Cerca de 70,0% da população empregada em Portugal tinha, no ano de 2008, concluído no máximo o 9º ano de escolaridade, 15,2% o ensino secundário e 14,9% o ensino superior. O gráfico 1 ilustra a evolução da escolaridade da população empregada em Portugal entre 1998 e 2008. Enquanto a importância relativa da população empregada que não foi além do 9º ano de escolaridade diminuiu 10,5 pontos percentuais no intervalo temporal em causa (de 80,3% para 69,85), a porção dos efectivos empregados com o ensino secundário/pós-secundário e superior concluídos aumentou 4,5 e 6,0 pontos percentuais, respectivamente. Por outro lado, importa também realçar que a parcela da população empregada que concluiu no mínimo o ensino secundário passou de 19,7% em 1998 para 30,1% em 2008. O crescimento dos níveis de escolaridade da população portuguesa empregada apresenta amplitudes diferenciadas de acordo com a situação na profissão. De facto, essa tendência foi mais expressiva entre os trabalhadores por conta de outrem do que no caso dos trabalhadores por conta própria (com ou sem empregados). Veja-se que a porção dos trabalhadores por conta de outrem com o ensino secundário ou superior concluído aumentou mais de 11,0 pontos percentuais entre 1998 e 2008, enquanto no caso dos trabalhadores por conta própria (isolado ou empregador) os indicadores em causa aumentaram de forma mais modesta. Embora Portugal tenha conhecido melhorias significativas ao nível do perfil qualificacional da sua população empregada na última década, está ainda assim bastante distante dos resultados médios apurados para o conjunto de países da UE-27. Os resultados seguintes dizem respeito apenas à população empregada com idade entre os 15-74 anos e não para o total da população empregada (devido à indisponibilidade de dados). O fosso entre Portugal e os países da UE-27 referente ao peso relativo da população empregada (15-74 anos) com baixos recursos escolares é abissal: uma diferença de 45,7 pontos percentuais (69,3% contra 23,6%). Este hiato qualificacional pode também ser analisado por outro prisma: enquanto em Portugal 30,7% da população empregada com 15-74 anos tinha pelo menos concluído o ensino secundário, o valor desse indicador para os países da UE-27 é de 76,1% – uma diferença, portanto, de 45,4 pontos percentuais. Observatório das Desigualdades
Os baixos níveis de qualificação são mais expressivos entre a população empregada masculina do que na feminina. Enquanto, em termos médios, 35,0% das mulheres empregadas em 2008 tinham concluído o ensino secundário/pós-secundário ou o superior, esse valor desce para os 26,0% no caso dos homens. Esta diferença é particularmente ampla ao nível da formação superior: 19,1% das mulheres empregadas tinham concluído este patamar de ensino, para 11,3% dos homens.
O grupo etário em que a proporção de indivíduos empregados que completou pelo menos o ensino secundário se afigura mais elevada é o dos 25-34 anos: 23,0% concluíram o ensino secundário/pós-secundário e 24,4% o ensino superior. Todavia, é a população empregada com idade entre os 15-24 anos que apresenta uma proporção mais elevada de efectivos com o ensino secundário ou pós-secundário concluído: 28,6%. Os níveis qualificacionais da população empregada diminuem sucessivamente nas três categorias etárias mais velhas.
Quanto ao perfil escolar da população empregada de acordo com a região (NUT’s II), observa-se que a Região Autónoma dos Açores e o Centro são as que apresentam porções mais amplas da sua população empregada que não foram além do 9º ano de escolaridade. O Algarve e Lisboa e Vale do Tejo são as regiões em que a proporção da população empregada que concluiu o ensino secundário ou pós-secundário é mais elevada (19,9% e 19,3%%), enquanto no que concerne ao valor deste indicador para a população com ensino superior a região de Lisboa e Vale do Tejo destaca-se das demais: 20,8% da população empregada desta unidade geográfica tinha concluído este nível de escolaridade.
O Quadro 1 permite ainda analisar o perfil escolar da população empregada em Portugal de acordo com a situação na profissão. Da análise dos dados conclui-se que os trabalhadores por conta de outrem detêm recursos escolares superiores aos trabalhadores por conta própria isolados ou empregadores (ver também o Gráfico 2).
Aliás, é interessante verificar que enquanto em 1998 a percentagem de empregadores com o ensino secundário ou superior concluído era idêntica ao valor deste indicador para o total da população (19,7%), em 2008 esse registo ficou abaixo da média nacional (25,6% contra 30,2%). Pelo contrário, a proporção de trabalhadores por conta de outrem que concluíram pelo menos o ensino secundário foi de 34,9% – acima da média nacional, portanto. Veja-se que é nesta categoria que se verifica o maior aumento do peso relativo dos efectivos que concluíram pelo menos o ensino secundário: 11,3 pontos percentuais entre 1998 e 2008.
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
21/11/2009
População empregada em Portugal: a predominância dos pouco qualificados
Lisboa é a região portuguesa cuja composição da população empregada apresenta níveis mais elevados de escolarização. Trabalhadores por conta de outrem são mais escolarizados do que os empregadores. Perfil escolar da população portuguesa melhorou na última década, mas mantém-se ainda muito distante dos valores médios registados nos países da UE-27.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário