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18/11/2009

Crise já destruiu 211 mil empregos

743,5 mil pessoas garantem ao Instituto Nacional de Estatística que estão desempregadas. Os dados oficiais para o terceiro trimestre apontam, porém, para 547,7 mil, com a taxa de desemprego a disparar para 9,8%. Indivíduos pouco qualificados da construção e da indústria são os mais penalizados

Desde que a crise chegou em força ao mercado de trabalho já destruiu 210,6 mil empregos - 178 mil dos quais no último ano -, penalizando sobretudo os indivíduos pouco qualificados da construção e da indústria transformadora, mas também do turismo e da restauração. Um cenário desolador, mas que poderia ser ainda pior: entre os mais qualificados, ainda aumenta o nível de emprego.

O número oficial de desempregados registou um novo máximo histórico ao saltar para as 547,7 mil pessoas no terceiro trimestre (mais 114 mil num ano). Destes, há já 253 mil que procuram trabalho há mais de um ano, valor que destrona o anterior recorde de 2006.

Superando todas as expectativas, a taxa de desemprego chegou a 9,8%, a mais alta alguma vez registado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) ou pelo Eurostat. Em quatro das sete regiões do País está já acima dos 10% (ver gráfico).

A redução homóloga de 178 mil empregos - que destruiu tanto contratos sem termo como precários - é sobretudo explicada pelo recuo de empregados com o ensino básico (-250 mil). Uma quebra que foi amortecida pelo aumento dos empregados com o ensino secundário e superior (mais 72 mil num ano), numa altura em que a administração pública, a educação, as actividades de saúde e apoio social criaram emprego.

O aumento do desemprego foi mais expressivo entre as pessoas com 45 anos ou mais, apesar de a destruição de emprego ter sobretudo atingido jovens de até 35 anos de idade. É que muitos abandonaram o mercado de trabalho.

A população activa recuou, aliás, pelo quinto trimestre consecutivo. Há já menos 72 mil pessoas disponíveis para trabalhar.

São estes os números oficiais, mas há outras formas de os ler. Uma das leituras que reúne maior consenso é a da taxa de desemprego real, que inclui categorias de desempregados que o INE não considera, como os inactivos disponíveis (82,7 mil pessoas que não procuraram emprego nas últimas quatro semanas), desencorajados (33,8 mil que acham que não vale a pena procurar) e o subemprego visível (66,5 mil pessoas que queriam trabalhar mais horas). Em causa estariam então mais de 730 mil pessoas, ou uma taxa de desemprego de 12,9%.

A determinada altura do Inquérito, o INE pergunta às pessoas como se classificam. A percepção dos portugueses aproxima-se, curiosamente, do chamado desemprego real: 743,5 mil responderam que estão desempregados, mais 23% do que há um ano.

Controversa é também a leitura do INE sobre a protecção social: dados solicitados pelo DN revelam que apenas 240 mil pessoas declararam receber subsídio de desemprego (43% do total), contra os 350 mil (64%) divulgados pelo Ministério do Trabalho.

D.N. - 18.11.09

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