O procurador-geral do Estado espanhol disse hoje que estão em curso 730 investigações a responsáveis públicos e políticos por corrupção, de todos os partidos, mas sobretudo do PSOE (socialistas, governo) e do PP (conservadores, oposição).
Candido Conde-Pumpido falava na Comissão de Justiça do Congresso de Deputados, na sequência de perguntas do PP sobre as acções do Ministério Público contra membros de partidos políticos.
"A justiça não persegue políticos, apenas persegue corruptos e quem corrompe. Estejam onde estiverem e, lamentavelmente, estão em todo o lado", disse Conde-Pumpido.
O procurador-geral explicou que há actualmente 264 investigações de políticos do PSOE, 200 do PP, 43 da Coligação Canárias, 30 da Convergência e União (CiU), 24 do Partido Andaluzista e 20 da Esquerda Unida.
Nestes processos, que incluem 594 procedimentos judiciais e 135 diligências de investigação da procuradoria anti-corrupção, contam-se investigações a políticos do Grupo Independente Liberal, da União Maiorquina, da Esquerda Republicana da Catalunha, do Bloco Nacionalista Galego e do Partido Nacionalista Basco.
Com base nestes números praticamente todos os partidos com representação no parlamento espanhol têm dirigentes ou quadros a ser investigados por corrupção.
"Como vêem há de tudo. No PP, no PSOE e noutros partidos", afirmou.
Os dados demonstram a "acção demolidora da Justiça contra a corrupção", insistiu.
Apesar destes dados, o porta-voz de Justiça do PP, Federico Trillo, voltou a insistir nas críticas, questionando a imparcialidade da procuradoria que, afirmou, aplica critérios diferentes em função de que partido está em causa.
"Em alguns momentos parece defender apenas a legalidade socialista e não a legalidade objectiva que nos vincula a todos", afirmou Trillo.
Como exemplo, Trillo acusou a procuradoria de não ter tomado medidas pelas sucessivas violações de segredo de justiça no processo Gurtel, que investiga dezenas de dirigentes e políticos do PP alegadamente envolvidos numa mega rede de corrupção.
Rejeitando as críticas do PP, Conde-Pumpido insistiu que a procuradoria não persegue os delinquentes pela filiação política mas "pelos delitos cometidos" e que os procuradores "simplesmente cumprem a lei".
Ao mesmo tempo deixou uma mensagem de tranquilidade para os cidadãos, referindo que as investigações em curso representam apenas um por cento dos cargos públicos -- entre os 66 mil autarcas, vereadores e outros.
D.N. - 19.11.09
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