O director artístico do Teatro Aberto, João Lourenço, acusa o Governo de ter desencadeado a crise na Cultura que "necessariamente se reflectirá no teatro", disse hoje à Lusa, na véspera do Dia Mundial do Teatro.
"Parece que a Cultura é coisa que não interessa a este Governo, porque sempre se tentou que fosse um por cento do orçamento de Estado [para a Cultura] e com esta legislatura já passou para 0,4 por cento", frisou.
Segundo o director do Teatro Aberto, "nunca houve nenhum Governo em que o dinheiro para a Cultura fosse tão pouco - e isso quer dizer alguma coisa". "Claro que isso afasta mais as pessoas, que ficam só entregues à anti-cultura que a televisão faz", comentou.
No Teatro Aberto, a crise na afluência de público ainda não se sentiu, mas isso sucederá, inevitavelmente", observou.
Quanto ao tipo de público dominante nos espectáculos do Teatro Aberto, em Lisboa, João Lourenço indicou que foram feitos alguns inquéritos "para conhecer um pouco o público" que o visita e a conclusão foi que "é um público transversal", cuja faixa etária oscila consoante as peças, mas que se situa, em média, acima dos 30 anos.
Inquirido sobre a razão de haver tão pouco teatro português nos teatros portugueses, o encenador disse que tal "é um problema de qualidade" e se deve também ao facto de o público "dar menos importância aos textos portugueses contemporâneos", mesmo quando uma peça de um autor português é apresentada em estreia mundial.
"Geralmente, fazemos uma peça portuguesa por ano, porque nós [Teatro Aberto] e a Sociedade Portuguesa de Autores temos um concurso chamado 'Grande Prémio do Teatro Português', que além do aspecto monetário, envolve também a sua representação", sublinhou.
João Lourenço considera que "devia haver mais atenção em relação ao teatro português, aos textos portugueses contemporâneos, mas isso prende-se com uma maior atenção sobre a Cultura, o que tem que ver com o que se está a passar neste país: cada vez se fala menos em Cultura".
Público.pt - 26.03.09
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