Número de trabalhadores a dispensar quase triplicou, passando de 489para 1414 funcionários; construção e têxteis são dos sectores mais afectados.
O número de trabalhadores abrangidos em despedimentos colectivos triplicou em Janeiro deste ano, face ao mês anterior. Têxteis e construção são dos sectores mais afectados pela redução de postos de trabalho.
Os dados foram obtidos pelo JN junto da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). No mês passado, entraram 87 processos de despedimento colectivo nos diferentes serviços do organismo, totalizando 1414 trabalhadores a despedir.
O número de funcionários a dispensar é quase três vezes superior ao que estava previsto dos processos abertos em Dezembro do ano passado. Esse mês já havia sido particularmente penalizante, com 489 pessoas a serem dispensadas através daquele mecanismo legal.
Os 1414 trabalhadores a quem foi comunicado, em Janeiro, que iriam ficar sem emprego, são cinco vezes mais do que a média mensal de 2008, ano em que 3318 pessoas foram alvo de despedimento colectivo.
Além do crescimento dos trabalhadores abrangidos por despedimentos colectivos, Janeiro revela também mudanças no perfil de empresas que iniciam os processos. Em todo o ano de 2008, a região Norte havia sido a mais castigada em termos de despedimentos colectivos, com o sector têxtil e de vestuário a liderar as dispensas, seguido da construção. Juntos, estes sectores eram responsáveis por um terço dos processos abertos nas regiões Norte e Centro.
Janeiro trouxe mudanças. No Norte continua a haver mais empresas a despedir, mas o número de trabalhadores dispensados em cada uma delas é tendencialmente menor do que no Sul. Nesta região, há menos processos mas envolvem mais funcionários. A construção passou a ser o sector com mais processos de despedimento colectivo: em 87 empresas, 18 tinham actividade naquela área, seguindo-se dez de têxteis (nove delas no Norte).
A suspensão temporária da actividade devido a situações de "crise empresarial", uma figura legal usada para fazer face à diminuição dos negócios das empresas, também conheceu um aumento expressivo em Janeiro deste ano. O que geralmente se designa como "lay-off" foi usado por 49 empresas no país, contra 21 no mês anterior. No âmbito daqueles processos, foram suspendidos os contratos de 2535 trabalhadores, contra 1105 em Dezembro de 2008. A grande maioria das sociedades a abrir estes processos estavam sediadas no Norte e tinham o fabrico de componentes automóveis como actividade.
Percorrendo a lista de processos de despedimento colectivo processados pela DGERT, desde Janeiro de 2008 até hoje, é possível verificar que os despedimentos colectivos não são exclusivos do sector lucrativo. Parte dos processos desencadeados tiveram origem no que se designa como economia social (instituições privadas cujo fim não é o lucro).
Foram os casos do Centro Paroquial e Social de Santo André, que despediu duas pessoas num total de 24, ou do Centro Social da Paróquia de Beiriz, na Póvoa de Varzim, que despediu três pessoas de total de 26 funcionários, ambos alegando motivos de mercado.
Estes processos de despedimentos em instituições de cuidados de crianças deverão estar relacionados com o fecho de centros de actividades de tempos livres (ATL) durante o ano passado, devido ao menor financiamento do Estado.
J.N. - JOÃO PAULO MADEIRA - 15.02.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
15/02/2009
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