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08/10/2009

Insolvências cresceram 42% nos primeiros nove meses

Número de falências na construção aumentou mais de 19%, mas os construtores alertam que a situação vai continuar a agravar-se e levar ao desaparecimento de 95 mil postos de trabalho. As insolvências nos serviços triplicaram e o têxtil registou um acréscimo de 27%

O número de insolvências em Portugal agravou-se nos primeiros nove meses do ano, registando um crescimento de 42% face a igual período de 2008. Até Setembro, os tribunais registaram 3626 novas falências, números que, comparados com o trimestre anterior, representam um agravamento de 29%.

Os dados são da área de administração de riscos da Crédito y Caución, companhia de seguros que acompanha as insolvências publicadas em Diário da República. E de acordo com o levantamento realizado, e ontem divulgado, os níveis de falências triplicaram no sector dos serviços face a 2008, convertendo-o no principal gerador de insolvências judiciais. Com 727 processos, o sector foi responsável por 33% do total das falências ocorridas em Portugal nos primeiros nove meses do ano.

Já o sector da construção, a braços com uma crise que se arrasta desde 2002, gerou 15,1% do número total das insolvências. Em causa estão 328 processos, o que representa um agravamento de 19,2% face às falências de construtoras nos primeiros nove meses de 2008.

Em terceiro lugar surge o têxtil, que contribui com 10,8% para o total das insolvências. O número no sector passou de 185, até Setembro de 2008,para 235 nos primeiros nove meses deste ano, o que corresponde a um crescimento de 27%. A distribuição alimentar representa 6,7% das falências e as madeiras e mobiliário 5,7%.

Números que não surpreendem o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), atendendo à difícil conjuntura de mercado. "O ano de 2009, em especial o primeiro semestre, foi bem mais difícil do que 2008 e as empresas estão com quebras de actividade muito próximas dos 20%, enquanto as exportações caíram 18% até Junho", diz João Costa. E acrescenta: "É natural que tenha havido muitas empresas em dificuldades, seja porque não estivessem devidamente estruturadas, seja porque a realidade foi de tal forma avassaladora que a isso as levou".

João Costa lembra, no entanto, que haver um grande número de insolvências não é demonstrativo da dimensão porque "o mais natural é que sejam as mais pequenas e frágeis, e que em dimensão de negócio e emprego podem não representar muito".

Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte, também não se deixou surpreender, admitindo, inclusivamente, que a situação possa ser bem mais difícil. "Estes dados só reflectem as insolvências já declaradas, não contam com as empresas em dificuldades.

D.N. - 08.10.09


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