As trabalhadoras por conta de outrem do sector privado recebiam no ano de 2006, em média, 693 euros. Entre os homens esse valor era de 861 euros. O gráfico 1 demonstra que esta desigualdade manifesta-se em todos os distritos do país. Lisboa é aquele em que as remunerações médias de homens e mulheres são maiores. Bragança, por seu lado, assume-se como o distrito no qual as remunerações do trabalho recebidas pelos homens são mais baixas (627 euros), enquanto Braga é o que regista a média mais baixa entre as mulheres (549 euros). O gráfico 2 ilustra com nitidez a relação existente entre o montante das remunerações e o nível de escolaridade atingido. De facto, quanto maior é o nível de escolarização mais volumosa é a remuneração auferida. Repare-se que os valores são sempre mais elevados para o sexo masculino do que feminino em todos os níveis de escolaridade. Comparando as remunerações médias dos homens com o nível de escolaridade mais baixo (com menos do que o 1º ciclo) face ao auferido pelos que se doutoraram, percebe-se que os segundos recebem em média mais 1854,3 euros mensais do que os primeiros – o que equivale a uma diferença de 347,0%. No caso das mulheres essa diferença é de 1182,4 euros, correspondente a uma variação de 258,4%. O gráfico 3 dá conta da distribuição das remunerações médias dos homens e das mulheres de acordo com as actividades profissionais desempenhadas (agregadas em nove categorias de grandes grupos profissionais). O grupo profissional no qual as remunerações são mais elevadas, tanto para os homens como para as mulheres, é o dos Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresas, seguido pelo grupo dos Especialistas das Actividades Intelectuais e Científicas. Estas duas categorias destacam-se pelo facto de agruparem profissões que tipicamente invocam altos níveis qualificacionais e/ou implicam o exercício de autoridade/supervisão. A categoria dos Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio regista também uma média de remunerações acima de 1000 euros para os dois sexos. Nos restantes seis grandes grupos profissionais os valores fixam-se sempre abaixo desse patamar. Os gráficos seguintes medem as diferenças percentuais entre os rendimentos de homens e mulheres tendo em conta a sua actividade profissional, distrito e escolaridade. A primeira informação a retirar do gráfico 4 (esquerda do ecrã) prende-se com o facto de, em média, os montantes remuneratórios recebidos pelos homens serem 24,1% superiores aos auferidos pelas mulheres. Nota Metodológica: os dados apresentados dizem respeito às remunerações base auferidas pelos trabalhadores por conta de outrem do sector privado, no ano de 2006 (mês de Outubro). A remuneração base é o “montante ilíquido (antes da dedução de quaisquer descontos), em dinheiro e/ou géneros, pago com carácter regular e garantido aos trabalhadores no mês de referência e correspondente ao período normal de trabalho. Inclui o montante pago por dias feriados, férias e faltas justificadas que não impliquem perda de remuneração.”
Se compararmos as remunerações médias mais altas e mais baixas nos distritos que integram o gráfico 1, tendo em conta a variável sexo, conclui-se que em Lisboa os homens ganham em média mais 507 euros do que em Bragança (uma variação de 80,9%), enquanto no caso das mulheres os valores para o distrito de Lisboa são superiores face ao registado em Braga em 349 euros (uma variação de 63,6%).
De referir apenas que os rendimentos dos homens licenciados são ligeiramente superiores aos auferidos pelos que concluíram o mestrado, único exemplo que contraria a regra da relação positiva entre remuneração e escolaridade.
O nível remuneratório mais reduzido para os homens encontra-se na categoria dos Trabalhadores Não Qualificados dos Serviços e do Comércio (527,2 euros); entre as mulheres, tal sucede no grande grupo profissional dos Operários, Artífices e Trabalhadores Similares (445,7 euros).
Os salários auferidos pelos homens são superiores aos das mulheres em todos os grupos grandes profissionais.
A categoria profissional dos Operários, Artífices e Trabalhadores Similares, mas também a dos Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresas, são as que apresentam um nível de desigualdade mais amplo (diferença remuneratória de 40,8 e 39,3%, respectivamente). O grande grupo profissional que apresenta uma menor desigualdade na distribuição das remunerações entre homens e mulheres é o dos Profissionais Administrativos e Similares (GGP4), com uma diferença de 10,9%.
Observando agora o gráfico 5 (centro do ecrã), percebe-se que Setúbal assume-se como o distrito onde a diferença das remunerações de homens e mulheres atinge uma expressão mais elevada (31,6%); segue-se-lhe Aveiro, distrito no qual a remuneração média dos homens é 29,7% superior ao das mulheres. Bragança e Vila Real, por seu lado, são os que registam uma desigualdade menos expressiva.
O gráfico 6 (direita do ecrã) revela que as maiores diferenças remuneratórias entre homens e mulheres ocorrem entre os grupos sociais mais escolarizados. As remunerações médias dos homens licenciados são 50,5% superiores às auferidas pelas mulheres com igual qualificação escolar. De resto, entre a população detentora de um título académico, essa diferença é sempre superior a 44,0%. Os trabalhadores sem qualquer habilitação escolar são os que apresentam desigualdades remuneratórias menos expressivas: 16,8%.
Observatório das Desigualdades - 01.04.09
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