O Governo prevê mais 45 mil desempregados este ano, mas nos primeiros dois meses a subida excedeu a estimativa. É que o mercado não resolve todas as novas situações de desemprego: em Fevereiro, o IEFP registou 60 mil inscrições, o maior aumento desde 1993
A subida do desemprego está a ser extremamente rápida: o ano de 2008 fechou com 416 mil desempregados. Em Fevereiro, mostram dados ontem divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número é já superior a 469 mil. Esta evolução - de mais 53 mil pessoas em dois meses - é inédita e supera a previsão do
Governo para o ano inteiro
Os últimos meses explicam, por isso, grande parte da subida anual de 70 mil desempregados. Em termos homólogos o crescimento foi de 17,7%, o maior em cinco anos. Estes dados traduzem o número oficial de desempregados, ou seja, as pessoas que, no final do mês, permanecem nesta situação.
A subida deste valor era expectável tendo em conta a corrida aos centros de emprego, que se acentuou desde o final do ano passado. Uma instabilidade traduzida por um outro indicador do IEFP: em Fevereiro, foram mais de 60 mil as pessoas que, a determinada altura do mês, se inscreveram nos centros de emprego. Um valor que representa um aumento homólogo de 37% - o maior em 15 anos - mas um recuo de 13,9% face ao mês anterior. É que Janeiro foi o segundo pior mês em 30 anos, com mais de 70 mil inscrições.
Poucos dias depois de rever em alta a previsão para a taxa de desemprego, para 8,5%este ano, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, revelou que esta projecção tem implícito um acréscimo de 45 mil desempregados. A meta ainda pode ser alcançada - desde que uma economia em recessão tenha capacidade para inverter a tendência de forte crescimento do desemprego.
O Governo acredita que sim. Reconhecendo que este é um ano"reconhecidamente difícil" , o secretário de Estado do Emprego, Fernando Medina, disse à agência Lusa que espera uma recuperação a partir do " aumento da actividade de carácter sazonal associado ao Verão" e da "execução plena das medidas"do Governo.
Despedimentos crescem 69%
Em Janeiro e Fevereiro, 31 mil pessoas foram despedidas em processos unilaterais ou por mútuo acordo, mostram os dados ontem divulgados. No ano passado, por esta altura, o número de casos rondava os 18 300. É, por isso, um aumento acumulado de 69%.
Os despedimentos estão a ganhar terreno - em Fevereiro justificaram 20% das novas inscrições - mas o fim de trabalho não permanente continua a ser a principal causa de desemprego, com 22 mil situações em Fevereiro e 48 mil desde o início do ano.
D.N. - 24.03.09
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