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27/03/2009

Trabalhadores avançam em negociação com a Petrobras

Greve nacional entra em seu quarto dia. Reunião entre petroleiros e a administração da empresa, iniciada ontem, continua nesta quinta-feira(26).

Dirigentes dos petroleiros e representantes da Petrobras retomam, nesta quinta-feira(26), negociações sobre o fim da greve nacional, iniciada na última segunda-feira (23).

A reunião entre os trabalhadores e a Petrobras teve início ontem (25), porém por falta de acordo em alguns itens da proposta apresentada pelo departamento de recursos humanos da empresa, não foi concluída.

“O RH apresentou uma proposta, mas nós queremos que ele tire alguns pontos: o desconto dos dias parados, a punição aos excessos durante a greve e os interditos proibitórios que foram colocados antes da greve”, afirmou Emanuel Cancella, secretário-geral do Sindipetro-RJ, que participa da mesa de negociação.

Cancella conta que alguns itens da reivindicação dos petroleiros foram contemplados na proposta da empresa, como é o caso do valor da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e a extensão do pagamento do benefício às três empresas contratadas pela Petrobrás que antes não o receberiam. “Na proposta não oficial, o piso é de 17 mil para a PLR, sendo que 2 mil é de abono. Ou seja, o trabalhador da base da pirâmide vai receber 17 mil. O teto é de até mais 2,5% sobre esse valor”, relata.

Sobre os pontos ainda divergentes, o sindicalista diz que a Petrobras quer marcar o pagamento integral da PLR para o dia 2 de maio, data que deve ser posterior à realização da Assembléia dos Acionistas da Petrobras. No entanto, os petroleiros querem que o condicionamento à realização da Assembléia seja retirada da proposta. “Nós estamos pedindo para que retirem a condição da Assembléia, porque se ela não acontecer os trabalhadores não vão receber”, explica Cancella.

O sindicalista espera que as negociações continuem avançando nesta quinta-feira (26), e que haja o acordo com a empresa em todos os itens da pauta de reivindicação dos petroleiros. “A nossa avaliação é que se a Petrobras formalizar essa proposta, os trabalhadores suspendam a greve”, opina.

Contudo, Cancella ressalta que a proposta será submetida às assembleias se a empresa atender a todas as reivindicações, inclusive na mudança dos pontos divergentes da proposta não-oficial apresentada até o momento. “É claro que nós não vamos apresentar a proposta se a empresa não tirar essas condicionantes. Se retirar, vamos submeter às assembleias e a greve deverá ser suspensa”, esclarece.

Balanço

A greve nacional dos petroleiros, que entra em seu quarto dia hoje e tem adesão recorde, segundo Cancella. “Esta é uma das greves mais fortes que a gente já fez, está em todas as áreas da Petrobras, mesmo em alguns setores administrativos que não costumam aderir às greves", relata.

De acordo com nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a greve conta com “adesão total nas unidades operacionais” da empresa. A FUP informa que a Petrobras colocou equipes de contingência na maioria das refinarias, terminais, plataformas marítimas e campos de produção terrestre. O que, segundo a FUP, aumenta os riscos de acidentes devido ao despreparo destas equipes, formadas por gerentes, coordenadores e supervisores da empresa que não “têm capacidade de operarem as unidades”.

Cancella avalia de forma negativa o modo como a estatal está lidando com o movimento grevista. “[A Petrobras] está realizando umas ações muito radicais. Na Bacia de Campos cortaram os telefones, o contato entre as plataformas e a Internet”, conta o sindicalista que explica que nas greves é de costume dos trabalhadores manterem comunicação entre as plataformas sobre o encaminhamento das ações.

brasildefato.com.br - 26.03.09

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