A crise que se vive tem sido classificada com os mais variados adjectivos que me dispenso de reproduzir. Salvo algumas raras excepções verifica-se que a maioria dos seus adjectivadores fogem à sua caracterização como uma crise do capitalismo, até para legitimarem as suas soluções no quadro estrito do capitalismo, numa tentativa do seu salvamento através de soluções que busquem eternizar a exploração. Em múltiplos blogues é patética a insistência num caminho cujos resultados estão à vista de todos. Como é patética a recorrência a uma linguagem cifrada, cheia de citações, com a invocação de teorias e teóricos que ainda há bem pouco tempo defendiam encarniçadamente os caminhos que conduziram a economia ao estado em que se encontra. Veja-se o descaramento de Sócrates que apressadamente nos procura convencer que sempre condenou aquilo que denomina por neoliberismo. Veja-se a discussão que por aí vai sobre os perigos do proteccionismo porque põe em causa a globalização. Enfim, a hipocrisia instala-se. Mas todos fogem a enfrentar a realidade e assim esforçam-se por iludir os menos precavidos para insistirem nas mesmas políticas que lançaram a economia no desastre.
Outro dos aspectos que importa ter em conta, são os apelos insistentes à unidade dos portugueses para a saída da crise. Como se todos os portugueses fossem inocentes quanto às dificuldades em que vive a maioria de nós. Sabemos que não é verdade. Sabemos que esses apelos partem exactamente daqueles que maiores responsabilidades têm na situação. Sabemos, ainda, dos escândalos em que muitos deles estão envolvidos. E, por fim, havemos de conhecer melhor o envolvimento de outros que se fazem passar por vítimas de cabalas mas que não se livram de estar envolvidos em situações incompatíveis com os cargos que desempenham.
Não é possível sair da crise com as mesmas políticas e com os mesmos políticos que contribuíram para ela. Não nos iludamos. É mais necessário do que nunca a mudança. É mais necessário do que nunca fazer frente a esta gente e às medidas com que nos pretendem convencer como as únicas. Estamos cansados desse tipo de linguagem. Como estamos cansados de nos ameaçarem com malhações porque não aceitamos a mentira e a demagogia. Em democracia há sempre alternativas. Aqueles que a todo o momento gritam "Não há Alternativa" sabem que estão a tentar condicionar as nossas opções numa manifestação deliberadamente anti democrática. Pois afirmar que em democracia não há alternativas é colocar em causa a própria essência pluralista da democracia.
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
15/02/2009
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