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18/02/2010

Pelos contratos e melhores salários: Indústria em luta

Cerca de 600 representantes de trabalhadores de empresas do sector automóvel e metalurgia, das indústrias químicas e da fabricação de material eléctrico manifestaram-se sexta-feira nas ruas de Lisboa.

Esta acção - a que se seguirá, no dia 12 de Março, uma jornada nacional - foi convocada pela Fiequimetal/CGTP-IN e pelos sindicatos filiados, para exigirem, do Governo e das associações patronais, «a rápida revisão dos salários, a normalização dos processos negociais, a revogação dos avisos de caducidade indevidamente publicados e o respeito pelos direitos consagrados na contratação colectiva». Isso mesmo ficou expresso na resolução que foi aprovada no final da jornada, frente ao Ministério do Trabalho. Antes, os motivos de luta tinham sido gritados, em palavras de ordem - «Negociação, sim! Imposição, não!», «É mesmo necessário, o aumento do salário!», «Está na hora, está na hora! Os contratos cá para fora!», «Direitos conquistados não podem ser roubados!», ou «O custo de vida aumenta, o povo não aguenta!» - e em documentos entregues em mão, nas sedes de duas associações patronais.
A jornada de 12 de Fevereiro, integrada na acção nacional descentralizada que a CGTP-IN está a desenvolver durante este trimestre, iniciou-se com uma concentração, junto da associação patronal das Tintas e Vernizes, na Rua Dona Filipa de Vilhena, para exigir a negociação do contrato colectivo das indústrias químicas. Atendendo ao pedido dos representantes patronais, a caducidade deste contrato foi aceite em Outubro pelo Ministério do Trabalho. Ali reuniram-se, cerca das 14.30 horas, dirigentes e delegados sindicais e membros de comissões de trabalhadores da Química e de outros sectores, vindos do Norte e Centro.
Por essa hora, outro grupo de representantes dos trabalhadores, de Lisboa, Setúbal e distritos do Sul, reunia-se no Sindicato do Comércio, no Largo de Dona Estefânia.
Convergiram, em manifestação, para a zona do Arco do Cego e, juntos, seguiram para a Rua Guerra Junqueiro. Aqui, junto da sede da associação patronal do material eléctrico e electrónico (ANIMEE), protestaram contra o boicote da negociação do contrato colectivo do sector e e exigiram que sejam respeitados os direitos dos trabalhadores nele consignados.
Enquanto decorria, alguns minutos depois, a concentração, na Praça de Londres, uma delegação foi solicitar à ministra uma reunião urgente com a Fiequimetal (Federação dos Sindicatos das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas), que pretende ver alterada a posição do Ministério do Trabalho e dos seus serviços, acusados de se colocarem ao lado dos patrões.
As críticas ao comportamento do Ministério, da DGERT (Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho) e do Governo, em geral, marcaram as intervenções de João Silva, coordenador da Fiequimetal, e de Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP-IN, que sublinharam a necessidade de prosseguir a luta nas empresas.

Decidido!

Os representantes dos trabalhadores, como se refere na resolução de dia 12, decidiram:
1. «Reclamar, directamente das empresas dirigentes patronais, que dêem instruções aos seus representantes para retomarem as negociações, de boa-fé, com base em propostas compatíveis com os direitos em vigor e dando prioridade à actualização dos salários»;
2. «Porque os trabalhadores não podem esperar mais, reivindicar desde já, directamente nas empresas, aumentos salariais, que garantam a recuperação do poder de compra perdido nos últimos anos e nunca inferiores ao valor da actualização do salário mínimo nacional»;
3. «Reclamar do Ministério do Trabalho que agende as reuniões pedidas, que revogue os avisos de caducidade indevidamente publicados, que promova a contratação colectiva e faça cumprir os direitos ameaçados pelo patronato»;
4. E, «por estes objectivos, apelam aos trabalhadores para que unam esforços numa Jornada Nacional de Luta, com paralisações do trabalho e acções de protesto nas empresas e na rua, a realizar no próximo dia 12 de Março, para a qual devem ser emitidos pré-avisos de greve».

http://www.avante.pt/noticia.asp?id=32566&area=4

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