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19/07/2009

ASPP atribui dificuldades de polícias a baixos salários

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) culpa o Governo pelas dificuldades financeiras que obrigaram a PSP a reforçar em 1,5 milhões de euros o orçamento dos Serviços Sociais. O dirigente sindical Paulo Rodrigues atribui os problemas a uma política de baixos salários e à deslocação de mais de 90 por cento dos agentes formados na Escola Prática de Polícia para Lisboa.

O orçamento previsto para empréstimos a agentes da PSP a braços com problemas financeiros, que todos os anos ascende a cerca de 650 mil euros, esgotou-se em Março, revela a edição de domingo do Diário de Notícias.

Perante o aumento dos pedidos de ajuda, a Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública solicitou ao Ministério das Finanças o recurso ao fundo de pensões dos Serviços Sociais. O Ministério de Teixeira dos Santos deu luz verde.

Segundo o jornal, em 2009 foram formalizados mais de 100 pedidos de auxílio financeiro "a médio e longo prazo". Em seis meses, o número de requerimentos triplicou, quando comparado com os dados de 2007 e 2008. E a situação estende-se a outras forças de segurança: a GNR, que também aumentou a verba destinada à ajuda financeira, concedeu em 2008 perto de 7,5 milhões de euros em empréstimos aos seus operacionais.

Baixos salários e deslocações

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia aponta o dedo ao Governo. Para o dirigente sindical Paulo Rodrigues, as dificuldades radicam nos baixos salários e nas deslocações de agentes das suas terras de origem para os centros urbanos, que acabam por ditar despesas acrescidas.

"Os profissionais da polícia, quando acabam os seus cursos da Escola Prática, vão para Lisboa. Podem até, eventualmente, ter uma família constituída noutra zona do país, mas vão obrigatoriamente para Lisboa, noventa e tal por cento vão para Lisboa", afirmou Paulo Rodrigues à RTP.

"Esses têm logo uma dupla dificuldade, não só em pagar o empréstimo que têm, porque as famílias estão na sua terra, mas também porque têm de alugar um quarto, têm de ter uma vida praticamente à parte da sua família", frisou o dirigente da ASPP.

Paulo Rodrigues denuncia também os efeitos gerados pelas alterações ao subsistema de assistência na doença para os efectivos da PSP, entre as quais "o facto de os cônjuges terem sido excluídos": "O Estado reduziu de forma drástica as comparticipações nos medicamentos, nas consultas, mesmo nas consultas de especialidade".

Polícias "vivem uma dupla crise"

Em declarações ao Diário de Notícias, o director nacional da PSP, Oliveira Pereira, admitiu as "dificuldades financeiras", salientando que o reforço de verbas foi concretizado para que os agentes daquela força "sintam que não estão sozinhos".

Também ouvido pelo jornal, Paulo Rodrigues sublinhou o "bom trabalho que os Serviços Sociais têm vindo a fazer". Mas deixou críticas ao Executivo socialista de José Sócrates. A "degradação do poder de compra" dos agentes, vincou o dirigente da ASPP, "agravou-se com este Governo", que "retirou inúmeros direitos, como na saúde".

"Os polícias vivem uma dupla crise: a da população em geral e a resultante das alterações legislativas e dos congelamentos salariais que duram há dois anos", sustentou o sindicalista ao Diário de Notícias.
RTP 19.07.09

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