Antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) e seus familiares decidiram hoje manifestar-se contra a forma como está a decorrer o programa de saúde e para exigir indemnizações relativas àqueles que faleceram.
O presidente da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio, António Minhoto, disse à agência Lusa que, em Assembleia Geral, foi marcada para dia 16, em Viseu, "uma jornada de luta" junto à Segurança Social e ao Governo Civil.
"Vamos entregar uma moção, aprovada por unanimidade, contra a forma como estão a decorrer os exames médicos", explicou, aludindo à segunda fase do Programa de Intervenção de Saúde (PIS).
Desde junho de 2010 que a lei prevê que o PIS - numa primeira fase, iniciada em novembro de 2007, destinado apenas aos antigos trabalhadores da ENU -- fosse alargado também aos seus familiares diretos.
No entanto, segundo António Minhoto, "o programa não está a ser aplicado em todas as zonas do país onde residem beneficiários", havendo "casos em que os centros de saúde não o conhecem".
Por outro lado, acrescentou, as marcações por telefone "nem sempre estão disponíveis", o que desmotiva as pessoas.
"Desde junho de 2010 até hoje pouco mais de 18 familiares foram analisados pelo hospital de Viseu", lamentou.
Segundo António Minhoto, nuns casos as pessoas ficam vários meses à espera desde a consulta prévia com o seu médico de família até serem chamadas pelo hospital, noutros "ficam mesmo em lista de espera para terem a consulta com o médico de família".
Frisou ser também necessário que os antigos trabalhadores realizem novos exames para serem reavaliados, "como prometeu a comissão do PIS, dizendo que os mesmos se iniciariam em março de 2011".
Numa segunda moção também hoje aprovada em Assembleia Geral é lembrado que "continuam a falecer ex-trabalhadores da ENU devido a neoplasias malignas, ao ritmo de um por mês, o que já ultrapassa mais de 150 trabalhadores falecidos".
Neste âmbito, a jornada de luta em Viseu vai servir também para retomar a antiga reivindicação do pagamento de indemnizações aos familiares dos trabalhadores que morreram vítimas de doenças relacionadas com a exposição à radioatividade.
"As viúvas vão estar presentes com as certidões de óbito, para provar a morte dos seus maridos", avançou António Minhoto.
O responsável disse ainda que, nas eleições de 05 de junho, os antigos trabalhadores e seus familiares só votarão nos partidos que se comprometerem a apresentar na Assembleia da República um projeto de lei relativo a esta exigência.
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