À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

10/05/2011

Aposentações na função pública serão quase 11 mil até final do primeiro semestre

João d´Espiney 

O número de funcionários públicos que se vai aposentar até ao final do primeiro semestre deste ano ascende aos 10.876, o que traduz um aumento de 1954 (21,9 por cento) em relação aos primeiros seis meses de 2010, de acordo com a análise do PÚBLICO às listas da Caixa Geral de Aposentações (CGA), incluindo já a de Junho, ontem publicada em Diário da República.
O ministério que mais contribuiu para este crescimento - cerca de um terço - foi o da Saúde. Até Junho, o ministério ainda liderado por Ana Jorge vai perder 1863 funcionários, ou seja, mais 656 (54,3 por cento) do que em igual período do ano passado. Só médicos vão sair mais 474, o que representa mais do dobro (103,8 por cento) dos clínicos que se reformaram (232) no primeiro semestre de 2010. Por outro lado, este número já não está muito longe dos 570 médicos que se aposentaram em todo o ano de 2010.

Segundo o Sindicato Independente dos Médicos (SNS), dos 53 clínicos que se vão reformar só no mês de Junho "28 são médicos de família, na sua esmagadora maioria chefes de serviço e assistentes graduados, que deixam de transmitir a sua experiência e de contribuir para a formação dos colegas mais novos". "Contas por baixo são mais 32.000 os utentes que ficam sem médico de família", salienta o SIM, lembrando que ainda "estão por colocar mais de 100 médicos especialistas de medicina geral e familiar". Apesar da ministra Ana Jorge ter já autorizado mais de 160 pedidos de médicos para se manterem em funções no SNS e de em 2010 terem começado a trabalhar nos centros de saúde cerca de 200 novos médicos de família, o saldo entre as entradas e saídas continua bastante negativo. De tal maneira é assim que o ministério se viu obrigado recentemente a contratar médicos colombianos e cubanos para tentar colmatar algumas carências.

Menos professores

A lista de aposentações continua a ser liderada pelo Ministério da Educação. No final dos primeiros seis meses de 2011, o número de saídas atinge os 1969, o que até significa uma diminuição de 86 funcionários face ao primeiro semestre de 2010. Só ao nível de professores do ensino básico e secundário a pesquisa permitiu concluir que se vão reformar mais 1244 docentes no período em análise, ou seja, menos 434 do que nos primeiros seis meses do ano passado. A Federação Nacional de Professores (Fenprof) já afirmou, porém, que apesar de haver uma ligeira quebra de pedidos de aposentação nos primeiros meses de 2011, o número vai voltar a subir depois do fim do ano lectivo. Em 2010, acabaram por se aposentar 3765 professores. Esta deverá ser, aliás, a tendência a nível global. No final do primeiro semestre de 2010, as aposentações situavam-se ligeiramente abaixo das nove mil, mas o número de saídas no final do ano acabou por ser mais do dobro: 22.125.

O Ambiente, que inclui os trabalhadores das autarquias, foi o ministério com o segundo aumento mais expressivo. Os 1751 funcionários que vão para a reforma até Junho de 2011 representam um acréscimo de 380 (27,7 por cento) face ao número registado no primeiro semestre de 2010. A terceira subida mais expressiva verificou-se na Armada. Nos primeiros seis meses de 2010 este ramo das Forças Armadas vai perder 218 efectivos, ou seja, mais 133 do que em igual período do ano passado. No Exército, e apesar do crescimento não ser tão acentuado (32), continua a ser o ramo com mais aposentações: 229. A Força Aérea vai ficar com menos 85 efectivos no final de Junho deste ano, mais 51 em comparação com os primeiros seis meses do ano passado. Nas forças de segurança, o destaque vai para a GNR, que no final do primeiro semestre vai perder 594 trabalhadores (mais 104 do que no período homólogo de 2010). Na PSP, o número de saídas vai atingir os 229 efectivos (mais 44).

http://www.publico.pt/Sociedade/aposentacoes-na-funcao-publica-serao-quase-11-mil-ate-final-do-primeiro-semestre_1493472

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails