Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo (Castro Verde) iniciaram hoje uma greve, reivindicando um aumento no subsídio de fundo, que registou uma adesão superior a 90 por cento nos dois primeiros turnos, disse fonte sindical.
Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo começaram hoje uma greve de duas horas no início de cada turno e por tempo indeterminado para reivindicarem um aumento no subsídio de fundo, adiantou à Agência Lusa Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).
Jacinto Anacleto referiu que os trabalhadores da concessionária da mina, a Somincor, que aderirem à greve vão parar "duas horas por dia no início de cada turno", às 06.00, 08:00, 14:00 e 22:00.
"Nos dois primeiros turnos de hoje, o das 06:00 e das 08:00, a adesão à greve por parte dos trabalhadores da mina ultrapassou os 90 por cento. Quase todos os trabalhadores do fundo da mina fizeram greve, à exceção das chefias", adiantou o dirigente sindical.
Esta adesão "superou as expectativas" do sindicato, segundo Jacinto Anacleto, que previu "uma boa adesão" para os outros dois turnos de hoje.
"Só os trabalhadores administrativos e as chefias da mina é que não aderiram à greve", adiantou Jacinto Anacleto, que indicou estar "tudo a decorrer de forma pacífica, pois não queremos confusões".
"Com uma greve de duas horas no início de cada turno e por tempo indeterminado, a empresa acaba por parar visto que o minério não chega à superfície", salientou.
A "principal reivindicação", explicou, é "o aumento de cem euros no subsídio de fundo", que é atribuído aos trabalhadores que trabalham no fundo da mina, "a cerca de 700 metros de profundidade, um trabalho muito penoso, onde os trabalhadores estão expostos a temperaturas elevadas, humidades excessivas, gases, fumos, poeiras e riscos de derrocadas".
As outras reivindicações que abrangem todos os trabalhadores, explicou, são "o pagamento dos 50 por cento em falta da compensação do dia de Santa Bárbara" de 2009 e "a garantia do pagamento da compensação na totalidade este ano e nos próximos anos".
A Somincor informou hoje, em comunicado, que os trabalhadores "exigem aumentos salariais na ordem dos 17 por cento sobre o salário base", e que a Administração "rejeitou a reivindicação e fará todos os esforços para reduzir o efeito da greve".
O presidente do Conselho de Administração da Somincor, João Carrelo, referiu que os responsáveis da empresa estão "dececionados com a posição de uma parte dos colaboradores, porque no mês passado tiveram aumentos acima da inflação e bem acima da média nacional".
"Os trabalhadores da Somincor auferem já mais do que o dobro do salário médio nacional, acrescido de um vasto pacote de benefícios. Além disto, nos últimos anos, atendendo às elevadas cotações dos metais, têm sido concedidos prémios extraordinários", adiantou.
"Neves-Corvo é um ativo com vastas reservas e desejamos manter no longo prazo a competitividade e a sustentabilidade desta operação, que é um dos principais contribuintes para a economia regional e nacional", salientou João Carrelo.
A Administração da empresa, refere ainda o comunicado, vai continuar a produção de concentrados, utilizando para tal a extração e os stocks existentes à superfície. A quantidade da produção que pode ser perdida está a ser avaliada e dependerá de uma série de fatores, incluindo a duração da greve.
A Somincor tem cerca de 900 trabalhadores e produz mais de dois milhões de toneladas de cobre em bruto, por ano.
http://sic.sapo.pt/online/noticias/dinheiro/Adesao+a+greve+dos+trabalhadores+da+mina+de+NevesCorvo+superior+a+90.htm
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