A Câmara Municipal de Vagos estabeleceu, em 2002, um protocolo com o Ministério da Saúde, com vista à construção das novas instalações do Centro de Saúde de Vagos, situadas em frente à Escola Secundária.
Neste negócio, a autarquia assegurou a compra dos terrenos para o novo CSV, assim como os terrenos e a construção de uma extensão de saúde na freguesia de Ponte de Vagos. O investimento total rondou os 600 mil euros. Em contrapartida, a Câmara assegurou o Serviço de Atendimento Médico Prolongado no município e recebeu o imóvel do antigo Centro de Saúde de Vagos , à saída da vila.
As novas instalações do Centro de Saúde de Vagos abriram ao público em Setembro do ano passado, mas o acordo apenas ficou concluído esta 4ª feira, com a entrega da chave das instalações. Segundo o edil Rui Cruz, a demora "prendeu-se com um conjunto de equipamentos que não mudaram para o novo centro e eles [Centro de Saúde de Vagos] tiveram dificuldade em retirar do local".
Agora que está "na propriedade e posse do imóvel", a Câmara de Vagos pretende "recuperar o edifício", adaptando-o para "várias valências sociais e culturais", disse Rui Cruz, sem avançar pormenores.
Documentos com dados pessoais de utentes do Centro de Saúde de Vagos, caixas com medicamentos e até seringas ficaram "esquecidos" nas antigas instalações, devolutas, mas com porta destrancada. Agrupamento desconhece
Uma porta lateral destrancada e dois vidros partidos tornam fácil a entrada de qualquer pessoa no antigo edifício do Centro de Saúde de Vagos (CSV), desocupado desde que os serviços foram transferidos para um novo edifício, em Setembro do ano passado. Numa visita às instalações, o JN encontrou diversos documentos, alguns dos quais apresentam dados pessoais de utentes do CSV e estão encimados pela referência "entregar em Aveiro para destruir".
Espalhados pelo chão encontram-se, ainda, seringas usadas, radiografias e dezenas de caixas cheias de medicamentos, fazendo do espaço uma espécie de 'farmácia aberta' de acesso indiscriminado e sem qualquer controlo. Desde contraceptivos orais até Prexige (anti-inflamatório), Stagid (diabetes), Sertralina (antidepressivo) ou Viagra (disfunção eréctil), é possível encontrar um pouco de tudo.
O vaguense Alírio Matos, que denunciou a situação ao JN e, em simultâneo, à Câmara Municipal de Vagos (CMV), não poupa críticas. "Fui lá em Maio, por curiosidade, e encontrei a porta do lado norte apenas no trinco e alguns vidros partidos, provavelmente por actos de vandalismo. Voltei na semana passada e estava tudo na mesma. Qualquer um chega lá e faz um 'cocktail' com aquelas drogas todas ou leva para casa o que lhe apetecer. São medicamentos, documentos, disquetes, tudo espalhado pelo chão e à mão de qualquer um", lamentou.
O JN tentou contactar a actual coordenadora do Centro de Saúde de Vagos, mas de manhã esteve em consultas e de tarde saiu para férias, segundo nos informaram. Também o anterior director, em funções na altura da mudança de instalações, está de férias.
Já Fernanda Loureiro, directora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga II, onde se inclui o município de Vagos, mostrou-se surpreendida quando o JN questionou a existência de documentos e medicamentos nas antigas instalações. "Mas que medicamentos?", perguntou, antes de adiantar que "o edifício foi entregue à Câmara esta semana e, antes, o edifício e o que estava lá dentro era propriedade do Centro de Saúde". "Se arrombaram portas não sei, nunca ninguém me informou da situação", disse, escusando-se a fazer mais comentários.
Rui Cruz, presidente da CMV, que recebeu a chave das instalações esta 4ª feira, na sequência de um protocolo firmado com o Ministério da Saúde em 2002, garantiu que vai proceder "à "limpeza e vedação do espaço". Ontem, às 19.30 horas, a situação mantinha-se no antigo Centro de Saúde. O JN tentou durante o dia de ontem mas não conseguiu falar com a Comissão Nacional de Protecção de Dados.
J.N. - 01.08.09
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