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30/07/2009

Ficar com o menino nos braços

Jorge Messias

Assim vai a vida de Sócrates... é como um balão que se esvazia! Fala e pavoneia-se mas não convence ninguém. E quando acontece a um político e homem de chicanas (tal como Sócrates revela na verdade ser) fazer streap-tease mesmo à beira das urnas e não captar simpatias, não convencer ninguém, a sentença popular fica ditada de antemão. Esperamos que nas próximas eleições Sócrates seja humilhado e não devemos lamentar que isso aconteça.
No discurso que o caracteriza e é extensível à sua lustrosa caravana, o que deveria ser mensagem política transformou-se em megalomania e paranóia pessoal. Ainda há poucos dias, arrastado pela torrente das palavras gratuitas, Sócrates proclamou aos quatro ventos ter sido, de longe, o primeiro-ministro mais competente de quantos já passaram pela chefia do Governo... Aliás, todas as suas declarações políticas afinam pelo mesmo diapasão.
A ruína do País é evidente. Os principais índices económicos e sociais são negativos e não cessam de agravar-se. O produto nacional é o mais baixo de sempre, o desemprego e o trabalho precário ultrapassam, sem sombra de dúvida, os 10% e continuam a galopar a despesa, a dívida pública e o fosso entre a riqueza e a pobreza. Segundo dados oficiais recentes, há no país cerca de 11 mil milionários que a banca namora avidamente. Por outro lado, são astronómicos os níveis de endividamento das empresas e das famílias.
Aos efeitos demolidores da crise financeira do mundo capitalista junta-se, no caso português, a degradação da vida económica e financeira nacional causada pelas políticas conduzidas pelo Governo «socialista». Toda a malha do tecido social e económico que a Constituição prevê como base principal da economia do Estado vai sendo sistematicamente destruída pelo neoliberalismo oportunista. Sucedem-se febrilmente, em todas as áreas económicas, as privatizações e as reprivatizações dos bens do património nacional. Entretanto, o País desperta e os portugueses compreendem que vivem numa pátria coberta de lama, controlada por máfias, sem trabalho, sem ordem e sem justiça e sem ideais.
É a este catastrófico estado de coisas que urge pôr cobro. Se Sócrates e os seus cúmplices criaram um monstro, eles que fiquem agora com o menino nos braços.

Crime e castigo

Não nos deixemos de novo enganar. Não há tempo nem espaço para novos enganos. A questão central que nos é colocada nos próximos actos eleitorais será a de saber-se se queremos patinhar no pântano ou repor em primeiro plano os princípios generosos do 25 de Abril. E, se esta última alternativa for a que escolhermos, temos de «limpar a casa», arrumar as coisas e começar de novo. Um voto que se esgota nas urnas é quase nada, não faz grande sentido. Para os verdadeiros democratas, o acto de votar é apenas o início da acção, de um ciclo novo da participação colectiva. Defendemos o direito ao voto e exigimos que ele seja respeitado nos quadros da liberdade, da igualdade e da fraternidade entre os cidadãos honestos e livres. Mas a defesa da democracia tem de ser permanente e dar continuidade ao acto eleitoral. Devemos fazer das nossas vidas uma força motora que gere as liberdades efectivas, os direitos, a justa distribuição da riqueza e a cidadania. Os bandos organizados de salteadores políticos não entram neste nosso universo. É forçoso castigá-los pelo voto e nas urnas. Para, depois, voltarmos à construção de uma nova sociedade.
Sócrates é um malabarista que joga com os duplos sentidos. Para ele e para os seus pares, a moral é o lucro, aquilo que mais der conforme as ocasiões. Por isso, refere constantemente os valores que secretamente despreza e manipula. Deus, Pátria, Família, Igualdade, Liberdade, Fraternidade, Repartição Justa da Riqueza, tudo é bom para ele se lhe der em retorno lucro e poder.
Os comunistas têm uma ética que se liga à acção e à noção de justiça. Por isso, condenam e não praticam o roubo, a mentira ou a divisão dos homens em castas de senhores e de servos. Denunciam os governos e as igrejas que encobrem os crimes e os abusos e se deixam comprar. Invocam Lénine que afirmou: «A luta de classes continua e é nosso dever subordinar-lhe todos os nossos interesses ... Dizemos: é moral o que serve para destruir a antiga sociedade exploradora e para unir todos os trabalhadores em redor do proletariado, classe criadora da nova sociedade comunista».
As perspectivas são boas. Liguemos os ideais à acção. Vamos votar!

Avante - 30.07.09

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