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19/11/2009

Palermo encerra escolas: Atulhados de lixo

Cerca de 50 municípios da província de Palermo, Itália, estão submersos em lixo e, em alguns deles, as autoridades já decidiram encerrar as escolas.

Um ano após a crise do lixo ter atingindo o seu auge na cidade de Nápoles e arredores, em meados de 2008, obrigando o exército a intervir, os crónicos problemas deste sector vital para a salubridade pública voltam a imergir com particular gravidade na província de Palermo, na Sicília.
Perante um cenário de emergência, o presidente desta província, Giovanni Avanti, reclamou, dia 13, «ajuda excepcional» para resolver o problema.
No Sul de Itália, a maior parte dos aterros foi esgotada por anos de sobre-exploração e gestão danosa por parte de empresas privadas dominadas pela máfia.
«Em algumas cidades, há tensões fortes, as pessoas queimam lixo, já não suportam mais as montanhas de lixo que se estão a acumular», afirmou Avanti à AFP, explicando que os contentores não são recolhidos há mais de uma semana em 20 cidades. «Ainda não atingimos o mesmo nível de Nápoles mas, se não recebermos o apoio da Região, será pior».
À noite do mesmo dia, a Região da Sicília decidiu conceder quatro milhões de euros à zona afectada pela crise dos resíduos. Já em Junho tinham sido concedidos outros 18 milhões de euros para fazer face a outro período difícil em pleno Verão.
Para além da falta de infra-estruturas, há igualmente graves conflitos laborais nas empresas concessionárias que têm contribuído para a crise. Numa delas, a Coinres, os trabalhadores estão em luta há vários meses exigindo o pagamento dos salários. Apesar de as suas greves permanentes causarem naturais incómodos, a administração alega dificuldades financeiras e remete as responsabilidades para as autoridades locais.
Para «normalizar» a situação, a Região da Sicília desbloqueou novos recursos e nomeou um administrador que terá seis meses para aumentar os meios de recolha e de triagem selectiva.

Eólicas são negócio da Cosa Nostra

Uma inusitada operação policial no Sul de Itália, colocou, dia 12, sob sequestro sete parques eólicos avaliados em mais de 153 milhões de euros. As autoridades da cidade de Avelino, perto de Nápoles, executaram ainda quatro mandados de prisão, num conjunto de 15 pessoas que estão a ser investigadas por fraude organizada.
Entre os detidos está o presidente da empresa de energia IVPC, Oreste Vigorito, acusado de desviar subvenções públicas concedidas à construção de parques eólicos.
O súbito e desmesurado interesse que «investidores» de todo o tipo revelam por esta forma de produzir energia resulta sobretudo do elevado preço que o Estado italiano paga por cada quilowatt, três vezes superior ao praticado por outros países europeus.
Segundo a agência AFP (12.11), que ouviu o presidente do Comité Nacional da Paisagem, as subvenções estatais e europeias permitem que uma instalação se torne rentável logo no segundo ano de exploração.
Semelhantes perspectivas de lucro estão a atrair investimentos maciços, designadamente das organizações mafiosas, a Cosa Nostra na Sicília, a Ndrangheta na Calábria e a Camorra na região de Nápoles.
A mesma fonte cita o semanário jornal Io Donna (7.11) o qual afirma que já existem mais de 900 eólicas na Sicília, algumas com mais de 100 metros de altura, e que milhares estão em fase de construção «mesmo em locais onde o vento não tem força para as fazer funcionar». Trata-se do «novo negócio da Cosa Nostra,» afirma o jornal.
E porque as candidaturas exigem a apresentação de um projecto técnico especializado, floresceu um mercado paralelo de autorizações de construção, onde a mafia se abastece sem qualquer restrição.
As associações ambientais, designadamente a Legaambiente, mostram-se alarmadas com a infiltração das redes criminosas neste sector e exigem a proibição da venda das autorizações de construção de parques eólicos.
Avante - 19.11.09

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