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23/07/2009

Trás-os-Montes é das regiões mais pobres da Europa

A Associação Nacional das PME questiona "desperdício" dos fundos comunitários, depois da divulgação de um estudo que coloca a região Norte entre as mais pobres da União Europeia e Trás-os-Montes como a sub-região mais pobre.

O "Estudo sobre a Pobreza na Região Norte de Portugal", elaborado pelo Centro de Estatística da Associação Nacional das PME e pela Universidade Fernando Pessoa, para a Comissão Europeia, indica que a região Norte é a mais pobre de Portugal e está entre as 30 mais pobres das 254 regiões da UE25, enquanto Trás-os-Montes é classificada como a Sub-Região mais pobre da UE27.

Segundo o mesmo documento, enquanto em 2005/2006 havia cerca de 693 000 pobres na região, em 2009, existia cerca de um milhão "resultado do encerramento de muitas unidades fabris e falência de outras empresas que levaram ao despedimento de milhares de trabalhadores com a consequente redução dos seus rendimentos".

O presidente da Associação Nacional das PME, Fernando Augusto Morais, considerou que as conclusões do estudo são "surpreendentes", tendo em conta o investimento comunitário que foi canalizado para a região, através do Quadro Comunitário de Apoio III.

"No ano 2000, as duas sub-regiões do Minho e Alto Douro e Trás-os-Montes foram identificadas como as mais pobres da UE-15. Por isso, a União Europeia injectou na região Norte cerca de sete mil milhões de euros entre 2000 e 2006 para que houvesse um crescimento de 4,5 por cento neste período, mas não só a região não cresceu como ainda por cima contém a sub-região mais pobre da UE-27", lembrou este responsável.

"O dinheiro investido não atingiu os objectivos", resumiu Fernando Augusto Morais, criticando o "desperdício".

O presidente da Associação considerou que é necessário responsabilizar as entidades responsáveis pela execução destes programas e o Estado e sublinhou que "os contribuintes europeus vão querer saber como foi aplicado este dinheiro".

Fernando Augusto Morais lamentou também o facto de os recursos estarem "concentrados nos mais ricos".

O estudo refere que, apesar da Região Norte ser a mais pobre do país, é na Área Metropolitana do Porto que se encontram as duas maiores fortunas nacionais (Américo Amorim e Belmiro de Azevedo), bem como empresas líderes sectoriais e mundiais como a RAR e a CIN, a maior associação de grandes empresas do País (AEP) e a maior associação de jovens empresários (ANJE).

O documento questiona ainda a abertura de cinco novos centros comerciais numa região onde existem já 25 destas grandes superfícies, o que "prejudicará o comércio tradicional, bem como o crescimento e o emprego".

"São visíveis situações de pobreza extrema, privação e precariedade", aponta o mesmo relatório, salientando que "a face mais visível desta 'nova pobreza' é o aumento dos pedidos de ajuda alimentar junto das instituições de solidariedade social, muitas vezes, na sombra do anonimato onde se identificam professores desempregados e muitos outros técnicos superiores".

Expresso.pt - 23.07.09

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