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19/11/2009

Assembleia de credores da Rohde discute despedimento de 500 trabalhadores

A assembleia de credores da Rohde realiza-se amanhã de manhã no Pavilhão das Lavandeiras, em Santa Maria da Feira, onde irá discutir-se o eventual despedimento de mais de metade dos 984 trabalhadores da maior empregadora nacional da indústria do calçado.

O despedimento colectivo é uma das propostas do plano de viabilização definido no âmbito do processo de insolvência que a Rohde accionou em meados de Setembro, depois de ter iniciado a suspensão temporária de trabalho (lay-off) que vem aplicando à quase totalidade dos seus funcionários e cujo final também está previsto para sexta.

Fernanda Moreira, do Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra, garante que a empresa "não tem dívidas nem salários em atraso", mas adianta que, se a administração da fábrica se decidir pelo seu encerramento, os direitos e indemnizações a pagar ao pessoal totalizam cerca de 13 milhões de euros.

Os principais credores da Rohde são, portanto, os próprios funcionários da empresa -- a maioria dos quais com 20 a 30 anos de casa -- e em causa está um "crédito sob condição suspensiva", ou seja, aquele cuja constituição se encontra sujeita à ocorrência de um acontecimento futuro.

Fernanda Moreira explica: "O que acontece é que a Rohde não tem uma dívida concreta. O problema dos 13 milhões só se coloca no caso de a fábrica fechar".

Se a Assembleia de Credores optar por recuperar a empresa, o Sindicato antecipa dois problemas imediatos: por um lado, a já referida redução da força laboral da Rohde, apontada no plano de viabilização da empresa como indispensável à sua sobrevivência; por outro, a eleição de novos administradores para a fábrica.

"Na empresa, neste momento, ninguém se propõe à gerência", revela Fernanda Moreira, acrescentando que "vão ter de ser os credores da Rohde a eleger os novos gerentes". A representante do Sindicato acrescenta que esses mesmos credores terão ainda que "avaliar se será possível os trabalhadores converterem o valor das indemnizações em acções da empresa" e se concordam que essa se transforme numa sociedade anónima "com capital social mínimo de um milhão de euros".

A funcionar em Santa Maria da Feira desde 1975, a Rohde vem enfrentando dificuldades desde Março de 2007, quando se deu a falência da sua empresa-mãe, sedeada na Alemanha. A unidade da Feira passou então a ser administrada por um gestor judicial alemão e três procuradores em Portugal, que, face a uma crescente quebra de encomendas, aplicaram ao pessoal da fábrica sucessivos lay-off. O mais recente está em vigor desde 11 de Setembro e, com excepção para cerca de 50 funcionários, afectou todos os trabalhadores da empresa, de acordo com um calendário de produção várias vezes alterado para se adequar a encomendas inesperadas, mas insuficientes.

A 17 de Setembro, a Rohde dava entrada a um pedido de insolvência no tribunal da Feira, assegurando assim a nomeação de um gestor judicial português para acompanhamento do processo.

J. Negócios - 19.11.09

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