decorrer várias reuniões entre as associações militares para analisar a situação e agendar novos protestos.

SUBDIRECTOR DO IDN DEMITE-SE

O subdirector do Instituto de Defesa Nacional (IDN), major-general Martins Branco, apresentou a demissão, alegando motivos pessoais. Mas segundo apurou o CM, estão em causa “incompatibilidades” com o director do IDN, António Telo. Contactado pelo CM, o subdirector afirmou: “Não me pronuncio sobre o assunto.” Já o Ministério de Severiano Teixeira recusou comentar. Ao regressar ao Exército, o major-general ficará na bolsa de supranumerários.

C.M. - 26.06.09

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