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17/11/2009

Economistas prevêem continuação da subida do desemprego

Três economistas contactados pelo PÚBLICO prevêem a continuação da subida da taxa de desemprego, para valores acima de 10 por cento, durante o ano de 2010.

José Silva Lopes, ex-governador do Banco de Portugal

"A rapidez da subida da taxa de desemprego surpreende-me um pouco, mas a verdade é que já se sabia, pelo que aconteceu em Portugal no passado e acontece nos outros países, que quando a economia começa a recuperar ainda é preciso esperar um a dois anos para que o desemprego comece a cair. Infelizmente, o ano de 2010 ainda deverá ser de subida do desemprego e, com toda a probabilidade, a barreira dos 10 por cento será ultrapassada. O país tem poucos recursos e, por isso, devemos ser mais moderados nos aumentos salariais para que se possa ter meios para apoiar os desempregados. De outra forma, ficamos com mais desigualdade. Arriscamo-nos a ter um país com uns empregados a ganhar mais, mas com mais desempregados".

Bagão Félix, ex-ministro do Trabalho

"Não são números surpreendentes, há sempre um intervalo de tempo entre a recuperação da economia e a descida do desemprego. De qualquer forma a subida em termos homólogos de 2,1 pontos é impressionante. Além disso, é necessário olhar para a população activa, que desceu. Há muitas pessoas que estão pura e simplesmente a abandonar o mercado de trabalho, não porque queiram, mas porque se sentem desencorajadas e desistem de procurar emprego. O desemprego vai continuar a subir, provavelmente não à mesma velocidade, mas atingindo certamente os dois dígitos".

Octávio Teixeira, ex-deputado

"Era expectável, na medida em que a recuperação económica não é ainda muito visível, e certamente que a situação ainda vai continuar a agravar-se nos próximos tempos. Admito que, infelizmente, ainda podemos vir a atingir os 600 mil desempregados em 2010. É ainda de assinalar que a taxa de desemprego no sentido lato (que inclui os inactivos disponíveis e os desencorajados) já vai em 11,7 por cento, algo que em Portugal não tem paralelo em épocas mais recentes. Esta situação suscita a necessidade de melhorar as condições do subsídio de desemprego, seja com um aumento dos prazos, seja com uma facilitação de acesso maior do que a recentemente efectuada pelo Governo".
Público.pt - 17.11.09

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