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07/10/2009

Malparado de particulares já soma 3,7 mil milhões

A procura de crédito está estagnada, mas os valores do malparado de particulares continuam a aumentar, apesar de estas dívidas darem sinais de abrandamento. Nas empresas, contudo, os montantes de cobrança duvidosa continuam a 'disparar'.

As dívidas de crédito dos portugueses à banca não param de aumentar, atingindo em Agosto o valor mais alto desde há 12 anos, ou seja, desde que há séries estatísticas.

São 3,7 mil milhões que os particulares têm em malparado nos bancos, um crescimento absoluto de 34% face a igual mês de 2008 e mais 100 milhões de euros que no mês anterior, de acordo com os últimos dados divulgados ontem on-line pelo Banco de Portugal.

Este aumento contrasta com a continuada "travagem" na concessão de novos empréstimos: em Agosto, o saldo total de crédito a particulares aumentou apenas 1,1% face a igual mês de 2008, somando 135 mil milhões de euros. Sendo o tradicional mês das férias, poderá não ser a altura propícia para a concretização de alguns projectos, o que explicará, em parte, o reduzido aumento.

Como resultado destas duas realidades - redução na concessão com aumento do malparado -, o rácio de crédito vencido sobre o crédito total aumentou 35% nos dois meses em análise, passando de 2% para 2,7% do total.

Apesar dos aumentos significativos, as taxas de variação dão sinais de algum abrandamento. Assim, os valores absolutos do malparado na habitação crescem, de Agosto a Agosto, 21,7%, contra aumentos na casa dos 25% há três e quatro meses.

Nos primeiros oito meses do ano, o acumulado em cobrança duvidosa para a compra de casa atingiu os 1,8 mil milhões de euros, com o seu rácio sobre o total para este fim a passar de 1,4% em Agosto de 2008, para 1,7% em igual mês deste ano, resultando numa variação de 21,4%.

No consumo, a tendência é idêntica. Depois de ter aumentado, em termos absolutos, com variações na casa dos 60% durante alguns meses, o malparado resultante do não pagamento da prestação do carro, electrodomésticos ou até mesmo de créditos pessoais, subiu 52,9% em Agosto face a mês homólogo de 2008, ou seja, passou de 691 milhões para 1057 milhões de euros.

O saldo dos empréstimos para este fim cresceu 2,3%, para os 15,4 mil milhões de euros, o que faz com que o rácio de incumprimento seja de 6,8%, contra 4,5% em igual mês do ano passado (mais 51,1%). Em época de fraco consumo privado e aumento dos níveis de poupança, os portugueses racionalizam o seu consumo e, por consequência, reduzem a procura de novos empréstimos ao consumo. Um exemplo desta situação é a que resulta da menor venda de automóveis.

Se nos saldos do crédito o abrandamento da procura é visível, na concessão de novos empréstimos a particulares esta realidade é mais evidente. A par da menor procura, há que ter conta as dificuldades acrescidas por parte dos bancos na hora de conceder um novo empréstimo. A nova produção (empréstimos contratados no mês em causa) continua a apresentar variações homólogas negativas.

Assim, os novos empréstimos à compra de casa concedidos em Agosto totalizaram 773 milhões de euros, contra 899 milhões em igual mês de 2008, uma quebra de 14%.

No que respeita ao financiamento do consumo, foram atribuídos naquele mês 211 milhões de euros, menos 25% do que em Agosto do ano passado.

D.N. - 07.10.09

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