Mais de cinco mil pessoas manifestaram-se, dia 18, em Riga, capital da Letónia, em protesto contra as sucessivas medidas de austeridade decretadas pelo governo para fazer face à bancarrota do país.
O agravamento da situação social neste pequeno país do Mar Báltico é o resultado de cortes crescentes nos orçamentos públicos, em especial nos da Saúde e Educação. Na semana passada, dia 16, o parlamento letão aprovou um novo plano de austeridade que prevê uma redução de cerca de 10 por cento do orçamento global.
No dia seguinte, o ministro da Saúde, Ivars Eglits, anunciou a sua demissão, constatando que o Estado não poderá prestar cuidados de saúde à maioria dos letões: «enquanto médico, não o posso aceitar», declarou o governante.
A «salvação» das contas públicas implicou para já a redução do salário mínimo nacional em 20 por cento, as reformas foram encolhidas em dez por cento e, já a partir do início de Setembro, os professores sofrerão um corte de 50 por cento nos seus salários.
Muitos trabalhadores e pensionistas lutam pela sobrevivência. E é disto que se trata hoje na Letónia.
Prevendo que os professores com mais idade irão optar pela reforma, a ministra da Educação, Tatjana Koke, explicou que, apesar do valor diminuto das pensões, «poderão sobreviver no campo onde cultivarão as suas hortas» (Le Monde, 23.06).
O recurso à produção própria de alimentos parece de resto ser a saída para muitas famílias atingidas pelo desemprego ou vivendo com salários de miséria. Ainda segundo o diário francês, alguns municípios já começaram a distribuir parcelas de terra aos desempregados, de modo a que possam cultivar legumes e fazer conservas antes do Inverno.
A subida do desemprego, que já atinge 17,4 por cento da população, e as brutais reduções salariais mais não fazem do que acelerar o desmoronamento da frágil economia letã, que irá registar até final do ano uma quebra de 18 por cento no Produto Interno Bruto.
Nos outros dois países vizinhos do Báltico, a Estónia e a Lituânia, a situação também não é animadora. Neste último, o governo admitiu na semana passada que o PIB poderá cair 18,2 por cento. Mas esta previsão foi feita antes do anúncio da subida de dois por cento do IVA e da redução dos salários dos funcionários públicos em 9,5 por cento. A redução do poder de compra dos trabalhadores irá seguramente agravar a debilitada saúde da economia.
Avante - 25.06.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
25/06/2009
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