Com uma taxa de desemprego de 7,8% no 4.º trimestre, o valor de 2008 ficou em 7,6%, abaixo das previsões do Governo. A estabilização homóloga esconde, contudo, disparidades. Entre os jovens e os precários, o desemprego cresce mais
Peso de contratos mais precários baixou
A taxa de desemprego entre os jovens atingiu os 18% no último trimestre do ano passado, o segundo valor mais elevado desde, pelo menos, 1998, revela a série do Instituto Nacional de Estatística (INE). A taxa relativa aos trabalhadores de entre 15 e 24 anos sofreu um aumento significativo tanto em termos homólogos (1,2 pontos percentuais) como em cadeia (0,9 pontos), aproximando-se do máximo histórico registado no início de 2007 (18,1%). Paralelamente, verificou-se uma quebra nos contratos mais precários.
A informação ontem publicada revela que no quarto trimestre de 2008 a taxa de desemprego se situou nos 7,8%, um valor idêntico ao registado em período homólogo e uma décima acima do que foi registado no trimestre anterior. A taxa de desemprego média em 2008 foi, por isso, de 7,6%, o menor valor dos últimos três anos. Uma proporção que ficou abaixo das previsões do Governo e da maioria dos economistas.
Os dados revelam, contudo, que este foi o segundo trimestre consecutivo de destruição de emprego, tanto em termos homólogos (-11,9 mil empregos) como trimestrais (-19,5 mil).
"Não vale a pena ter ilusões", comenta Pedro Adão e Silva, investigador que estudou o mercado de trabalho português. "Ainda bem que os números são baixos, mas é apenas uma questão de desfasamento. Com o comportamento do PIB no último trimestre é inevitável que os primeiros meses de 2009 sejam necessariamente maus", acrescenta, em declarações ao DN. Opinião idêntica tem Paula Carvalho, economista do BPI, que sublinha que a destruição de emprego é "o primeiro indício da inversão da tendência no mercado de trabalho".
Os dados mostram que foi precisamente a faixa etária dos 15 aos 24 anos a mais atingida pela quebra no emprego. No espaço de um ano perderam-se 18 mil empregos jovens.
Os economistas referem que a evolução pode estar relacionada com a destruição de vínculos precários. Uma tese que os dados relativos aos empregados por conta de outrem parecem confirmar. Os contratos sem termo subiram de forma inequívoca, enquanto os contratos a prazo caíram na comparação em cadeia. Mas foi no segmento relativo a "outros" tipos de contrato que a quebra foi maior: 12,9% em termos homólogos e 6,8% em cadeia. Ao DN, o INE esclarece que a categoria se refere a "contratos de prestação de serviços (recibos verdes)", "trabalho sazonal sem contrato escrito" e "situações trabalho pontuais ou ocasionais (biscates)". Há 160 mil trabalhadores por conta de outrem nesta situação, menos 24 mil do que há um ano.
Criação de emprego?
No último trimestre do ano passado, havia menos 1900 desempregados do que há um ano, mas mais 3900 do que no trimestre anterior. O número ascende agora a 437,6 mil, mais 25 mil do que no início da legislatura.
Já a meta de criação de 150 mil postos de trabalho está cada vez mais distante. Desde o primeiro trimestre de 2005 - tido como referência pelo Governo - foram criados 80 mil empregos.
D. N. - Catarina Almeida Pereira - 18.02.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
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