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17/02/2010

Trabalhadores da ex-Maconde vão pedir rescisão dos contratos em Março

Os trabalhadores da Macvila e Mactrading (ex-Maconde) vão rescindir o contrato por justa causa no dia 1 de Março, caso a empresa “mantenha os três meses de salários em atraso”.

A decisão foi anunciada por Carla Cunha, da Comissão de trabalhadores (CT), depois de um plenário, com todos os funcionários da empresa, que decorreu durante a tarde de hoje.

Antes da rescisão, os 394 funcionários da têxtil marcaram uma greve para os dias 24, 25 e 26 de Fevereiro”, anunciou Carla Cunha, justificando que a “situação ficou insustentável”.

A operária lamentou ainda a atitude da administração da unidade que “não tem dito nada e fez um muro de silêncio em relação à nossa situação na fábrica”.

“Já nos pediram calma e paciência, mas, agora, não dizem absolutamente nada”.

No dia 12 deste mês, a empresa pagou os 50 por cento do subsídio de férias apenas aos trabalhadores da Mactrading, deixando de fora os da Macvila.

Carla Cunha defende que foi “uma tentativa de dividir os operários da fábrica”, mas acrescenta que “estamos cada vez mais unidas e vamos, em conjunto, lutar pelos nossos interesses e agir como se fossemos uma pessoa só”.

Entretanto, a sindicalista também criticou o facto de a “Mactrading se ter apresentado à insolvência, a semana passada, no Tribunal do Comércio de Gaia, por dívidas de mais de 3 milhões de euros”, mas, e sobre isso, “a administração também nada comunicou”.

No dia 1 de Março, os trabalhadores voltam a reunir em mais um plenário, que vai decorrer das 14h00 às 17h00, “para tirar todas as dúvidas acerca das rescisões”, explicou ainda Carla Cunha que agora começa a “acreditar que este é mesmo o fim de uma grande empresa”.

A Maconde, agora Macvila e Mactrading, era uma empresa de referência na área do têxtil em Portugal.

Há cerca de dois anos, e perante dificuldades financeiras, pediu um apoio ao IAPMEI para recuperar da crise, tendo-lhe sido concedida uma verba de mais de seis milhões e meio de euros.

Na altura, a têxtil comprometeu-se a manter os cerca de 500 postos de trabalho, mas, hoje, labora apenas com 394 pessoas.

Nos últimos meses, sucederam-se os atrasos no pagamento de ordenados aos trabalhadores e, em Dezembro, a empresa deixou mesmo de pagar.

No dia 12 de Janeiro, a administração da unidade voltou a pedir um novo apoio ao IAPMEI e apresentou um plano de viabilização da unidade que não terá convencido o Estado.

Perante este cenário, no dia 1 de Março os operários da têxtil rescindem contratos por justa causa e resta aos cerca de 400 pessoas funcionários o recurso ao subsídio de desemprego.

http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1423174

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