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20/02/2009

36% não compraram uma única peça de roupa

Em 2008, as famílias cortaram nos gastos com o vestuário, nos combustíveis e na alimentação fora do lar. Aumentaram os gastos no supermercado, mas a subida foi apenas de 2,9%

Alimentação ganhou mais peso nas compras no supermercado

Os efeitos da crise já se fizeram sentir no consumo das famílias portuguesas em 2008, que reduziram nos gastos com o vestuário, combustíveis e alimentação fora de casa. 36% dos portugueses não compraram uma única peça de vestuário no ano passado e houve mais 160 mil automobilistas a abastecer o carro em Espanha, segundo dados da TNS.

De acordo com a empresa de estudos de mercado, em 2008 houve menos 127 mil compradores de têxtil, apesar de o preço médio de cada artigo também ter descido (3,1%). Esta queda do consumo traduz-se em menos 4,6 milhões de artigos vendidos e em menos 147 milhões de euros de vendas.

Com uma amostra de três mil lares, representativa da realidade nacional, os dados da TNS apontam para uma subida nos gastos no supermercado. As famílias portuguesas estão a privilegiar as refeições em casa em detrimento das idas ao restaurante. Segundo a Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP), o sector deverá ter registado uma quebra de 30,35%.

Em 2008, cada família gastou, em média, 1942 euros em produtos de grande consumo - o que representa um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior, apontam os dados da TNS. Fazendo as contas, cada lar português gastou, em média, por mês 162 euros em compras.

O peso dos produtos de grande consumo - como alimentação, drogaria ou higiene - no total das compras também cresceu. Em 2007 era de 69,5% e em 2008 passou para 72,6%. Dentro destes artigos, registou-se uma subida nas compras com a alimentação - o peso dos produtos frescos passou de 38,4% para 40,6% e o dos não frescos subiu de 21,2% para 22,7%. Pelo contrário, o peso dos artigos de drogaria e higiene diminuiu: de 3,6% para 3,4% no primeiro caso e de 6,3% para 6% no segundo.

Mais compras, menos euros

Em 2008 houve mais nove milhões de cestas, ou seja, actos de compra. No entanto, o número de artigos comprados em cada ida ao supermercado diminuiu (menos 0,8%), bem como a evolução do gasto médio (menos 1,9%). Estes números mostram que os consumidores estão a fazer mais compras, mas de menor valor e menos produtos, o que pode significar que se deslocam a várias superfícies e compram o artigo no local onde é mais barato, tentando poupar.

A retracção dos portugueses no consumo é confirmada pela Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (Deco). "Com base na minha experiência, posso dizer que os portugueses estão a cortar em todos os itens. As pessoas vão almoçar e jantar fora menos vezes, por isso têm necessidade de fazer mais compras. Mas mesmo assim estão a cortar na alimentação e preocupam-se em comparar os preços", afirmou ao DN Natália Nunes, do gabinete de sobreendividamento da Deco.

"Convém não esquecer que em 2008 os portugueses foram confrontados com a subida das prestações das casas, devido à Euribor, e tiveram de fazer cortes. Por exemplo, as pessoas utilizam cada vez mais o cartão de crédito nas compras do supermercado", conclui a jurista.
D.N. - 20.02.09

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