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11/05/2011

Previsão da ONU: Portugal vai perder 4 milhões de pessoas até 2100

Duarte Ladeiras

A população residente em Portugal vai cair de quase 10,7 milhões de pessoas, no ano passado, para menos de 6,8 milhões em 2100, segundo previsões da ONU publicadas hoje. O país já deixou de conseguir substituir as gerações anteriores em todas as regiões.
A previsão elaborada pelas Nações Unidas diz que nem sequer a entrada de imigrantes e o aumento da esperança de vida vão compensar o envelhecimento e o recuo populacional português, que ameaçam a sustentabilidade económica.
Segundo o relatório "World Population Prospects: The 2010 Revision", publicado hoje pelas Nações Unidas, a população portuguesa registará um pico em 2015, com 10.702.000 de pessoas. A partir daí irá começar um recuo, muito pronunciado a meio do século. Entre 2045 e 2075, a ONU prevê mesmo que Portugal perca a cada cinco anos entre 58 e 72 mil pessoas, até chegar às 6.754.000 em 2100.
As previsões já se estão a concretizar em muitos concelhos do país. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 158 municípios perderam população na última década. E isto também se aplica a algumas das principais cidades portuguesas. "Ao longo da última década, constata-se que nos centros metropolitanos de Lisboa e do Porto, a densidade populacional reduziu-se, tendo-se passado o inverso na generalidade dos municípios circundantes. Além deste fenómeno metropolitano, é visível um reforço da densidade populacional no Litoral continental e uma diminuição no Interior. Também nas regiões autónomas, se observou uma diminuição da densidade populacional em Ponta Delgada e, sobretudo, no Funchal, e um aumento nos municípios limítrofes", diz o INE num relatório de Abril publicado ontem.
Menos filhos, jovens e imigrantes e mais idosos
Segundo as Nações Unidas, a fertilidade em Portugal irá cair para menos de oito nascimentos anuais por cada mil habitantes já na próxima década, taxa que só voltará a subir no final do século, até aos 10,3 nascimentos. Isto apesar de se prever que o número de crianças por cada mulher (taxa de fecundidade) aumente a partir de 2025.
Quanto a esta taxa, os maiores problemas registam-se na actualidade e nas próximas décadas, ao ponto de o INE considerar que, sem imigração, já não conseguimos substituir as gerações dos pais: "No espaço de aproximadamente 50 anos, o índice sintético de fecundidade em Portugal passou de 3,1 (em 1960) para 1,3 (em 2009), registando-se uma redução em mais de metade do número médio de filhos por mulher em idade fértil. Ao nível regional e considerando o índice sintético de fecundidade em 2000 e em 2009, verifica-se que o indicador se manteve abaixo do limiar que assegura a substituição das gerações em todas as regiões do país".
Outra explicação para queda populacional pronunciada a meio do século é o número de mortes, cuja taxa chegará mesmo às 17,1 mortes por cada mil habitantes, superior taxa à actual, que é de 10,1. Nem sequer o aumento sucessivo da esperança de vida, até aos 87,7 anos em 2100, conseguirá travar a queda populacional, diz a ONU.
Esta perda também não será compensada pela imigração. A onda de imigrantes registada a partir de 1990, que fez com que pela primeira vez Portugal registasse um saldo positivo entre imigrantes e emigrantes, vai cair para metade ainda nesta década e para quase zero a partir do meio do século.
Outra questão levantada pelo relatório da ONU é a sustentabilidade da economia portuguesa, em particular da Segurança Social. A percentagem de pessoas com 65 ou mais anos de idade, a esmagadora maioria dependente de pensões, vai 'explodir' dos 17,9% no ano passado para os 34,3% em 2050. O número de pessoas com mais de 80 mais do que triplica (de 4,6% para mais de 14%). Paralelamente, a percentagem de jovens será menor. Por volta de 2025, as crianças até quatro anos de idade vão representar menos de 4% da população, o que terá um reflexo a meio do século na faixa etária entre 15 e 24 anos.
A sustentar este cenário negro está o índice de dependência, que agrupa a percentagem de pessoas fora da vida activa (menores de idade e pessoas acima dos 65 anos) em relação aos que estão em idade de trabalhar: se actualmente é de 49%, esta taxa de dependência vai disparar para cerca de 90% a meio do século, devido ao elevado número de idosos.
"O índice de envelhecimento tem aumentado de forma persistente ao nível nacional: em 2000, residiam no país 102,2 idosos por 100 jovens; em 2009 este índice era de 117,6", acrescenta o INE no seu relatório "A expressão territorial dos destinos turísticos, da sustentabilidade demográfica e da produção industrial - 2009".
CLIQUE AQUIpara pesquisar os detalhes das previsões da ONU para Portugal.
CLIQUE AQUIpara ver o relatório do INE.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1849352&page=-1

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