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19/11/2009

OCDE prevê desemprego acima dos 10% em 2010

Apesar das previsões de melhoria da economia portuguesa, assente no aumento das exportações, mais gente deve ficar sem o posto de trabalho.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu hoje em alta o crescimento da economia portuguesa, apontando agora para uma contracção de 2,8 por cento em 2009 e um crescimento de 0,8 por cento em 2010.

No "Economic Outlook", a organização afirma que foram as exportações que mais contribuíram para retirar a economia portuguesa da recessão, o que aconteceu no segundo trimestre deste ano, apesar da recuperação também notada no consumo.

A OCDE aponta para um crescimento da economia portuguesa de 0,8 por cento em 2010 e nova subida de 1,5 por cento em 2011, considerando, no entanto, que uma das grandes prioridades deve ser o planeamento e a implementação gradual da consolidação fiscal.

A organização afirma ainda que, para atingir um maior crescimento, é essencial implementar reformas estruturais que promovam a competitividade da economia portuguesa através de exportações mais dinâmicas, e que a reforma na educação deve impulsionar o potencial da economia no longo prazo.

O crescimento da economia portuguesa só chegará significativamente no final de 2011, e será sustentado pelo aumento da procura interna, diz a organização.

Os dados divulgados hoje apontam ainda para que a taxa de desemprego termine o ano nos 9,2 por cento, subindo para os 10,1 por cento em 2010, e reduzindo ligeiramente em 2011, para os 9,9 por cento.

Segundo as previsões da OCDE, o défice orçamental deve atingir os 6,7 por cento do PIB em 2009, crescendo para os 7,6 por cento em 2010 e para os 7,8 por cento, resultado dos estímulos do Governo à economia e dos efeitos da crise, que causaram uma forte redução da receita e um aumento da despesa.

A organização prevê que o maior impacto dos estímulos dados às contas públicas aconteça na segunda metade de 2009, sendo necessário "implementar uma estratégia forte de consolidação assim que a economia fortalecer".

As exportações e importações de bens e serviços sofrerão uma forte retracção este ano, -14,7 por cento e -14,4 por cento respectivamente, recuperando gradualmente nos anos seguintes. As exportações deverão recuperar para os 1,7 por cento em 2010 e para os 3,2 por cento em 2011, e as importações para um por cento em 2010 e para 2,1 por cento em 2011.

O consumo privado deverá, de acordo com a OCDE, terminar o ano em valores negativos em 1 por cento, acelerando para os 0,6 por cento em 2010 e para os 0,9 por cento em 2011. No entanto, o consumo público deverá ter uma evolução contrária, terminando o ano positivo nos 1,4 por cento, e caíndo para os 0,6 por cento em 2010 e 2011.

No seguimento desta avaliação, a OCDE diz que a taxa de poupança das famílias deve chegar ao final do ano nos 9,6 por cento, diminuindo ligeiramente nos anos seguintes: 8,9 por cento em 2010 e 8,8 em 2011.

O investimento deverá cair 13,6 por cento em 2009, recuperando para terreno positivo já no próximo ano (0,4 por cento), e acelerando, em 2011, para os 2,9 por cento.

A OCDE prevê ainda uma inflação negativa em 0,9 por cento em 2009, recuperando para valores positivos já em 2010 (0,7 por cento), e aumentando ligeiramente em 2011 (1 por cento).

J.N. - 19.11.09

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