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09/05/2011

FENPROF teme privatização da escola pública


A Federação Nacional dos Professores encara sem surpresa, mas com preocupação as propostas do PSD para a Educação, temendo a privatização do ensino, com o princípio da liberdade de escolha da escola, defendida pela direita e privados.
"A chamada liberdade de escolha efetivamente o que esconde por detrás é um caminho de privatização da escola pública. Obviamente que ficamos preocupados, quase somos levados a dizer que aquilo que pode estar na calha no caso de o PSD vir a ganhar as eleições não é melhor do que aquilo que está, nalguns aspetos pode até ser pior", disse hoje à agência Lusa o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira.
Para o dirigente sindical, os pontos essenciais do programa social-democrata para a Educação "estão longe de deixar descansados" os professores: "Nem sequer se considera uma alternativa positiva".
No programa eleitoral que apresentou no domingo, o PSD promete desenvolver iniciativas de liberdade de escolha para as famílias em relação à oferta de escola disponível, independentemente de ser pública ou privada.
A federação receia também que a gestão das escolas venha a ser profissionalizada numa lógica empresarial.
"Recordo que o modelo que se conhecia de gestão do PSD era muito próximo do que hoje existe, só que admitindo até que os diretores das escolas não fossem professores, fossem puro e duro gestores", afirmou Nogueira.
No programa, o PSD propõe uma nova carreira profissionalizada de diretor escolar, que permita "atrair, selecionar, desenvolver e manter os perfis de talento e de competências adequadas às novas necessidades de liderança e gestão dos agrupamentos de escolas".
O líder da maior organização de professores avisa: "uma organização pedagógica não é propriamente uma empresa, os resultados têm a ver com os próprios contextos. Não se pode avançar para modelos de gestão com gestores como se as escolas fossem empresas porque não são. Trabalham com crianças e com jovens e é nessa perspetiva que a escola se deve organizar".
Sobre a avaliação de desempenho docente, Mário Nogueira diz que não basta ao PSD anunciar que vai apresentar um modelo no início da legislatura. Os professores querem saber antes de votar quais serão as orientações, nomeadamente se mantém o sistema de quotas para as melhores notas.
"Aquilo que é dito pelo PSD ao nível da organização das escolas, da Educação, está longe de nos deixar descansados, pelo contrário, preocupa-nos porque são discursos que retomam velhas propostas contra as quais os professores já lutaram", recordou.
Mário Nogueira considera também que não faz sentido aproveitar as provas de aferição para avaliar os alunos como se de um exame se tratasse.
"Aqui o que tem de ser decidido é se querem fazer uma aferição daquilo que são as aprendizagens dos alunos ou se querem fazer exames", disse.
"Se querem fazer uma prova de aferição e depois as notas contarem isso não é uma prova de aferição. Diga-se que, de facto, é um exame porque as provas de aferição devem ter, como noutros países a intenção de aferir, de verificar", acrescentou.
O PSD defende, no documento, que deve ser generalizada a avaliação nacional no final de ciclo: testes nacionais com incidência na avaliação final para o 4.º e 6.º anos, por conversão das atuais provas de aferição, e exames nacionais para o 9.º, 11.º e 12.º, já existentes, mas com revisão do peso na avaliação final.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1847755&page=-1

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