Margarida Peixoto
Preços continuam a subir e penalizam ainda mais a evolução dos salários.
Os consumidores arriscam-se a sofrer a maior perda de poder de compra dos últimos 27 anos. A escalada dos preços - confirmada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) - promete desvalorizar os salários médios de toda a economia, mas os funcionários públicos estarão entre os principais afectados.
Pelo segundo mês consecutivo, os preços voltaram a subir em Abril. De acordo com os números divulgados ontem pelo INE, a inflação acelerou para 4,1%, quando comparada com o mesmo mês do ano passado. Aplicando este aumento de preços à previsão mais recente da Comissão Europeia para a evolução dos salários (-1,3%), verifica-se que este ano os consumidores podem esperar uma perda de poder de compra real na ordem dos 5,4%. A desvalorização das remunerações será a mais agressiva desde 1984, exactamente o ano que se seguiu à última intervenção do FMI no país, e em que se registou uma perda de poder de compra de 9,2%.
Mas para os funcionários públicos o cenário será ainda mais negro. Ao corte médio de 5% aplicado aos seus salários, há que juntar os 4,1% engolidos pelo aumento dos preços. Contas feitas, a desvalorização é de 9,1%, praticamente o mesmo do verificado há quase três décadas.
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