Mais uma tarde perdida e a esperança a desmoronar-se perante a falta de trabalho. A notícia de que Gaia é o concelho do país com o maior número de inscritos não ajudou a levantar o ânimo às dezenas de desempregados que, ontem, iam entrando e saindo do centro de emprego.
Alguns, pela primeira vez, ainda não refeitos do despedimento recente; outros fartos de esperar, ano após ano, por uma proposta condigna.
A estatística mais recente, de Fevereiro, mostrou que Gaia lidera a tabela, com quase 22 mil inscritos nos centros. De acordo com os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, as mulheres são as mais afectadas, dominando com cerca de 58%. E o desemprego de longa duração, superior a um ano, é quase metade, aproximando-se dos 44%.
Há menos quatro mil desempregados do que em Fevereiro de 2008, mas mais 600 pessoas increveram-se de Dezembro para Janeiro, segundo a Câmara. A indústria continua a fechar portas, levando grupos, mais do que indivíduos, a engrossar as filas do desemprego. Foi o caso de Manuela Moreira e de Fernanda Angélica, acompanhadas de meia dúzia de colegas, uma delas grávida. São de Oliveira do Douro. A empresa, de calçado, fechou a 16 de Março.
Também Fernando Santos, de 47 anos, está há pouco tempo no desemprego: dois meses. Trabalhou nove anos na Sunviauto, indústria de componentes automóveis. "Vão fazer uma fábrica grande" no estrangeiro e "mandaram para lá as máquinas", conta, explicando que "havia três turnos e agora passaram para um". Recebeu a indemnização e vai ter direito a subsídio mas não quer "passar a vida a tocar viola".
Quem já desespera é Henrique Manuel, de 52 anos, há cinco anos sem emprego, tal como Vítor Fonseca que, aos 25 anos, também não arranja um trabalho "de jeito" há cinco. Como eles, muitos chegavam ontem ao centro para actualizar os processos. Ou para pedir o o reforço do subsídio.
J.N. - 03.04.09
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