Aumento do desemprego é muito ligeiro mas anormal nesta altura do ano. Em termos homólogos, a subida foi de 28%, mais 107 mil pessoas sem trabalhos inscritas nos centros de emprego
Os empregos sazonais de Verão não travaram o aumento do desemprego. Depois de uma redução em Maio face ao mês anterior (-0,5%), o número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu 0,1%, ascendendo a 489 820 no mês passado. É a primeira vez desde 1986 que o número administrativo de desempregados não recua em Junho, revela a série do Banco de Portugal.
O aumento em cadeia é muito ligeiro mas anormal nesta época do ano, altura em que as actividades associadas ao turismo criam emprego, ainda que precário. Por causa da crise, "os empresários do sector não recorreram com a intensidade habitual aos contratos a termo", refere ao DN Adília Ribeiro, secretária-geral da Confederação do Turismo, que prevê uma quebra de 20% a 30% nas receitas da hotelaria.
Em comparação com Junho do ano passado, a subida é de 28,1%, a mais elevada desde 2003. São mais 107 mil desempregados do que há um ano, num acréscimo absoluto que é inédito. O Algarve foi precisamente a região onde o número de desempregados mais cresceu, quase duplicando (+92%) face ao mesmo período do ano anterior.
A construção continua a ser a actividade económica que mais contribui para o aumento homólogo (74%), seguida da indústria da madeira e da cortiça (66%) e das indústrias extractivas (56%).
Perante a ligeira queda registada em Maio, o presidente do IEFP referiu então a possibilidade de estarmos perante os "primeiros sinais positivos" no mercado de trabalho. Ontem, Francisco Madelino referiu-se à "estagnação" registada nos últimos dois meses. "Os dados dão uma estagnação do crescimento do desemprego, embora essa estagnação não possa significar qualquer tipo de regozijo", já que os níveis são "elevados", afirmou, em declarações à Lusa.
Em Maio, o presidente do IEFP tinha admitido, em declarações ao DN, que o número de anulações de desempregados - ou seja, daqueles que o IEFP deixa de registar como tal, nomeadamente por frequentarem programas de formação - teria tendência a aumentar nos próximos meses. Ontem, o DN solicitou estes dados ao IEFP, mas não obteve resposta.
Ao longo de Junho, inscreveram-se como desempregadas 52831 pessoas, mais 22% do que há um ano e mais 1,9% do que em Maio.
A inscrição de mais de 20 mil pessoas foi justificada com a não renovação de contratos a prazo, que continua a ser a principal causa de desemprego. Os despedimentos registam, contudo, significativos aumentos (ver caixa).
Todas as previsões apontam para um importante agravamento da taxa de desemprego, que no início do ano se situava nos 8,9%. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que chegue aos dois dígitos ainda este ano e a 11, 7% no final de 2010.
D.N. - 24.07.09
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