A dívida a fornecedores da Sonae Distribuição, que detém o Modelo e o Continente, a mais de seis meses, aumentou 100 vezes num ano. Enquanto, em 2007, a empresa apenas devia 27 mil euros, em 2008 este valor subiu para 2,7 milhões de euros
A Sonae Distribuição, empresa que detém a maior quota do mercado nacional, está a alargar os prazos de pagamento aos seus fornecedores. Segundo o relatório e contas da empresa, divulgado ontem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa do grupo de Belmiro Azevedo devia, a 31 de Dezembro de 2007, 27 mil euros a mais de 180 dias; no mesmo dia, um ano depois, este valor ascende a 2,7 milhões de euros, 100 vezes mais.
Também o valor da dívida total da Sonae Distribuição aos fornecedores - que inclui prazos até 90 dias, de 90 dias a 180 dias, e a mais de 180 dias - aumentou de um ano para o outro. Em 2007 era de 836 milhões de euros e em 2008 passou para 898 milhões de euros.
Fonte do sector confirmou ao DN que "os pagamentos estão a ser adiados aos fornecedores, e não se trata apenas da Sonae Distribuição". Já a Centromarca, associação que representa mais de 800 marcas de fabricantes vendidas em Portugal, que anteriormente já abordou esta questão, diz não ter qualquer declaração a fazer, já que "não comenta relatórios de empresas cotadas em Bolsa".
Contactada pelo DN, fonte oficial da Sonae Distribuição afirma que o valor em dívida a mais de 180 dias é inexpressivo. "Do montante global a pagar a fornecedores, 99,4% apresenta uma maturidade inferior a 90 dias - pelo que todos os restantes elementos se revelam verdadeiramente marginais no seio da actividade global da empresa", explica.
A casa-mãe do Continente e do Modelo considera também que o crescimento do volume de negócios foi superior ao aumento do número de fornecedores. "No ano passado, o volume de negócios consolidado da Sonae Distribuição ascendeu a 4,2 mil milhões de euros, o que corresponde a um aumento muito significativo de 25% face ao ano anterior. Neste mesmo exercício, o montante de fornecedores cresceu de forma muito menos expressiva (cerca de 7%), o que implica naturalmente um esforço relativo inferior face ao período homólogo".
A empresa de Belmiro de Azevedo assinala ainda o facto da componente não alimentar "estar a ganhar maior representatividade" nas vendas totais da empresa. "Este universo de produtos apresenta pela sua natureza uma rotação mais lenta face à componente alimentar, pelo que a prática universal de negócios que lhe está associada é também distinta e implica, entre outros, prazos de pagamento a fornecedores mais dilatados", acrescenta a mesma fonte.
Quanto à Jerónimo Martins, empresa de distribuição também cotada em Bolsa, não é possível saber qual o montante da dívida a pagar a mais de seis meses, já que a empresa responsável pelo Pingo Doce não divulga estes dados no seu relatório e contas.
D.N. - 02.04.09
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