18 deputados mudaram a sua posição sobre o embargo depois de terem recebido doações
O relatório, divulgado em vésperas da discussão das restrições nas viagens a Cuba no Congresso, mostra que alguns congressistas mudaram as suas posições em relação a questões relacionadas com Cuba meses depois de receberem verbas do US-Cuba Democracy Public Action Committee (PAC).
"Talvez seja a velha história do di-nheiro e da política, mas 18 membros mudaram o seu voto na questão, alguns muito perto da data em que receberam doações", disse o director do Public Campaign, David Donnelly, citado no diário norte-americano "Washington Post".
O relatório reconhece que as doações são relativamente pequenas quando comparadas com as dadas nos sectores da saúde ou das regulações bancárias, e ainda que os que receberam as maiores quantias de dinheiro foram membros da comunidade de exilados cubanos ou pessoas que os representam.
Mas, ainda assim, o Public Campaign nota que as doações feitas a congressistas democratas aumentaram 50 por cento nos últimos quatro anos, especialmente depois do partido conseguir o controlo das du-as câmaras do Congresso, em 2006. Quando foi criado, em 2004, o PACdava dinheiro sobretudo a republi-canos, mas hoje 76 por cento dos seus fundos são canalizados para democratas, diz o relatório.
O documento menciona, por exemplo, o congressista democrata Mike McIntyre, que até 2004 votou a favor da melhoria das relações com Cuba, e desde então recebeu 14.500 dólares (mais de 9700 euros) e acabou por mudar o modo como votava nas questões relacionadas com Cuba.
O congressista diz que mudou de opinião depois de ouvir a história do seu colega republicano Lincoln Di-az-Balart, um feroz defensor do embargo. "Não teve nada a ver com o di-nheiro. Tive uma mudança de opini-ão filosófica. Não podemos apoiar a democracia e os direitos humanos além-mar se não os apoiamos a 90 milhas da nossa costa", disse ao "Washington Post".
Exercer um direito
O director do PAC, Mauricio Claver-Carone, diz que o seu grupo está simplesmente a exercer o seu direito à participação política, e os apoiantes do movimento notam que muitos outros grupos dão dinheiro a políticos que apoiam os seus pontos de vista.
"Para algumas pessoas, os sindica-tos podem apoiar [congressistas] pró-trabalho. A comunidade judaica pode ajudar a eleger congressistas pró-Israel. Mas de algum modo parece que a comunidade cubana não pode ajudar a eleger congressistas e candidatos que apoiem o condicionar os negócios e o turismo com o regime Castro com direitos humanos e reformas democráticas", queixou-se Claver-Carone.
Enquanto isso, sondagens mostram os cubanos americanos mais divididos sobre o embargo, estabelecido há cinco décadas.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou algumas alterações, suspendendo restrições a viagens familiares e permitindo viagens de cientistas, mas tem deixado o levantamento do embargo dependente da melhoria dos direitos humanos na ilha.
Um comité do Congresso vai discutir amanhã uma proposta de suspensão do embargo às viagens feita pelo democrata Bill Delahunt.
Público.pt - 18.11.09
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