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06/10/2009

Cáritas vai dar vales de refeição a quem enfrenta "pobreza envergonhada"

A Cáritas Portuguesa irá iniciar a distribuição de vales de refeição com o objectivo de combater o fenómeno da pobreza envergonhada. Através de um protocolo que será assinado, no próximo dia 14, com a Ticket Restaurant, a Cáritas irá facultar talões de refeição com valores de cinco, dez ou 15 euros, para pessoas que vivem situações de privação e que nem sequer conseguem pedir ajuda a instituições de solidariedade.

"Já estão a aparecer pessoas sem subsídio de desemprego, porque acabou o tempo" desse apoio social, e "é de prever que a situação se agrave no próximo ano", diz ao PÚBLICO Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas.

Os vales, que serão distribuídos pelas Cáritas diocesanas, permitirão que as pessoas possam ir a qualquer supermercado abastecer-se de bens essenciais. Assim evitarão deslocar-se a uma instituição de apoio, vendo a sua situação revelada publicamente.

Para chegar a essas pessoas, o presidente da Cáritas diz que é essencial o contributo de outros (familiares, vizinhos, amigos) e de elementos das próprias instituições de solidariedade social. "O desafio é ir ao encontro dessas pessoas, não esperando que elas venham pedir ajuda, respeitando a sua vontade, a discrição necessária, as redes familiares e as redes de vizinhos", diz Eugénio Fonseca.

Apoios só em Portugal

As verbas necessárias para pagar as senhas virão de várias iniciativas públicas da instituição católica: a campanhaDez milhões de estrelas(na altura do Natal), o peditório do Dia Cáritas (Março) e a renúncia quaresmal de várias dioceses - o produto entregue pelos católicos como resultado de formas alternativas de jejum, durante o período que antecede a Páscoa. Outra forma de contributo será a compra directa de vales por quem estiver interessado, que depois poderão ser entregues nas Cáritas diocesanas. Também em escolas ou infantários poderão ser utilizados ostickets de refeição, como forma de pagamento de mensalidades. Nesta situação, a verba pode chegar aos 25 euros. Para já, a Cáritas irá fazer uma campanha para a divulgação da iniciativa. Eugénio Fonseca espera uma boa adesão dos portugueses.

As verbas a recolher na campanhaDez milhões de estrelas, realizada durante o mês de Dezembro, tinham normalmente uma parte (35 por cento) para apoio a projectos da Cáritas em países em vias de desenvolvimento. Mas desta vez, Eugénio Fonseca diz que esse dinheiro irá todo para o apoio a desempregados e a situações de "pobreza envergonhada", uma decisão tomada na semana passada pela comissão permanente da Cáritas Portuguesa. A decisão prende-se com o facto de várias Cáritas diocesanas estarem também a enfrentar dificuldades para apoio aos mais necessitados e a casos de desemprego.

Eugénio Fonseca acredita que o número de desempregados é superior ao indicado nas estatísticas oficiais. "Há pessoas que não vão aos centros de emprego, por já não acreditarem em saídas."

Público.pt - 06.10.09


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