O índice de confiança dos empresários alemães caiu em Março para um valor mínimo em mais de 26 anos, fixando-se em 82,1 pontos, contra 82,6 pontos em Fevereiro, anunciou hoje o instituto de conjuntura IFO.
Este valor é o mais baixo desde Novembro de 1982 para este índice elaborado pelo IFO com base num inquérito mensal junto de sete mil gestores de topo.
Os economistas consultados pela agência noticiosa Bloomberg apontavam para uma leitura nos 82,2 pontos.
O recuo de Março decorre de uma queda do subíndice de avaliação da situação actual, que desceu para 82,7 pontos, contra 84,3 pontos no mês anterior, enquanto o outro subíndice que mede as expectativas subiu, pelo terceiro mês consecutivo mês, para 81,6 pontos (contra 80,9 pontos no mês anterior).
Em declarações à agência Bloomberg, o economista chefe do IFO, Gernot Nerb, disse ser "cedo demais" para que as medidas tomadas pelo governo tenham tido um impacto na economia.
Gernot Nerb apelou também ao Banco Central Europeu para que continue a adoptar uma política monetária agressiva, propondo um corte de um ponto percentual da sua principal taxa directora, actualmente em 1,5 por cento, na próxima reunião do conselho de governadores marcada para 2 de Abril.
A degradação deste indicador de confiança IFO deve ser lido com especial preocupação pelas autoridades portuguesas, já que há em Portugal centenas de empresas de capital alemão que exportam grande parte, senão mesmo a sua totalidade, da produção para a Alemanha. E sem confiança dos agentes económicos alemães, as encomendas a Portugal tendem a baixar, com reflexos relevantes nas exportações nacionais.
A Alemanha atravessa uma recessão acentuada da sua economia, havendo quem antecipe um recuo da riqueza não longe dos cinco por cento este ano. A crise internacional, a apreciação do euro contra o dólar, a queda generalizada das exportações alemãs, a baixa confiança dos consumidores e a contenção das despesas das famílias são tudo ingredientes que acentuam ainda mais o empobrecimento do país, com repercussões na zona euro e na União Europeia.
A Qimonda e a Autoeuropa são dois exemplos de capitais germânicos que atravessam um período de redução das exportações. Em situação de insolvência, a Qimonda de Vila do Conde irá parar a produção durante as duas semanas da Páscoa, face aos problemas sentidos na compra de matéria-prima pela casa-mãe.
A Autoeuropa vive uma fase de queda das vendas, tendo em conta a retracção das despesas dos consumidores, em particular em bens duradouros.
Público.pt - 25.03.09
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