Centenas de pessoas invadiram ontem as ruas de Londres numa série de manifestações coordenadas que terminaram em confrontos com a polícia. Seis forças de segurança lideradas pela polícia metropolitana e contando um total de 55 mil homens não foram suficientes para conter os protestos.
Até ao fecho desta edição, 24 pessoas tinham sido detidas em frente ao Banco de Inglaterra, onde se concentraram cerca de quatro mil pessoas em protesto contra a globalização e o capitalismo.
Os confrontos rebentaram quando um grupo de manifestantes apedrejou o edifício do Royal Bank of Scotland e conseguiu entrar pelas janelas.
A polícia de choque encerrou a zona impedindo a passagem de automóveis e pessoas. Várias pessoas foram apanhadas entre os confrontos - incluindo alguns portugueses.
"Não tenho medo mas não estou de acordo com o uso da violência", disse Francisco Castelo Branco, um jovem estudante português que estava de passagem na área.
Num outro incidente, por volta das 16 horas, várias pessoas ficaram feridas após terem sido travadas pelos bastões da polícia de choque. Uma mulher foi transportada para um hospital local, inconsciente. Não foram, no entanto, apenas grupos organizados que compareceram no encontro.
"Eu não faço parte de qualquer grupo ou organização mas vim aqui hoje para mostrar a minha revolta contra esta situação. Estamos todos cansados destas políticas injustas e isto tem que ser dito", explicou Rob Smith, um técnico informático britânico.
A maioria dos protestos, que começaram logo de manhã e durarão até amanhã, decorreram de forma pacífica e a violência foi provocada por grupos esporádicos.
"Estas manifestações são grandes e envolvem muitos grupos, é difícil que não haja confrontos", defendeu o português Guilherme Rosa, que trabalha para um banco português no centro de Londres.
Um outro português, Edgar Pegado, defendeu que "a violência, embora não concorde com ela, é uma forma de campanha".
Noutras zonas da cidade, cerca de 150 pessoas montaram um campo de protesto pelo ambiente, junto ao European Climate Exchange e quase duas mil pessoas levaram a cabo uma caminhada que partiu da embaixada dos Estados Unidos até Trafalgar Square.
Um mapa com 125 possíveis alvos foi, entretanto distribuído pelos grupos de campanha como forma de encorajamento aos protestos.
Ao final do dia de ontem, esperavam-se mais confrontos à medida que as diferentes manifestações se dirigiam para o bairro financeiro da cidade.
A megaoperação policial montada em redor da cimeira G20 custará ao estado britânico quase oito milhões de euros e envolve o recurso a 3 mil câmaras monitorizadas em directo durante os dois dias.
Estas estão estrategicamente posicionadas para acompanharem o movimento dos líderes mundiais que se encontram reunidos em Londres, bem como os principais alvos de protestos.
D.N. - 02.04.09
Sem comentários:
Enviar um comentário