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08/10/2009

Devolver cartão de crédito para não cair em tentação

Por não conseguirem pagar as prestações, ou para não caírem na tentação de os usar, há cada vez mais pessoas a devolver cartões de crédito. Não se sabe quantos, em Portugal, mas em Espanha foram devolvidos 1,3 milhões de cartões.

Por cá, sabe-se que, em Setembro, havia menos 60 mil cartões de crédito e de débito (os chamados Multibanco) activos em Portugal do que no mesmo mês do ano passado. A quebra é tanto mais expressiva quanto se sabe que, tradicionalmente, o número de cartões subia a cada ano que passava. E confirma o testemunho de três fontes bancárias ouvidas pelo JN, segundo as quais é cada vez maior o número de pessoas que tomam a iniciativa de devolver os cartões de crédito ao banco.

"Há cada vez mais pessoas a devolver os cartões de crédito - e até de débito - por não conseguirem fazer face às prestações mensais", referiu uma fonte de um dos maiores bancos privados em Portugal. "É um fenómeno que verificamos todos os dias e que está em crescendo", acrescentou.

"É verdade", assinalou outra fonte bancária. "Há cada vez mais casos de má utilização do crédito associado ao cartão. Mas a novidade é que também há muitas pessoas a devolvê-los, para evitarem a tentação de os usar".

A questão está "na forma como se usa o cartão", acrescentou uma terceira fonte bancária. "Se as pessoas pagarem , ao final do mês, a totalidade do que gastaram, não há problema. A verdade é que isso acontece cada vez menos. E ninguém pensa nos 26% ou 29% de juros cobrados, caso o pagamento não seja feito na íntegra", disse.

Além disso, os bancos estão também a reclamar a devolução dos cartões de crédito, por incumprimento, e a baixar "drasticamente" o "plafond" concedido. "Antes, dávamos com facilidade 5 mil euros, ou mais, de crédito associado ao cartão. Agora, vai tudo corrido com 500 euros. Depois, em função do comportamento do cliente, logo se vê se há condições para aumentar o 'plafond'", disse uma das fontes.

Não foi possível obter mais esclarecimentos junto do Banco de Portugal, de fontes oficiais dos cinco principais bancos a operar no país nem da Associação Portuguesa de Bancos.

J.N. - 08.10.09

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