2008 terminou com uma taxa inferior à de 2007, mas nãoé essa a tendência actual. A falta de trabalho agravou-seno final do ano passado e 2009 deverá ser ainda pior
No final de 2008, mais de meio milhão de pessoas queria trabalhar, mas não tinha colocação no mercado de trabalho. É o que se chama de desemprego real, maior do que o oficial esta terça-feira divulgado, de 7,8%.
O global do ano de 2008 fechou com 427,1 mil pessoas desempregadas, o que dá uma taxa de 7,6%, menor do que em 2007, mas a média anual esconde a evolução ao longo dos meses. É que se no Verão o desemprego baixou, os meses de Outono e Inverno viram-no subir. E o último trimestre do ano terminou com 437,6 mil desempregados, uma taxa de 7,8%.
A estas pessoas, podem somar-se outras 70,5 mil que o Instituto Nacional de Estatística classifica como "desencorajados disponíveis", ou seja, disponíveis para trabalhar mas que, por alguma razão, não fizeram diligências para isso nos três meses anteriores ao inquérito - um requisito obrigatório para que as estatísticas oficiais considerem haver desemprego.
Havia, mesmo, quase 29 mil pessoas que queriam trabalhar mas nem procuravam trabalho porque pensavam não ter a idade e instrução ajustadas, ou porque diziam não saber como procurar, não valer a pena ou, porque, simplesmente, acreditavam que não teriam lugar no mercado de trabalho. No total, entre Outubro e Dezembro do ano passado, já em plena crise, eram mais de 500 mil as pessoas que queriam trabalhar, mas não tinham emprego.
Nos últimos três meses do ano, adianta ainda o INE, podiam contar-se 66 mil outras pessoas que queriam trabalhar a tempo inteiro, mas que só conseguiam encontrar emprego a tempo parcial, o chamado "part time".
Estes números mostram um outro lado do mercado de trabalho português, mas as estatísticas oficiais vão dizer que 2008 fechou com ainda menos desemprego do que o ano anterior - 7,6%, contra 8% em 2007.
A evolução deixou o primeiro-ministro, José Sócrates, optimista. "Estes números são melhores do que se esperava" e "dão mais estímulo, força e energia para prosseguir a luta para melhorar as condições de emprego", disse, no final de uma visita às obras da Barragem do Sabor, em Bragança. Apesar disso, reconheceu: "Vamos ter muitas dificuldades este ano com a questão do emprego".
Na média de 2008, o país foi criando mais postos de trabalho, de todos os tipos de contrato. Mas olhando apenas para a recta final do ano, vê-se que baixou o número de contratados a prazo, o que vem confirmar que estes trabalhadores são os mais susceptíveis de irem parar ao desemprego em alturas de crise.
O mesmo acontece com os trabalhadores classificados pelo INE como "por conta própria" mas que, por norma, são "falsos recibos verdes". Se nos primeiros meses do ano havia mais pessoas nestas circunstâncias, já o número diminuía no último trimestre. Também a quantidade de trabalhadores em "part time" caiu.
A média nacional esconde um outro factor: o país não reage todo da mesma forma. No último trimestre, o Norte foi a única região onde o desemprego desceu, apesar de ainda ser maior do que a média nacional: 8,7%, no último trimestre. Já o Centro se manteve igual face ao terceiro trimestre (mas acima do registado na primeira metade do ano).
Em todas as outras regiões, o desemprego subiu face ao terceiro trimestre, com o Alentejo a chegar a 10%.
J. N. - Alexandra Figueira - 18.02.09
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