Estudantes do ensino superior do Porto manifestam-se quarta-feira, frente à Reitoria da Universidade, em protesto contra a "ineficácia e insuficiência" do sistema de acção social, numa iniciativa promovida pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras.
A acção, intitulada `Mentira do Dia: Acção Social`, terá início ás 10:00, no Campo Alegre, junto à Faculdade de Letras, seguindo depois os estudantes em marcha até à Reitoria da Universidade do Porto, onde decorrerá uma concentração de protesto.
Esta iniciativa realiza-se no quadro das acções de reivindicação aprovadas na Assembleia-Geral de Estudantes da Faculdade de Letras, realizada a 4 de Março.
O protesto dos estudantes pretende denunciar a decisão do Governo de reduzir as verbas destinadas ao ensino superior público universitário.
"Enquanto houver colegas que abandonam a universidade porque não podem pagar o que lhes é exigido para aprender, não é possível estarmos sentados nas salas de aulas e ignorar o que se passa ao nosso lado, quando, uma manhã, a cadeira do lado aparece vazia", refere o documento que anuncia a manifestação de quarta-feira a que a Lusa teve hoje acesso.
Na perspectiva dos estudantes, a criação das propinas "veio perverter dramaticamente a lógica do ensino superior", que passou a ser "um privilégio só ao acesso das famílias que consigam arcar com a despesa de uma propina de centenas de euros".
"Já não acedem à universidade os que têm desejo de aprofundar os seus conhecimentos numa área específica do saber, mas aqueles cujas famílias podem pagar esse desejo", denunciam os estudantes, frisando que "ficam de fora os que contam apenas com a sua inteligência e vontade de aprender".
Nesse sentido, os estudantes questionam se "a acção social cumpre a sua missão, impedindo que alguém deixe de estudar por não poder pagar".
"A resposta são os muitos estudantes da Universidade do Porto que já congelaram a matrícula e aqueles que nem sequer vieram ainda ao Porto, ficando com o curso em suspenso enquanto aguardam pela saída do resultado da bolsa, acumulando disciplinas em atraso que os obrigarão a demorar mais anos para concluir o curso", esclarece o documento.
Neste contexto, acrescenta que este tipo de problemas "estão na origem do abandono escolar de muitos colegas".
"É nossa responsabilidade exigir transformações urgentes e profundas no funcionamento da Acção Social, sob pena de a vermos desaparecer, afundada com a privatização da universidade", conclui.
O protesto conta com o apoio do Movimento 24 de Março, um grupo informal de estudantes que tem como objectivo denunciar situações e promover a tomada de medidas para resolver situações graves de natureza sócio-económica que afectam os alunos do ensino superior.
Na sequência das decisões adoptadas na Assembleia-Geral de Estudantes da Faculdade de Letras do Porto, está marcada para 15 de Abril uma ocupação pacífica do anfiteatro exterior daquela faculdade.
Nessa iniciativa, os alunos estarão vestidos com camisolas negras, para manifestarem o seu luto pela actual situação do ensino superior.
RTP - 31.03.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
Sem comentários:
Enviar um comentário