“Há uma ansiedade muito grande nos trabalhadores, que querem ver a situação clarificada. Impõe-se que o gestor judicial procure acelerar o processo o mais possível e que se fale verdade às pessoas”, afirmou após um plenário de trabalhadores, na fábrica de cerâmica.
Carvalho da Silva deixou uma mensagem de esperança aos operários que estão com os contratos suspensos (apenas um pequeno grupo assegura serviços de manutenção) e tinham os salários congelados desde 2002.
“Estes trabalhadores, ao longo de sete anos, abdicaram de aumentos salariais, fizeram esforços e mais esforços, a empresa foi de mal a pior, há aqui comportamentos de gestão inadmissíveis mas há que não deixar morrer a esperança”, disse.
O líder da CGTP-IN pediu ainda para que “não se deixe apagar a chama da possibilidade de revitalização desta empresa e de a voltar a colocar em funcionamento”, mas advertiu que para que isso aconteça “tem de haver muito rigor”.
“Este é mais um caso em que os sacrifícios dos trabalhadores apenas serviram para pôr do outro lado mais um pedaço de riqueza”, disse, sublinhando que a Poceram tinha “encomendas, mercado, trabalhadores com qualificação e ‘know how’ para se revitalizar”.
Carvalho da Silva defendeu uma justiça “muito mais célere nos processos de falências e paragens (de laboração) das empresas”.
“Há aqui pessoas a trabalhar todos os dias e a quem não é dito como lhes vão pagar os salários, nem quando. São situações de imoralidade absoluta”, lamentou.
À saída do plenário, alguns trabalhadores manifestaram-se sem esperança na recuperação.
“Andamos nisto desde Abril, hoje uma reunião, no outro mês outra reunião, andamos à espera mas já não há nada a fazer. Duvido que reabra”, disse Aduzinda Nujo, há 32 anos na fábrica.
Rui Lopes, 47 anos, disse que estão a viver “uma novela”, realçando que Carvalho da Silva transmitiu “um bocado de força para ver se o pessoal aguenta mais um bocado”.
Coimbra é, na opinião de Carvalho da Silva, “uma das regiões do país que retrata de forma mais profunda e mais violenta os erros estratégicos que se cometeram nas últimas décadas”.
“Vemos aqui sector produtivo destruído um atrás do outro, sempre em nome da modernidade e vivemos num tempo em que, mais do que nunca, se demonstra que não há desenvolvimento sem sector produtivo e também não é solução reduzir os salários dos trabalhadores”, disse.
Um novo plenário de trabalhadores, com a participação do gestor judicial, ficou marcado para dia 14 e a primeira assembleia de credores está agendada para 17 de Novembro.
Público.pt - 08.10.09
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