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01/04/2009

Desemprego aumentou quase 50 % entre imigrantes

O número de imigrantes desempregados inscritos nos centros de emprego aumentou quase 50 por cento num ano e nos dois primeiros meses de 2009 a subida foi 27 por cento, revelam dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

No final de Fevereiro estavam inscritos nos centros de emprego 30.754 imigrantes, mais 10.000 do que no mesmo mês de 2008, quando estavam no desemprego 20.754, segundo o IEFP.

Só nos dois primeiros meses do ano, o número de imigrantes inscritos aumentou 27 por cento, resultado de um acréscimo de 6.551 face a Dezembro de 2008.

Os dados do IEFP indicam também que os imigrantes representam 6,5 por cento do total de desempregados em Portugal, que no final do mês de Fevereiro totalizavam 469.299, um aumento de 17,7 por cento face ao mesmo mês de 2008.

De acordo com o IEFP, os brasileiros são os mais atingidos pelo desemprego, que afecta já 8.722, seguindo-se os ucranianos, com 4.751, os cabo-verdianos, 3.350, e os angolanos, 3.142.

O presidente da Casa do Brasil de Lisboa, Gustavo Behr, disse à agência Lusa que os brasileiros são os mais afectados pelo desemprego porque são a comunidade mais numerosa residente em Portugal.

Gustavo Behr adiantou que o desemprego atinge toda a população portuguesa, mas os imigrantes "ficam numa situação mais complicada", uma vez que "não tem redes familiares de apoio".

Daí que, muitos dos imigrantes que perdem o emprego estejam a ponderar regressar aos países de origem, afirmou.

"Em situação de desemprego, os imigrantes ponderam se vão continuar ou não num lugar que não oferece condições", sublinhou.

No caso dos brasileiros, o responsável disse que nos últimos tempos tem aumentado o número de pessoas a regressar ao Brasil, bem como uma redução nas chegadas.

Gustavo Behr frisou igualmente que as comunidades imigrantes estão mais sujeitas ao desemprego devido à precariedade das condições laborais.

O presidente da Casa do Brasil de Lisboa disse ainda que os imigrantes inscritos nos centros de emprego têm a sua situação regularizada, tendo, por isso, direito ao subsídio de desemprego, tal como um cidadão português.

Por sua vez, Carlos Trindade, do Departamento Internacional da Central Sindical CGTP, disse à Lusa que em situação de crise os imigrantes são quase sempre os primeiros a serem despedidos porque a maioria está a contrato a prazo e em situação precária.

O sindicalista adiantou que a crise no sector da construção civil e da restauração explica os dados de desemprego por nacionalidade, designadamente os cabo-verdianos e ucranianos (construção civil) e brasileiros (restauração).

Carlos Trindade afirmou que o número de imigrantes desempregados "não corresponde à realidade, peca por defeito" e não reflecte a enorme precariedade do trabalho no mundo imigrante.

Segundo o sindicalista, existem muitos mais imigrantes no desemprego, mas os números não são conhecidos devido à situação irregular no mundo do trabalho.

D.N. - 01.04.09

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