Um grupo de jornalistas alvo do despedimento colectivo de 122 trabalhadores da Controlinveste enviou a vários responsáveis políticos uma carta em que alerta para equívocos no processo levado a cabo pela empresa no início do ano.
A Controlinveste, empresa gerida por Joaquim Oliveira, detém a Global Notícias, que publica o Jornal de Notícias, Diário de Notícias e 24 Horas, e a Jornalinveste, responsável por O Jogo.
No documento a que a agência Lusa teve acesso, enviado à Entidade Reguladora para a Comunicação Social e a vários responsáveis políticos, entre eles o Presidente da República, o primeiro-ministro e os cinco grupos parlamentares, os subscritores queixam-se de que "os jornalistas abrangidos pelo despedimento colectivo foram alvo de uma avaliação efectuada expressamente para a ocasião".
"Essa avaliação, violando o princípio da igualdade, realizou-se apenas nas secções onde se queria dispensar pessoas: foi efectuada sem conhecimento dos profissionais em causa, desconhecendo-se quais foram os avaliadores, o período da avaliação e a quantificação dos parâmetros que incidem sobretudo em critérios comportamentais e extremamente subjectivos", pode ler-se na carta.
Os signatários acreditam estar perante um despedimento "selectivo", por "tratar-se de jornalistas que internamente têm vindo a chamar à atenção e a reclamar sobre o desvio editorial que se verifica num jornal 'de referência' como o DN, com 144 anos de vida, bem como das diárias violações do Código Deontológico dos Jornalistas".
O grupo de jornalistas considera a decisão da administração da Controlinveste "implacável", por não poupar "lactantes (a mais nova das quais com um bebé de dois meses), casais, deficientes motores, transplantados, delegados sindicais, pais e mães com vários filhos menores".
A carta refere ainda a contratação de jornalistas provenientes de outros jornais, pouco antes do início do processo de despedimento colectivo, quando "há cerca de uma década que não existem promoções no DN" e "há três anos os aumentos têm sido nulos para ordenados superiores a mil euros".
A Lusa tentou entrar em contacto com a administração da Controlinveste mas, até ao momento, não foi possível.
No final de Janeiro foram colocados on-line dois manifestos em defesa de dois dos títulos da Controlinveste - "Não calem o JN" e "Em defesa do DN" - que procuram alertar para o que está a acontecer nos dois títulos centenários.
O manifesto pelo JN recolheu já mais de quatro mil assinaturas e o do DN quase 1500. A Controlinveste anunciou a 15 de Janeiro o despedimento colectivo de 122 trabalhadores. A 05 de Fevereiro a administração do grupo rejeitou a suspensão do processo de despedimento colectivo exigida pelos trabalhadores.
Durante a reunião, os trabalhadores denunciaram a falta de informação por parte da empresa. O grupo de media comprometeu-se a fornecer aos trabalhadores a documentação, algo que já fez. No entanto, fonte dos trabalhadores disse hoje considerar a documentação entregue "insuficiente".
Na segunda-feira decorre uma segunda ronda de conversações entre representantes dos 122 trabalhadores despedidos e da Controlinveste.
Público - 15.02.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
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